SOBRE A POESIA

 Postado por DCP em 24/01/2023

 

Por Marcelo Mário de Melo*






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- A poesia ajuda ao raciocínio lógico e as análises teóricas alargam o leito poético.

 

- Não confundir emotividade com poesia. Nem toda comoção conduz ao poema. Muitas vezes uma festa, uma farra, uma caminhada, uma conversa, uma sessão de terapia, a solução do problema x ou y, elimina a febre “poética”.

 

- O produto poético é expressão elaborada, tradução de vivência, construção. Isto vale para todas as linguagens artísticas.

 

- A poesia é a dança das palavras. A dança é a poesia do corpo. A poética é a essência comum a todas as artes.

 

- O discurso poético deve acionar uma dinâmica de fogo e vulcão. As palavras como chamas e lavas. A palavra deve ir além das limitações das relações reais. Deve liberar sonhos engavetados, calcinar as tenazes da vida e recompor as asas do pássaro-homem. A palavra como negação propulsora do real comezinho, o dedo acusador que expõe e espreme os tumores da vida. As palavras como dedos irmanados nos movimentos das mãos compondo novas sinfonias.

 

- Pessoas de filiação filosófica idealista colocam a espiritualidade como uma resposta ao consumismo. Na vertente materialista, e considerando a religião como a filha desnaturada da emoção e da poesia, apresenta-se a poeticidade como o contraponto mais adequado.





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-  A dimensão da poesia, envolvendo as ebulições íntimas, as relações sociais e as correlações cósmicas, pode ser uma excelente ferramenta anticonsumista a ser utilizada, ecumenicamente, por crentes e descrentes. E o termo poeticidade é utilizado aqui no sentido amplo de artisticidade, e não restrito à arte poética, situada no campo da literatura.

 

- Além das raias restritas da utilidade imediata, a sensibilidade poética possibilita uma visão de recuo e antevisão em que o aqui e o agora se situam no panorama mais amplo dos grandes movimentos da vida e das suas especificações microscópicas, envolvendo encantos e espantos, pontes e abismos, ousadias e medos, avanços e recuos, verdades e mentiras, pus e seiva, falar e ouvir, agir e refletir, chorar e sorrir, andar, correr, saltar, marchar, desfilar e dançar.

 

- Olhar os céus com os pés plantados na terra. Planar nos céus contemplando as amplas paisagens da terra.

 

- A vida e a sua ausência de asas. E os voos sobre a vida para exercitar nossas asas.

 

- Por uma poesia aberta e andante, que expanda os estalos do mundo e as tremuras da nossa intimidade.

 

- Dançamos com as musas, saciamos sua sede, sorvemos seu fogo e as fazemos relaxar e dormir. Depois, saímos soltando labaredas pelo mundo.

 

-O exercício da metalinguagem poética se completa com o esforço para meter a linguagem poética no cotidiano, lamber o dia a dia com a língua da poesia.





*Marcelo Mário de Melo é jornalista e poeta





 



SOBRE A POESIA SOBRE A POESIA Reviewed by Natanael Lima Jr on 20:35 Rating: 5

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