SILVEIRA NETO
(Morretes/PR,
04/11/1872 - Rio de Janeiro/RJ, 19/12/1942)
Poeta
e artista plástico, pertenceu a escola Simbolista. Em 1893 integra o grupo “O Cenáculo”, fundou uma revista com o
mesmo nome. Para Tasso da Silveira (1967, p.27/33), o poeta foi “uma espécie de exegeta das ruínas, da
morte, do silêncio, como foi em toda a sua vida o homem dominado pela dor de
viver”. E sintetiza: “afeição
primavera! deu-nos Emiliano Perneta, com sua poesia coruscante de sol e ébria
de sentimento pagão da vida. O desértico recolhimento do inverno foi que
sobretudo se condessou no canto de Silveira Neto, embora também nele a
primavera irrompa triunfante”. Com a morte do poeta curitibano Emiliano
Perneta, em janeiro de 1921, Silveira Neto é aclamado o novo príncipe dos
poetas paranaenses.
Principais
Obras: Pela consciência (Opúsculo, 1898); Antonio Nobre (Elegia, 1900); Luar de
hinverno (1900); Roda crepuscular (1923); Cruz e Souza
(Ensaio,
1924).
Canção das laranjeiras
Laranjas maduras,
seios pendentes
pela ramada, apojados
de luz,
Que é das
orinhas-nevadas e débeis,
caçoulas de incenso
que o aroma produz?
Se elas recendem o ar
todo se infla
num esto de gozo, nas
frondes do vai,
Como se andasse
o Cântico dos cânticos
abrindo-se em beijos
no laranjal.
São elas o sonho da
árvore em festa
pensando no fruto,
que é todo sabor;
Assim a grinalda que
enfiaram, das noivas,
é a aurora do dia
mais claro do amor.
Infância, candura da
estréia longínqua,
luz tênue que flui
das auras do céu.
Depois do primeiro
amor, o remígio
do sonho mais puro a
que a alma ascendeu.
De sonho, bebido em
taças que lembram
aquela de lavas, que
um dia o vulcão
moldara em Pompéia,
num seio de virgem,
talvez em memória de
algum coração.
SILVEIRA NETO
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
11:17
Rating:
Nenhum comentário