SOLANO TRINDADE
(Recife/PE,
24/07/1908 - Rio de Janeiro/RJ, 19/02/1974)
Poeta,
folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta. Legítimo poeta da resistência
negra por excelência. Em 1930, inicia sua produção de poemas afro-brasileiros.
Em 1936, fundou a “Frente Negra
Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileiro”, instituições para a
divulgação dos intelectuais e artistas negros. Em 1941 fixa residência no Rio
de Janeiro e funda o “Comitê Democrático
Afro-brasileiro”. Em 1954 transfere-se para São Paulo, onde fundou na
Cidade de Embú, um “Polo de Cultura e
Tradições Afro-Americanas”. Fundou em São Paulo o Teatro Popular Brasileiro
(TPB), onde desenvolveu intensa atividade cultural voltada para o folclore e a
denúncia do racismo. Trabalhou no filme: “A
Hora e a Vez de Augusto Matraga” de Roberto Santos.
Principais
Obras: Poemas de uma vida simples (1944);
Seus tempos de poesia (1958); Cantares ao meu povo (1961).
Sou negro
Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação
SOLANO TRINDADE
Reviewed by Natanael Lima Jr
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11:23
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