JACI BEZERRA, O LAVRADOR DE SONHOS
Por editoria do site DCP
Postado
em 13/12/2020 às 00:03
Jaci Bezerra (1944 - 2020)
I Foto: Reprodução
“Com signo aro a horta/és cá lavra da dor/ida a
vida, ré, voltas/à ponte, a ilhar o amor,/vaga e lume semeias/de sol e água a
areia”
(Trecho do
poema “Lavradouro”, Editora Universitária, Recife, 1973)
Jaci Bezerra nasceu em Murici, Alagoas, em 1944. Considerado um dos poetas mais
importantes de sua época, é também uma das maiores referências da Geração 65 de
escritores pernambucanos. Suas principais produções literárias estão em parte
registradas na história da Edições Pirata (Recife/PE).
Poeta, contista,
dramaturgo, cronista, sociólogo, editor e animador cultural, fundou, em 1979,
com Alberto da Cunha Melo, Eugenia Menezes e Myriam Brindeiro, companheiros da
Fundação, as Edições Pirata, do Recife, responsável pela publicação de mais de
duas centenas de títulos de escritores brasileiros de várias gerações e
tendências”. (Trecho extraído do ensaio
de Maria de Lourdes Hortas, publicado no site ‘Domingo com Poesia’, em 30 de
setembro de 2018)
Em 1965, publica seus
primeiros poemas no Diario de Pernambuco,
através do poeta e crítico literário César Leal. Em 1967, publica pela Imprensa Universitária da UFPE, o seu
primeiro livro de poesia – Romances. Jaci Bezerra deixa um rico legado
literário para as futuras gerações: Lavradouro
(1973), A onda construída (1973), Inventário do fundo do poço (1979), Signo de estrelas (1981), Livro de Olinda (1982), Livro das incandescências (1985), Comarca da memória (1994) e Linha d’Água (2007), além das peças de
teatro Auto da renovação (1985) e O galo (1986).
Jaci Bezerra faleceu nesta última quinta-feira (10) aos 76 anos, decorrente de uma parada
cardiorrespiratória e alguns anos sofrendo de uma doença degenerativa.
A
LAVRA DA VIDA
O lavrador aprende
com a pedra de mó
acesa enxada fende
defende o canto
Defende, não depedra
a áspera e dura horta,
a enxada sulca a pedra
a vida, acesa, brota
Arada a pedra oura
a mão, mesmo doída,
a safra da lavoura
doce safra de vida
A vida não divida
o lavrador a horta
exige toda vida
dar vida à pedra morta.
OPUS 9
Se cauto o amigo ara
a dura pedra doce
a sentirá tão clara
como se água fosse
Se exausto o amigo chora,
dorme e não amanhece,
verá Nossa Senhora,
acesso mar celeste
Se acaso o amigo ama
fará, quem sabe, drama
do seu amor, porém
Se tarde o amigo escreve,
entre a pedra e o espinho,
morrerá, sim, e deve,
cada vez mais sozinho
A
ALBERTO DA CUNHA MELO
O áspero afã, a rosa
lavrada no olhar manso
a chuva desatada
como um novelo branco
Alva mão abrasada
o dia posto à mesa
água caindo fria
sonoramente acesa
A memória lavrada
sempre, o esforço inócuo,
o tempo diferente
vazio atrás dos óculos
Assim a mulher fácil
docemente esquecida
na vida, docemente,
cada vez mais perdida
CARA /
VELA
Chorágua, mar ou rio?
o noturno abandono
de quem morreu de frio,
de frio? não de sono
Água, não nos responda
quem de frio morreu
e nem esconda a onda de Deus
A onda silenciosa
interroga no Porto:
ó água é ave ou rosa
o companheiro morto
Ondeando disforme
a água não nos responde,
assim o morto dorme
e não sabemos onde
PERNAMBUCO PERDE UM ÓTIMO POETA E UM ÓTIMO PRODUTOR CULTURAL!
