OS 10 POETAS ESSENCIAIS DA LITERATURA PERNAMBUCANA
Publicado por DCP
em 24/01/2021
(Alberto da Cunha Melo, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Carlos Pena Filho, Jaci Bezerra, Celina de Holanda, Lucila Nogueira, César Leal, Joaquim Cardozo, Mauro Mota, Têreza Tenório, Maria de Lourdes Hortas, Marcus Accioly, Cida Pedrosa, Janice Japiassu e Miró)
Pedimos aos colaboradores,
poetas, escritores, professores e especialistas que listassem "Os 10 poetas essenciais
pernambucanos, vivos ou falecidos, nascidos ou radicados no estado. Alguns poetas obtiveram o mesmo número de citações, passando para 16 o total. Participaram
da enquete: Antonio Carlos Secchin (RJ),
Adriano Marcena (PE), Cida Pedrosa (PE), Diego Mendes Sousa (PI), Frederico
Spencer (PE), Jorge Lopes (PE), José Rodrigues de Paiva (PE), José Terra (PE), José
Luiz Melo (PE), Lourdes Nicácio (PE), Marcus Prado (PE), Maria de Lourdes
Hortas (PE), Neilton Lima (PE), Urariano Mota (PE), Vernaide Wanderley (PE),
Virgínia Leal (PE), Raimundo de Moraes (PE), Wellington Melo (PE) e Zuleide
Duarte (RN).
Os poetas mais citados pela ordem foram:
1) Alberto da Cunha Melo (17)*;
2) Manuel Bandeira (15);
3) João Cabral de Melo Neto (14);
4) Carlos Pena Filho (11);
5) Jaci Bezerra (10);
6) Celina de Holanda e Lucila Nogueira (9);
7) César Leal (8);
8) Joaquim Cardozo, Mauro Mota e Têreza Tenório (7);
9) Maria de Lourdes Hortas e Marcus Accioly (6);
10) Cida Pedrosa, Janice Japiassu e Miró (5).
Certamente que quase
todas as listas são sempre incompletas, complexas e idiossincráticas. Sabe-se
que, como a percepção, a opinião — que é a base de todas as listas —, é algo
individual. O resultado não pretende ser definitivo ou abrangente, corresponde
apenas à opinião dos participantes.
Na próxima postagem
continuaremos com a seleção de poemas dos poetas mais citados na enquete. Boa
leitura e até lá!
Natanael Lima
Jr.
Editor-fundador
do site
______________________________________________________________
*Total de vezes que o poeta foi
citado na enquete.
POEMAS DE ALBERTO DA CUNHA MELO, MANUEL BANDEIRA,
JOÃO CABRAL DE MELO NETO, CARLOS PENA FILHO E JACI BEZERRA
Canto dos
emigrantes
Alberto
da Cunha Melo - (1942 – 2007)
Com
seus pássaros
ou
a lembrança de seus pássaros,
com
seus filhos
ou
a lembrança de seus filhos,
com
seu povo
ou
a lembrança de seu povo,
todos
emigram.
De
urna quadra a outra
do
tempo,
de
uma praia a outra
do
Atlântico,
de
uma serra a outra
das
cordilheiras,
todos
emigram.
Para
o corpo de Berenice
ou
o coração de Wall Street,
para
o último templo
ou
a primeira dose de tóxico,
para
dentro de si
ou
para todos, para sempre
todos
emigram.
Consoada
Manuel
Bandeira – (1886 – 1968)
Quando
a indesejada das gentes chegar
(Não
sei se dura ou caroável),
talvez
eu tenha medo.
Talvez
sorria, ou diga:
—
Alô, iniludível!
O
meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A
noite com os seus sortilégios.)
Encontrará
lavrado o campo, a casa limpa,
A
mesa posta,
Com
cada coisa em seu lugar.
Tecendo a
manhã
João
Cabral de Melo Neto – (1920 – 1999)
Um
galo sozinho não tece uma manhã:
ele
precisará sempre de outros galos.
De
um que apanhe esse grito que ele
e
o lance a outro; de um outro galo
que
apanhe o grito de um galo antes
e
o lance a outro; e de outros galos
que
com muitos outros galos se cruzem
os
fios de sol de seus gritos de galo,
para
que a manhã, desde uma teia tênue,
se
vá tecendo, entre todos os galos.
E
se encorpando em tela, entre todos,
se
erguendo tenda, onde entrem todos,
se
entretendendo para todos, no toldo
(a
manhã) que plana livre de armação.
