MARCEL PROUST: O MARAVILHOSO ATO DE LER
Postado por DCP em 12|06|2022
Selecionamos algumas das mais brilhantes
reflexões de Marcel Proust sobre o maravilhoso ato de ler, extraídas do
livro Sobre a leitura, L&PM POCKET – Tradução de Júlia da
Rosa Simões. – Porto Alegre, RS, 2016.
Marcel Proust (1871-1922) foi um romancista, ensaísta e crítico francês. Tornou-se conhecido principalmente por sua magnífica obra Em busca do tempo perdido, publicada em sete volumes.
REFLEXÕES DE MARCEL PROUST SOBRE O ATO DE LER
“Talvez não haja, em nossa infância, dias
que tenhamos vivido mais plenamente do que aqueles que acreditamos ter perdido
sem vivê-los, aqueles que passamos na companhia de um livro preferido”.
“Algumas vezes, em casa, na cama, muito
depois do jantar, as últimas horas da noite também abrigavam minha leitura, mas
isso somente nos dias em que eu havia chegado aos últimos capítulos de um
livro, em que não havia muito mais a ser lido para chegar ao fim”.
“[...] com bastante exatidão por essas
palavras de Descartes: “A leitura de todos os bons livros é como uma conversa
com as pessoas mais virtuosas dos séculos passados que foram seus autores””.
“[...] a diferença essencial entre um livro e
um amigo não é seu maior ou menor grau de sabedoria, mas a maneira pela qual
nos comunicamos com eles; a leitura, ao contrário da conversação, consiste para
cada um de nós em tomar conhecimento de um outro pensamento, mas estando
sozinho, isto é, continuando a gozar da força intelectual de que usufruímos na
solidão e que a conversa dissipa imediatamente, continuando a poder ser
inspirados, a permanecer em pleno trabalho fecundo do espírito sobre ele
mesmo”.
“[...] a leitura pode tornar-se uma espécie
de disciplina curativa e estar encarregada, por meio de repetidas incitações,
de constantemente reinserir aquele espírito indolente na vida espiritual”.
“Enquanto a leitura for para nós a iniciadora
cujas chaves mágicas abrem no fundo de nós mesmos a porta de moradas em que não
conseguiríamos penetrar, seu papel em nossa vida será salutar”.
“O gosto pelos livros parece crescer com a
inteligência, um pouco acima dela, mas no mesmo tronco, assim como toda paixão
é acompanhada de uma predileção pelo que cerca seu objeto, pelo que se
relaciona com ele e em cuja ausência ainda o comenta”.
“Shopenhauer, por exemplo, oferece-nos a
imagem de um espírito cuja vitalidade suporta com leveza a mais vasta leitura,
sendo cada novo conhecimento imediatamente reduzido à parte de realidade, à
porção viva que ela contém”.
“Na leitura, a amizade é subitamente
devolvida à sua pureza original. Com os livros, não há amabilidades. Se
passamos a noite com esses amigos, é realmente porque temos vontade de fazê-lo.
Em todo caso, muitas vezes só os deixamos a contragosto”.
“[...] a leitura e o saber proporcionam as
‘belas maneiras’ do espírito. Só podemos desenvolver a força de nossa
sensibilidade e de nossa inteligência em nós mesmos, nas profundezas de nossa
vida espiritual. Contudo, é nesse contrato com os outros espíritos, que
constitui a leitura, que se dá a educação das ‘maneiras ’do espírito”.
Valeu, são informações muito importantes!
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