MÁRCIA SANCHEZ LUZ: SONHOS E SERAFINS

Postado por DCP em 06/06/2021

[Curadoria de Natanael Lima Jr.]








Márcia Sanchez Luz I Foto: Reprodução






MÁRCIA SANCHEZ LUZ – Natural de São Paulo, capital, Márcia formou-se em Literatura Inglesa e Francesa. É escritora (poesia e prosa), pedagoga e tradutora de Inglês e Francês. Iniciou sua vida profissional como tradutora e redatora, tanto de manuais técnicos como de normas de documentação e projetos na área de Informática. É autora de diversos trabalhos de tradução e versão técnica nas áreas de alimentos, refrigeração e informática. Na área de Psicologia, desenvolveu um trabalho voluntário com crianças limítrofes. Títulos: Escritora Imortal, pela Academia de Letras do Brasil. Cônsul Poetas del Mundo. Verbete na "Enciclopédia Escritores Brasileiros" da Real Academia de Letras. Livros editados: "Quero-te ao som do silêncio!" (2010); "Porões Duendes", "No Verde dos Teus Olhos" (2007), os três pela Editora Protexto. Antologias: "Saciedade dos Poetas Vivos", volumes 4, 9 e 12 em Blocos Online, onde tem suas páginas individuais de poesia e prosa. Trovas premiadas e publicadas na Antologia "Projeto de Trovas para uma Vida Melhor" (UBT). "Antologia de Natal", em Blocos Online (2009 e 2010); "1ª Antologia Poética Contemporânea" (Editora Protexto, 2010); "Melhores da Poesia Brasileira" (Editora All Print, 2012) – soneto agraciado com o Prêmio Cultural Bem Te Vi; "Antologia de Poesia Celeiro dos Escritores" - Litteratus (Celeiro de Escritores, 2012) Entrevistas concedidas: À Mona Dorf, jornalista de O Estado de São Paulo, para o programa Letras & Leituras; A Luiz Eduardo Caminha, âncora do programa Stammtisch (TV GALEGA, Blumenau), hoje disponibilizada no Oceano de Letras. Blogs: O Imagináriohttps://poemasdemarciasanchezluz.blogspot.com / Repercussão Literáriahttps://marciasanchezluz.blogspot.com/?m=1 / Márcia Sanchez Luzhttps://marciasl2001.blogspot.com/






SEIS POEMAS ESCOLHIDOS DE MÁRCIA SANCHEZ LUZ





Ser(afim)

 

 

“Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas.” (Arthur da Távola)

 

 

Quem encontra um Ser(afim)

tem na vida um anjo raro.

É feito do mesmo barro

com que Deus faz seu jardim.

 

Ele é todo de jasmins,

brota água fresca do jarro

que enfeita o que sempre é caro

aos olhos de um Querubim.

 

É bem difícil achar

no meio da multidão

um ser assim singular!

 

Há que segurar-lhe a mão,

fazer carinho, mimar

e agradar seu coração.



Vida

 

Se digo que pra tudo há recomeço

e que a tristeza um dia se desfaz,

é porque o inverno, triste cinza-espesso,

a luz da primavera em si já traz.

 

Se calo-me e da dor não me despeço

e não censuro o sonho (que é fugaz),

é porque guardo a noite em mim, confesso,

pois nela eu sinto que sou mais capaz.

 

Fico em silêncio em meio aos meus segredos

enquanto a lua se despede aos poucos

e dá lugar ao sol e seus enredos.

 

Pairam no ar sementes de verão!

E verdejantes são as suas folhas,

valentes como o dom da floração!

 

 

 

O amor no sonho

 

O amor é tão perfeito quando durmo,

que mal me dá vontade de acordar!

Mas não tem jeito – o dia vem soturno

e o sonho acaba. É duro acreditar.

 

O amor no sonho é como o deus Saturno,

num farto, afoito e intenso festejar;

o adeus ao laço – algoz e taciturno –

que avilta, agride e evita o libertar.

 

O amor de sonho é sempre um aconchego;

permite ao colibri (que não descansa)

um beijo à flor que finge desapego.

 

Amor assim é sábado constante;

acalma o que guardado a dor alcança

e afasta a realidade lancinante.

 

 

 

Haicai

 

(Em memória de Cicero Melo)

 

Ocaso de inverno:

sol em fogo, apaixonado,

deita e apaga as árvores.

 

 

 

Ilustre Teoria

 

Se Freud vivo estivesse,

na certa perguntaria:

 

“O que fizeram de Elektra

e sua consciente loucura?”

 

Como Édipo voltaria

em vingança ao infanticida

e resposta à altura daria

aos pais “Nardonis” da vida.




Lua Negra

 

Amo demais que até ferida brota

na cálida, escondida lua negra

dos meus delírios (dor que desintegra

calma desnuda em chuva de gaivota).

 

Os olhos choram mares, geram grotas,

fabricam densa nuvem que se integra

ao corpo equivocado pela entrega

sofrida num adeus desfeito em gotas.

 

Amo demais, eu sei, mas o que faço

se de outro jeito não conheço o amor?

A minha sina é nunca combater

 

o que me atrai e gera descompasso.

Se por um lado existe o dissabor,

tenho da vida a flor que vi nascer.





 



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5 comentários

  1. Gratidão pelo carinho da postagem, Natanael. Adorei ver meus poemas em seu site!

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    1. Excelente coletânea de poemas. Destaco a haicai em homenagem ao poeta pernambucano, recentemente falecido, Cícero Melo. Parabéns!

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    2. Muito obrigada, Natanael! Não poderia deixar de homenagear Cicero Melo...

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  2. A Márcia é um dos grandes nomes da poesia contemporânea brasileira. Sua poesia tem ritmo e conteúdo imagetico, duas coisas imprescindíveis para um bom poema

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    1. Fico honrada com suas palavras, Linaldo. Gratidão por ter vindo!

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