A
manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que,
tecido, se eleva por si: luz balão.
Soneto do
desmantelo azul
Carlos
Pena Filho – (1929 – 1960)
Então,
pintei de azul os meus sapatos
por
não poder de azul pintar as ruas,
depois,
vesti meus gestos insensatos
e
colori as minhas mãos e as tuas,
Para
extinguir em nós o azul ausente
e
aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim,
nós derramamos simplesmente
azul
sobre os vestidos e as gravatas.
E
afogados em nós, nem nos lembramos
que
no excesso que havia em nosso espaço
pudesse
haver de azul também cansaço.
E
perdidos de azul nos contemplamos
e
vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente
azul. Azul.
Um dia, Capitão,
contarei essa história*
Jaci
Bezerra – (1944 – 2020)
Um
dia, Capitão, contarei essa história
a
quem, distante ou perto, afagar minha mão.
E
sempre nova será, nos cofres da memória,
porque
uma certeza terei, e terás tu, então:
todos
os portos podem ser saqueados,
só
não pode ser saqueado o porto do coração.
Em
que livro e em que língua será ela escrita?
Hoje,
os que são mais céticos, de nós indagarão.
E
o que responderei, se, além das coisas ditas,
uma
certeza terás, e terei eu, então:
todos
os portos podem ser saqueados,
só
não pode ser saqueado o porto do coração.
Onde
andarei? Onde andarás? Assim, nessa incerteza,
os
que bem não nos conhecem nos interrogarão.
E
o vento, só o vento, pelas praias acesas
soprará,
como nós, as letras de um refrão:
todos
os portos podem ser saqueados,
só
não pode ser saqueado o porto do coração.
Um
dia não serei mais o sonho que hoje sonho,
serei
só um poema e uma impossível canção,
mas
tudo quanto for de poesia ou sonho
continuará
repetindo, meu velho Capitão:
todos
os portos podem ser saqueados,
só
não pode ser saqueado o porto do coração.
*In Poemas de Jaci Bezerra, p.
37-38 – extraído do site http://myriambrindeiro.com.br
Muito feliz , grata e honrada por estar incluída na poesia pernambucana.
ResponderExcluirFicamos todos felizes, prezada poeta.
ExcluirÓtima iniciativa! Tenho enorme curiosidade sobre o assunto e eu mesmo publiquei alguns poemas, sem a menor repercussão - daí meu interesse. Sou um poeta frustrado, que beijei a mão de Mauro Mota e chorei ao ouvir certos poetas, como Ascenso Ferreira, na avenida Guararapes.
ResponderExcluirCaro poeta, muito grato por seu comentário.
ExcluirExcelente postagem essa sobre " 10 poetas essenciais da Literatura Pernambucana "! FORAM ESCOLHIDOS 16, PODERIAM TER SIDO ESCOLHIDOS OUTROS 20, 30 NOMES DIFERENTES...QUE NÃO FARIAM FEIO!MAS OS 16 ESCOLHIDOS MERECERAM MUITO! PARABÉNS A ELES E AO DCP POR ESTA BELA INICIATIVA!
ResponderExcluirGrato por sua valiosa contribuição e participação. A sua sugestão foi acatada e o texto passou a se denominar de "OS 10 MAIS ESSENCIAIS POETAS PERNAMBUCANOS". Grato poeta sempre
ExcluirParabéns 👏👏 a Literatura Pernambucana. Demonstram que existem poetas de qualidade no Brasil. Fico feliz em conhecer. Excelente organização do cenário poético. Principalmente neste momento de pandemia. Precisamos de poetas, para deixarem nossos momentos, com mais nostalgial e reflexão. Abraço a todos os organizadores. Aluna de Letras da FOCCA. Cleoneide
ResponderExcluirUma grande alegria receber esse seu comentário e visita. Volte sempre!
ExcluirÓtima iniciativa,Pernambuco, Minas, Paraíba, Rio de Janeiro e Bahia são celeiros de poesia e sempre em qualquer lista, faltarão muitos poetas essenciais. Eis os meus dez:
ResponderExcluirManuel Bandeira
João Cabral de Melo Neto
Alberto da Cunha Melo
Ascenso Ferreira
Solano Trindade
Louro do Pajeú
Job Patriota
Cancão
Carlos Pena Filho
Lucila Nogueira
Apenas para começo de conversa.
Como Falei no texto de abertura, toda e qualquer lista é incompleta, complexa e idiossincrática.
ExcluirParabéns para todos os poetas que contribuíram para o bem da poesia! Ademar Silveira!
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