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QUATRO POETAS PERNAMBUCANOS NASCIDOS EM JUNHO

 

Postado por DCP I em 19/06/2023

 

Por Natanael Lima Jr.*








Fotos: Reprodução I Arte: DCP






O Domingo com Poesia – DCP reúne quatro poetas pernambucanos nascidos neste mês de junho, e para celebrarmos este especial “encontro”, também selecionamos quatro poemas que marcaram as suas produções. Viva a literatura pernambucana!

 

Celina de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, conhecida por Celina de Holanda, nasceu no Engenho Ypiranga, no Cabo de Santo Agostinho/PE, em 19 de junho de 1915. Foi jornalista e poeta. Publicou os seus primeiros poemas no Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco. Participou da criação em 1979 das Edições Pirata, juntamente com Jaci Bezerra e Alberto da Cunha Melo. Lançou o primeiro livro “A mão extrema”, aos 55 anos. Reconhecida nacionalmente pela sua refinada poesia, na sua terra ela é patronesse da Academia Cabense de Letras – ACL; Edmir Domingues foi um destacado poeta pernambucano, nasceu no Recife, em 8 de junho de 1927. Em 1950, concluiu o curso de bacharelado, começou a advogar, o que fez até pouco antes de sua morte, em 1 de abril de 2001. Publicou os livros: A Rua do Vento NorteRecife: Editorial Sagitário, 1952; Corcel de espumaRio de Janeiro: José Olympio Editora, 1960; Cidade Submersa e outros poemas. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1972; O domador de palavras. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro Ltda, 1987; Universo Fechado ou O Construtor de Catedrais. Recife: Edições Bagaço, 1996; Lusbelino. Recife: Edições Bagaço, 1996; Audálio Alves foi advogado e poeta, nasceu em 2 de junho de 1930, no município de Pesqueira, interior de Pernambuco. Pertenceu a “Geração de 50”. Lançou o seu primeiro livro de poemas “Caminhos do Silêncio” (1954). O seu livro, “Canto Agrário”, foi considerado pela crítica especializada, como um dos melhores livros do ano de 1962. Foi membro da Academia Pernambucana de Letras. Segundo o poeta Joaquim Cardozo, “Os versos de Audálio Alves são dominados por um intimismo onde as palavras ganham um halo de júbilo e felicidade”; Myriam Brindeiro, poeta, escritora e compositora. Membro da Academia Pernambuco de Música e da União Brasileira de Escritores, nasceu no Recife em 26 de junho de 1937. Foi uma importante liderança da criação da Edições Pirata (1979 – 1983). Publicou os livros: Clave provisória (1979 / 1983, poesias e partituras); Coceira no ouvido (1982); Cisco no olho (1983); Caixinha com os dois livros (2003); Capelinha de melão (1993). 






QUATRO POEMAS DE CELINA DE HOLANDA, EDMIR DOMINGUES, AUDÁLIO ALVES E MYRIAM BRINDEIRO






O POETA VAI À LUTA

Celina de Holanda

 

Quando a palavra é muito pouco

Para o amigo

E minhas mãos estão vazias,

Sua urgência dói

Como nervo exposto ao frio,

A dor, esticando o fio,

No espanto de vê-lo erguer-se

Silencioso e partir

Com sua lança tão frágil

Vergando na ventania.


 

 

DÍSTICO PARA AS PORTAS DO RECIFE

Edmir Domingues

 

 

A quem vem se diga:

percorra a cidade

como quem afaga

o corpo despido

da mulher amada.

Que o faça pois com

carinho e cuidado.

 

 

 

O RENEGADO

Audálio Alves

 

 

Depois do sacrifício de ser

— e ser por tantos anos —,

então esqueço meu nome

e vou levando quem fui:

 

suspendo sobre meus passos

a dimensão do cadáver.

 

Com ele

prossigo:

será que devo acordá-lo

e deixar que reclame

seu lugar no trânsito?

 

 

 

VOO SIDERAL

Myriam Brindeiro

 

 

Eu quero ir vivendo à toa

Sem fazer esforço, sem me preocupar

Eu quero flutuar na vida

Como um astronauta, sem nada pesar

Eu quero ficar sempre leve

Coração aberto, alma de algodão

Eu quero rebolar no espaço

Sem preocupação

 

Eu quero ser como um foguete

Que sobe direto, vai logo ao seu fim

Eu quero chegar lá na Lua

Comer um pedaço do seu alfenim

Montar na cauda de um cometa

Correr nos espaços, livre, sem ninguém

Olhar de longe a terra, tirar fino

Nesse vai e vem.

 

Buscar todos os amigos para dar um giro

E juntos, ver e acreditar

Que a vida de longe é bela

Que vale a pena parar e pensar

Sonhar e ver que é possível

Sempre que se queira, um cometa tomar

Montar na sua grande cauda

E flutuar, voar, voar, voar.

 

 

*Poema do CD Myriam Brindeiro canta Myriam Brindeiro






*Natanael Lima Jr. é capricorniano, poeta, pedagogo, pesquisador, editor da Imagética Edições e do site Domingo com Poesia - DCP













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