SEIS POEMAS DE ROBSON SAMPAIO
Postado por DCP em 14/02/2021
Robson
Sampaio I Foto: Reprodução
Robson Sampaio
nasceu em 16 de julho de 1947, em Maceió/AL, e veio para o Recife aos 12 anos.
É jornalista da Secretaria de Imprensa do Governo de PE, desde 1984. Oficial
CPOR – Comunicações 1967, R/2 do Exército; Jornalista desde 1968, poeta e
Imortal da Cadeira 22, da Academia Recifense de Letras, da União Brasileira de
Escritores (UBE-PE), Sindicato dos Jornalistas, Associação da Imprensa-AIP.
Seus livros: 2007, “O Recife & Outros Poemas”/Cepe; Em 2009, “Eu Sou
Capibaribe – Poemas ”/Instituto Maximiano Campos; Em 2011, “Arrecifes
(Coletânea & Novos Poemas”/Cepe; Em 2012, “Frases & Minipoemas”/Cepe.
Em 2013,Teatro da Vida (Causos)/Cepe; Tem poemas musicados no CD Gambrinus
Porto-Bar, do cantor Demétrio Rangel. Em 2013, o Instituto Ayrton Senna
escolheu o poema de minha autoria –“Ayrton Sena” – para a fanpage do piloto – http://migre.me/fEtrE. (único poema). Em 2014, recebeu o Título de Cidadão de Jaboatão. Em
2006, o título de “Cidadão do Recife”; Em 2009, a Medalha do Mérito José
Mariano; Em 2007, o “Troféu Calunga”, no II Prêmio Gigante Cultural – O Homem
da Meia-Noite, de Olinda- 75 anos. Em 2011, o Prêmio Dom da Paz (Dom Hélder
Câmara-Betinho) de Cidadania, Cidadão de Pernambuco, em 2017, entre outros…
SEIS POEMAS DE ROBSON
SAMPAIO
Recife Antigo
Nos botequins de ontem,
relembro velhos e novos amores
e carrego, por ruas e becos,
o presente e o passado,
simbiose de eterna saudade.
Então, batem as lembranças:
nada mudou no Recife Antigo,
onde poetas, bêbados e vagabundos
vagueiam, à noite, feitos zumbis.
Somos os sonâmbulos da boemia,
animais sedentos de amor e de paixão,
que recolhem pedaços da carne
só para salvar a alma e, assim,
alcançar o perdão.
Nada mudou no Recife Antigo,
onde as faces sofridas se multiplicam
iguais e com sulcos talhados de dor...
Somos os compositores das canções da vida,
os poetas dos poemas passageiros,
os artesãos que juntam trapos e confeccionam,
diuturnamente, o eterno uniforme do Recife Antigo.
Formamos o cordão dos desesperados,
de alegrias furtivas, de sonhos perdidos
e de vontades saciadas, quase sempre,
em corpos estranhos.
Mas, nada mudou no Recife Antigo,
onde a sinfonia prossegue até o clarear dos
arrecifes.
E, nós, em passos trôpegos, buscamos a Estrela
Guia,
entoando o canto mágico do faz de conta.
Assim, transformamos o nada em tudo
e o imaginário em imaginação,
enquanto a música melosa é ouvida mais forte
nos puteiros do Recife Antigo.
Onde, nada muda...
Eu sou Capibaribe
Dos mangues do rio arranquei
a carne da sobrevivência:
as iguarias das mesas das sirigaitas.
Das águas do rio tirei
o som da flauta;
a composição dos pássaros,
a sinfonia de todos os cânticos.
Vim de muito longe,
passei por Beberibe;
eu sou recifense,
eu sou Capibaribe.
Nas correntezas do rio embalei
os nossos sonhos,
o mergulho profundo:
ora vida, ora morte.
Vim de muito longe,
passei por Beberibe;
eu sou recifense,
eu sou Capibaribe.
*A Zé da Flauta
Cruz do Patrão
Ecoam gritos eternos na
vastidão das noites e do mar.
Gritos de dor lancinante,
tão fortes que trespassam os
arrecifes, as almas e emitem
sons quase selvagens.
São lamentos de negros
sem o sonho da liberdade,
feridos de saudades e de morte.
Submissos à espera do senhorio
estão os filhos da vida sem-vida,
confinados na Cruz do Patrão,
onde o tempo não sepulta a lenda
e a injustiça ainda açoita os insepultos,
escravos-fantasmas...
Desabafo
Eu queria falar
Faltaram palavras
Eu queria gritar
Faltou voz
Eu queria chorar
Faltaram lágrimas
Eu queria sorrir
Faltou alegria
Eu queria ser bom
Faltou compreensão
Eu queria ser mau
Faltou coragem
Eu queria ter fé
Faltou crença
Eu queria ser feliz
Faltou você
Sertanejo da dor
O sopro surdo do vento
parece murmúrio de vozes
em lamento pela morte.
A madrugada foge num repente
danado com medo do amanhecer.
Sob o sol, os cascalhos e a terra areosa
refletem a imagem do céu.
Sina?
Na trilha de pó, pedras e galhos secos,
o sertanejo caminha entre crenças e
esperanças de cangaceiros.
Um penar sem fim?
No peito carrega o grito
do deserto-desesperança. A benção nunca
chega, apesar das rezas de virgens órfãs,
criadas por devotas beatas.
Santuário?
“Valei-me, meu padim-padre Ciço!”,
prece de fé e de desespero. A morte é
a passagem da Salvação?
O chão é um mar em brasas,
com a folhagem sem cor e a natureza
perdendo a vida. E a caatinga vira léguas
de judiação do sertanejo da dor.
Penitência?
Ayrton Senna
Frágil Homem de Aço!
Deus é o tempo, é a hora
Você, Senhor Velocidade!
Na última curva da Vida
Os deuses dormiam.
A morte, não!
A máquina insensível
Virou ferros contorcidos
E os anjos te encantaram...
Frágil Homem de Aço!
Deus é o tempo, é a hora
Você, Senhor Velocidade!
Semi-Deus das pistas
Semi-Deus alado
Ave ferida, ave arrebatada
Ídolo e sonho dos mortais...
Frágil Homem de Aço!
Deus é o tempo, é a hora
Você, Senhor Velocidade!
A curva é o limite.
Deus dá, Deus tira.
E no circuito dos Céus
Na ultrapassagem de nuvens e estrelas
Você, Senhor Velocidade,
Fará todas as “Poles” e estará
No “Podium” da Eternidade...
Belas Poesias Vovô! Parabéns, voçê merece! Sempre foi um grande jornalista e Poeta! Quem conhece, sabe o quanto vc ama e se dedica ao seu ofício e a Paixão que tem pelas suas poesias. Um grande bj e abraço do seu Neto que lhe ama, Robinho! ❤️😘🤗
ResponderExcluirLindas poesias painho mais a de Airton Sena eu amo parabéns amo o senhor bjsss
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