AS XANANAS NA GRAVIDADE DE ALTAÍBA
24 de
fevereiro de 2019 por Maria de Lourdes Hortas*
O jovem poeta
piauiense Diego Mendes Sousa (1989-), estreou no mundo literário brasileiro em
plena adolescência: tinha apenas 16 anos de idade quando publicou “Divagações”
(edição do autor, 2006).
Desde então vem
escrevendo freneticamente, já agora com uma dezena de livros escritos,
incluindo este “Gravidade das Xananas” (Editora Penalux, 2019), e mais um na
gaveta, “Tinteiros da Casa e do Coração Desertos”, que publicará em breve.
No longo poema “Alma
Litorânea”, Diego Mendes Sousa se define como um poeta atmosférico e
intensamente marítimo. Manuel Bandeira teve a sua Pasárgada. O poeta da
Parnaíba tem Altaíba, lugar secreto, universo lírico onde pode ser, conforme
confessa no poema citado, muitos, vário e múltiplos - multiplicidade que se
comprova em “Gravidade das Xananas”.
Num dos poemas deste
livro, ele nos diz:
Detenho dores
infinitas e seculares
que atravessam
o meu interior
(...) Minha alma é a vertigem
arrastada pelas luzes do tempo (...)
Entrando em contato
com forças arquetípicas e mitológicas, oniricamente, entre o sono e a insônia,
Diego Mendes Sousa, na sua gravidade de poeta atemporal, generosamente colhe
xananas que oferece aos poetas da sua admiração, habitantes do mesmo universo
lírico onde se distende, em sintonia e afinidade.
Nas várias épocas da
cultura universal, muitos tentaram conceituar a poesia, procurando encontrar os
seus limites dentro da escrita literária. Os gregos, por exemplo, já a
discutiam, e o grande filósofo Aristóteles não deixou de se preocupar com o
assunto, concluindo que “não é ofício do
poeta narrar o que realmente acontece; e sim representar o que poderia
acontecer”.
Seguindo o conceito
aristotélico, Diego Mendes Sousa, mediunicamente, penetra no avesso das
aparências, para se aperceber dos sentimentos atemporais que representam o
acúmulo da vivência humana. Introspectivo, ao escrever é que se liberta, saindo
dos parâmetros da linearidade e mergulhando no tempo sem relógios, lugar de
invenções e fantasia.
Percorrendo as
páginas deste livro, constataremos que o seu autor, não obstante a sua
juventude, é dono de uma bagagem cultural invejável, por certo decorrente das
suas leituras. No seu trabalho não só expõe as matrizes da sua poesia, como,
por vezes, as aponta, em cada poeta que nomeia. Quanto à sua temática, são
todos os sentimentos e estágios que constituem a essência do ser: a tristeza, a
felicidade, a miséria, a fortuna, a velhice, a juventude, a vida, a morte, a
melancolia, a dor, o amor - enfim, matizes controversos, frágeis como as flores
que se pisam nas areias da vida.
A linguagem nascente
de Diego Mendes Sousa flui como um rio, que nos transporta a uma viagem
sideral. Com ele experimentamos a aventura de estar no mundo e a multiplicidade
de nos fazermos inteiros.
(86) 99451-5454
*Maria
de Lourdes Hortas é poeta, escritora, ensaísta luso-brasileira.
AS XANANAS NA GRAVIDADE DE ALTAÍBA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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Parabéns ao poeta e à poetisa autora do texto crítico. Palavras em estado de alma e arte
ResponderExcluirVerdade prof. Neilton, belo texto de MLH. Parabéns tb ao poeta Diego Mendes Sousa.
ExcluirMeu poeta preferido!
ResponderExcluirGrato Ailton por visitar o site e deixar um comentário. Grato. Natanael - Editor
ExcluirParabéns, querido amigo Natanael, pela belíssima edição do Domingo com Poesia!
ResponderExcluirO texto de Maria de Lourdes Hortas é refinado, com precisão intelectual e artística.
Mil parabéns pelo prestigioso saite!
Sucesso pleno!