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146 ANOS DO CABO DE SANTO AGOSTINHO: HISTÓRIA E POESIA

 

Postado por DCP em 10/07/2023

 

Por Natanael Lima Jr.*







Foto: Reprodução I Cabo de Santo Agostinho
(década de 1940 - ao fundo a Igreja Matriz)






O saudoso e renomado historiador, jornalista e escritor pernambucano Flávio Guerra, narra no prefácio do livro “História do Cabo”, de autoria do escritor Israel Felipe, publicado pelo Governo do Estado de Pernambuco, através Ato Nº 2852 de 8 de novembro de 1961, do então Governador Cid Sampaio, composto e impresso nas oficinas gráficas da Imprensa Oficial, Recife, 1962, relata que: “A cidade do Cabo, como fundamento histórico, dentro do todo historiográfico de Pernambuco, é uma das mais antigas e sua projeção como tal podemos dizer que foi cimentada nas lutas de desbravação e de progresso da antiga capitania, pelas alturas de 1560 [...]”. Relata ainda que, “Com o passar do tempo nas margens do rio Pirapama, que banha a cidade, foram sendo construídas muitas casas, surgindo também outros engenhos, levantando-se uma capelinha, e se esboçando-se, assim, os sinais evidentes de uma próspera povoação, então chamada apenas tradicionalmente de Santo Antônio do Cabo. Mas, em 1612, já gozava do predicamento de paróquia. Em 1812 foi baixada a Provisão Régia de 15 de fevereiro, ratificando o Alvará de 27 de julho do ano anterior e criando, então, ali, a vila do Cabo de Santo Agostinho, que a 5 de maio de 1840 foi promovida a Comarca e logo mais, a 9 de julho de 1877, elevada a categoria de cidade do Cabo de Santo Agostinho, cujo nome ainda hoje perdura [...]”.

 

O escritor Israel Felipe, na abertura do seu livro, escreve aos leitores, que “O Cabo de Santo Agostinho, consoante ensinam vários historiadores, fora descoberto, antes dos navegadores portugueses, pelo espanhol Vicente Yanez Pinzon, em 20 de fevereiro de 1500, que lhe dera o nome de Cabo de Santa Maria da Consolação. Outro espanhol, Diogo de Lepe, também o chamou de Rostro Hermoso, e no celebre Mapa de Turim, de 1523, está mencionado como Cabo Fermoso. Os portugueses, em 23 de agosto de 1501, deram-lhe o nome definitivo [...]”. 


Cidade do Conde da Boa Vista, Dr. Antônio de Sousa Leão, Dr. Manuel Clementino Cavalcanti de Albuquerque, Dr. José Rufino. Cidade de João Paes, seus filhos e seus engenhos, terras onde acolheu, na infância, Joaquim Nabuco. Cidade de Celina de Holanda, Barreto Júnior, Manezinho Araújo, José Plech Fernandes, Gabriel Dourado, Israel Felipe, Theo Silva. 




POEMAS DE GABRIEL DOURADO, JOSÉ PLECH FERNANDES E PAULO ALEXANDRE AS SILVA






UM CANTO EM SURDINA

Gabriel Dourado

 

Cidade de minha infância,

dos meus sonhos de rapaz,

dos meus primeiros amores,

-dize-me agora,

aonde vais?

 

Cidade quase sem ruas,

Apertadinhas de mais,

Cidade das boemias,

dos verdes canaviais,

(como aquelas... nunca mais!)

 

Terra do meu romantismo,

dos engenhos patriarcais,

do São João de seu Zumba,

das loas de Inácio Pais,

das glosas de Mergulhão,

Chico Taboca e Caju,

De seu “Vigário sem Crôa”,

dos coqueiros de Gaibu.

 

Cidade das serenatas,

das cantigas ao luar,

Cidade de tanta história

Sem nenhuma pra contar...

 

Cidade da minha infância,

dos verdes canaviais

- Minha cidade querida,

dize-me agora,

aonde vais?

 

 

 

NO CABO DE SANTO AGOSTINHO

José Plech Fernandes

 

 

Lançando o olhar do espírito ao levante

- remota pátria mística da Lenda –

vejo singrar a Igara-açu farfante,

que, do Brasil abriu a ignota senda.

 

Vejo a marujada, o intrépido Almirante

e a Cruz de Cristo, em sangue, por legenda,

na Bandeira das guinas tremulante,

como a sangrar a exótica oferenda.

 

Vejo, no embate, ânimo esforçado,

o vigor de quem soube fecundar

a inacessível glória do Passado...

 

E na cena fugaz do meu cismar

eu me suponho um bugre aparvalhado

ante a estranha visão que rasga o mar.

 

 

 

SANTA MARIA DE LA CONSOLACIÓN

Paulo Alexandre da Silva

 

 

Natureza que me seduz

Desvirginada que fostes

Por homens arredios

Sangras no presente

Mas vejo-te como no passado

Vejo-te nua

E beijo a tua existência

Porque és inviolável

Na tua beleza secular

Que Pinzón pisou,

E te chamou

De Santa Maria de La Consolación!

 

 

Gaibu, 01/02/1983.

 

 

 

 

*Todos os poetas desta seleção já falecidos.





*Natanael Lima Jr. é poeta, pesquisador, produtor cultural e editor

 



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4 comentários

  1. Boa postagem, Natanael. Neste tempo do aniversario da sua cidade valeria divulgar outros poetas cabenses com versos dedicados a ela.

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    1. Gratidão poetamigo, que bom que vc gostou. A minha cidade é repleta de poetas, crônistas e escritores.

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  2. Excelente postagem, ótima homenagem às suas raizes!

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