METAMORFOSES DE JADE DANTAS

Postado por DCP em 11/04/2021 

Jade Dantas I Foto: Reprodução

Jade Dantas é paraibana de Campina Grande, arquiteta e designer por profissão, escritora, poeta por vocação, atualmente residindo no Recife.

 

De sua autoria é o livro de poemas – Pelo Avesso. Além disso, tem participação em diversas antologias, quase sempre como resultado de concursos onde foi vencedora, como o Concurso Mário Quintana, no Rio Grande do Sul, o concurso Vinícius de Mores no Rio de Janeiro, o concurso da Biblioteca de Afogados no Recife.

 

Participou da coletânea pernambucana - Pimenta Rosa, resultado do que iniciou como brincadeira entre algumas poetas do Recife que, notando a ausência de poemas voltados à sensualidade por parte da poesia feminina, privilégio sempre masculino, resolveram fazer uma coletânea de textos e poemas, abordando isso, não voltado ao tema erótico, mas à sensualidade. Ao final tornou-se um livro bastante vendido e logo esgotado.

 

Atualmente continua dedicando-se à arquitetura e ao seu amor pela escrita.

CINCO POEMAS DE JADE DANTAS

 

 

Metamorfoses

 

nunca sei os limites

das minhas dimensões

 

jamais sou exata

 

sempre esta metamorfose

esta ebulição

 

 

Refúgio

 

não, eu nada sei das magias dos luares

mas sei da brisa suave que despertou meu canto

sei dos carinhos que guardo, sei do pranto

e das palavras jamais pronunciadas

 

vem navegar nos meus sonhos, na minha alma transparente

encontra os meus caminhos, libera minha ternura

decifra os meus segredos, acorda os meus desejos

quero te dar todo o código desta minha loucura

 

vem amanhecer comigo, me incluir nos teus dias

dá sentido ao meu sorriso e aos meus absurdos

apaga as dores do passado, vem ser o meu refúgio

não me deixes mais dormir com as minhas mãos vazias

 

toma o vinho do meu beijo, come o pão do meu corpo

me fala do teu amor e de uma entrega sem retorno

reescreve nossa história, me adormece em teus braços

e me terás ao teu lado até o fim dos nossos passos

 

 

Recusa

 

não quero a placidez

das paisagens

 

solto as amarras, quero as asas

 

recuso a âncora

a disciplina

 

prefiro as emoções dos desafios

 

à sensatez infértil

das teorias

 

 

Madrugada

 

persigo as inusitadas

curvas do imaginário

os mistérios das madrugadas

 

o instante vestido de luar

 

as entrelinhas das metáforas

na superfície

não consigo caminhar

 

 

 

Essência

 

ao meu redor as palavras giram

a minha volta, resgatando a noite

 

e a harmonia de um poema

onde são essência e harmonia

do instante encantado limites

 

da noite fria e indefinida

que tenta mas não cala minha mente