IMANÊNCIA E LITERATURA
Por
Alberto Lins Caldas*
Capa: Divulgação
“Minha pessoa sob o dominio dos barbaros”,
poemas, Ed. Ibis Libris, RJ, 2018.
O livro é uma síntese de quase toda a perspectiva e experimentos literários do autor; politicidade, ética, filosofia e
estética do enfrentamento do horror, sem perder o humor contra ditaduras e
ditadores, impostores e escrivães em tempo de terror e impostura: literatura é
uma arma de luta e formação, relata o autor.
"A escrita acontece num espaço dominado
pela imobilidade, pelas criações dos poderes de imobilização das
multiplicidades, intensidades: estado, povo, nação, corpo, deus, família,
gramática, país, capital. “minha pessoa” faz parte, como numa trilogia sem
unidade (“a perversa migração das baleias azuis” e “a pequena metafisica dos
babuinos de gibraltar”), da construção caótica duma imanência q desliza, tanto
e tão violentamente, q tudo é sem ser, tudo acontece sem lugar ou seriedade,
sem palavras de ordem numa ordem, uma imanência sem mundo, sem eu, sem
linguagem, como-se, sem espelhos, sem passados, numa busca inútil por um solo,
um lugar onde se pudesse ser e dizer. Por isso não é poesia, o estabelecido, o
grávido de leis, regras, ritmos; nem prosa, a queda da grande positividade
tornada apenas um “contar uma história”. Aqui se exercita o poema (jamais
sinônimo de verso: no máximo uma escrita esmagada, uma lata sem ar dentro, nada
constrangido pelo caos, daí parecer um verso e parecer ser alguma coisa e gerar
“sensações e sentimentos” falsos), o encontro com a impossibilidade de qualquer
transcendência e o caos da imanência nenhuma. O espaço criado aqui não tem
nacionalidade, língua, corpo, literatura, tradição (ela responde radicalmente
aos medos da tradição, das servidões, das crenças, sem nada propor). Sua busca
é a busca do depois de todas as destruições das crenças, sentimentos, corpos,
eus, em qualquer coisa sólida e real. Sem natureza e sem deus, sem homem e sem
sociedade, sem paixões, apenas as potências dos desejos q destroçam sem nenhuma
realização, nenhuma saciedade. Ate a beleza, a geometria é um escarnio. O poema
acontece num universo q está explodindo, um segundo antes, para nada. “minha
pessoa” são todos e nenhum, como os “bárbaros” não são mais os antigos
bárbaros, mas nazistas se dissolvendo em ácidos e são os próprios “minhas pessoas”.
Todos um, todos nenhum. Eis o poema, feito pra ninguém, nemo – eis a sua vez."
Serviço
Minha pessoa sob o dominio dos barbaros
Alberto Lins Caldas
ISBN 978-85-7823-297-9
Brochura
14x21cm
R$ 35,00
Arte final: Romildo Gomes
*Alberto
Lins Caldas publicou
os livros de contos Babel (Revan, Rio de Janeiro, 2001), Gorgonas (CEP, Recife,
2008); o romance Senhor Krauze (Revan, Rio de Janeiro, 2009) e os livros de
poemas No interior da serpente (Pindorama, Recife, 1987), Minos (Ibis Libris,
Rio de Janeiro, 2011), De corpo presente (Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2013),
4x3 – Trílogo in traduções (Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2014), A perversa
migração das baleias azuis (Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2015) e A pequena
metafisica dos babuinos de Gibraltar (Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2016).
IMANÊNCIA E LITERATURA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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05:02
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