ResponderExcluirSUA POESIA FICARÁ!
A sua obra vive!
ExcluirJaci Bezerra é imortal.
ResponderExcluirE viva a poesia!
Sim, poeta Valmir, viva a Poesia! Obg a sua visita.
ExcluirCaro poeta Natanael Lima, voce sabe que sempre compartilho o DCP, às vezes, total ou parcial.
ExcluirGosto dessa iniciativa sua.
Saúde e letras.
Poeta e editor amigo Natanael Lima :
ResponderExcluirCompartilhamos a postagem em homenagem ao poeta Jaci Bezerra, com destaque para 4 poemas do seu segundo livro publicado (LAVRADOURO, 1973). Parabéns ! O poeta permanece vivo entre nós com a divulgação / leitura da sua poesia. Deixo aqui uma sugestão para o Site : a divulgação. semanal, quinzenal ou mensal, de 5 ou 7 poemas selecionados, de cada título publicado por Jaci Bezerra, nas próximas edições.
Muito boa a sugestão. Vc poderia colaborar comigo enviando uma breve apresentação e a seleção desses poemas? Não tenho todos os livros dele (Jaci). Seria uma honra contar com a sua colaboração. Abç poeta-amigo Juareiz Correya
ResponderExcluirJá posteie no meu face: Esio Rafael.
ResponderExcluirConvivi com Jaci Bezerra na década de 1990.Tenho alguma foto com ele. Mas o que destaco, de forma relevante, é a minha admiração pela beleza e grandeza da sua poesia. Um dos maiores poetas brasileiros da sua geração. Dimas Macedo.
ResponderExcluirEu tive a honra e o privilégio de conhecer e ser amigo de Jaci durante o tempo da Pirata, através de Celina de Holanda. Junto com Alberto, recebi significante influência literária e humanística. Depois, outros conhecidos importantes se sucederam.
ResponderExcluirPernambuco hoje é um estado pobre de literatura. Isso percebe-se que é um fato disseminado e diluído pelas redes sociais da internet. Os grunhidos abafaram as boas vozes, as poucas que restaram. Tempos estranhos...
Parabéns Nataneal Lima Jr.
O seu site é uma boa ilha para se naufragar.
Luis Manoel Siqueira
Eu tive a honra e o privilégio de conhecer e ser amigo de Jaci durante o tempo da Pirata, através de Celina de Holanda. Junto com Alberto, recebi significante influência literária e humanística. Depois, outros conhecidos importantes se sucederam.
ResponderExcluirPernambuco hoje é um estado pobre de literatura. Isso percebe-se que é um fato disseminado e diluído pelas redes sociais da internet. Os grunhidos abafaram as boas vozes, as poucas que restaram. Tempos estranhos...
Parabéns Nataneal Lima Jr.
O seu site é uma boa ilha para se naufragar.
Luis Manoel Siqueira
Eu tive a honra e o privilégio de conhecer e ser amigo de Jaci durante o tempo da Pirata, através de Celina de Holanda. Junto com Alberto, recebi significante influência literária e humanística. Depois, outros conhecidos importantes se sucederam.
ResponderExcluirPernambuco hoje é um estado pobre de literatura. Isso percebe-se que é um fato disseminado e diluído pelas redes sociais da internet. Os grunhidos abafaram as boas vozes, as poucas que restaram. Tempos estranhos...
Parabéns Nataneal Lima Jr.
O seu site é uma boa ilha para se naufragar.
Luis Manoel Siqueira
Conheci Jaci Bezerra em Recife. faz muitos anos. É um grande poeta. Ele e Edson Guedes de Morais, outro bom poeta, visitaram-me no Hotel, onde tiramos fotos, que guardo com carinho e trocamos poesia e livros. Foi uma ocasião muito agradável. Aliás Recife sempre me recebeu bem. Sempre elogio o povo pernambucano. Sou fâ do João Cabral, lógico.
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