VII SARAU VIRTUAL
ORGANIZAÇÃO E EDIÇÃO
Natanael Lima Jr.
Com a edição do "VII Sarau Virtual”, o Domingo com Poesia encerra as postagens de 2018, agradecendo desde já a sua companhia durante todo este ano. Que 2019 possamos continuar cultivando bons sentimentos e perseguindo os sonhos que ainda não foram alcançados. Reunimos nesta edição do "Sarau Virtual", seis poetas contemporâneos que se destacam no cenário literário do estado e nacional. São eles: Fernando Matos, Luiz Alberto Machado, Neilton Lima, Paulo Caldas, S. R. Tuppan e Wilson Freire.
(Homenagem aos poetas Olavo Bilac, Adélia Prado, Vicente do Rêgo Monteiro e Manoel de Barros)
FERNANDO MATOS*
“A poesia é uma história de recomeço, de
luta, um grito na multidão, a poesia nesses 41 anos de escrita significa o
renascimento e resistência de um Ser Humano chamado: Fernando Matos. Poesia é
Iluminação.”
MEU
NOME
Vim de longe
Além das letras
Chegando de carona
Na cauda do verso mais longo.
Misturo alegria, tristeza,
Melancolia, angustia,
Saudade, e eterno amor
Em poemasdegustados
Sabor de fel...
Sentidos apurados
Quando perdemos a visão do mundo.
Andarilho declamador
Admirado também pelos materialistas
Que teimam em viver apenas
Do que é real. Adorável vento que não
tocamos.
Divirto-me com o brincante Ser que
habita em mim,
Versos que trago
Dimensão chamada Verdade
Ao mundo transitório.
Sou de carne e osso...
Grande espírito viajante
Na busca do equilíbrio
Tendo minha cota
De responsabilidade
Com os meus iguais
Assim chamam-me... Poeta.
*Fernando
Matos, pernambucano
das artes, 41 anos de Poesia, membro da UBE/PE, União Brasileira de Escritores
em Pernambuco e da Academia IPÊ (Academia Internacional de Poetas e Escritores
de Enfermagem). Livro publicado: “Eu, a natureza e a vida”, em 1998.
Participação em diversas Antologias Poéticas ao longo dos anos, com honra ao
mérito ao trabalho literário. Participação na Bienal do Livro em
Pernambuco/2017 com a Antologia: Chuva Literária (lançamento da obra). Últimas
Antologias, “Unyversos” pela UNY Editora e Conexões Atlânticas pela In-Finita
(Lisboa/Portugal). Agora tenho a honra de participar com outros Nobres Poetas
da Antologia “Carrero com 70” / 2018 pela CEPE – Companhia Editora de
Pernambuco.
LUIZ
ALBERTO MACHADO*
“A poesia é a minha maneira de me
sentir vivo.”
COLHENDO SONHOS NOS GALHOS DA VIDA
Ainda ontem
semeava futuro tropeçando no presente.
Distâncias sem
fim e o triz nas perdas do tempo que sangram escombros de agora.
Sou rios das
terras que deixei e deságuam na minha solidão.
Mais que nunca
a voz ao muro, como um pé na porta e a fuga do frio.
Há muito mais
que olhar pros lados e ver apenas o que está visível.
Intenções
ignoradas, afetos roubados, emoções escondidas, eu sinto mesmo pelas costas o
abraço: da janela insone sou a chuva na madrugada.
É tudo o que
tenho e me valho não ter outra opção.
Aponto
adiante, passos de esperança como o dia que teima amanhecer.
Se não tem
jeito, está feito, sou o que ficou de quem partiu entre estrelas, olhares,
errâncias, entre lapsos e lembranças, coisas que esqueci e não,
Voo colhendo
sonhos nos galhos da vida.
*Luiz
Alberto Machado nasceu
em Palmares, PE, e residiu mais de trinta anos em Maceió (AL). É ‘cantautor’,
radialista e pesquisador nas áreas das Neurociêcias ligadas à Educação, Direito
e Psicologia. É autor de livros publicados de poesias, infantis, ficção,
literatura de cordel, peças teatrais e de pesquisa. Realiza shows, palestras,
oficinas, recreações, contação de história e participa de grupos de pesquisa,
debates e congressos nas áreas de atuação. É editor do blog Tataritaritatá:
NEILTON
LIMA*
“Em tempos de caos ou temperanças, a
poesia eleva, e nos traz, ao seu modo, alguma esperança; não que a Arte salve
ou tenha tal missão, mas as palavras ditas, escritas nas águas, folhas ou
telas, grita, nas vozes dos poetas, a liberdade de alguém em vida. Escrever,
escreviver, criar frutos futuros, visões; simplesmente ter, rodeados de um
vazio social, uma janela aberta: e dela contemplar uma possibilidade infinita.
Eis a poesia (alma), o poema (corpo), as palavras (veias) que habitam em mim e
que procuro transcender em sons, imagens e ideias.”
NOVENA
Estás vestido com a pele que a terra
te ofereceu
Não crês no sagrado, mas não és ateu
Trazes nas veias uma larva
incandescente
Magma, sangue, veneno de serpente
Chamam teu nome em cada canto do
universo
Brotas dos frutos, das lágrimas no
inverno
Não és folha, nem homem, nem poeta
Então por que segues por esta trilha
incerta?
A procura na noite uma porta aberta
Em que o desesperado fim é a tua
grande meta
Deixando o céu para conhecer o inferno
Colhendo espinhos e dentro de si
sempre imerso
No reino tortuoso do inconsciente
Onde o medo é um ser crescente em ti
presente
Despertas! Crê em ti e no que é teu,
Pois estás vestido com a pele que a
terra te ofereceu.
*Neilton
Lima
é Mestre em Teoria da Literatura (UFPE, 2007). Licenciado em Letras Português /
Inglês (UFPE, 2003). Professor de Língua Portuguesa e Literaturas na FOCCA (Coordenador
e Professor do Curso de Graduação em Letras); Revisor ortográfico da Revista
Scientia Una; na São Miguel (Letras, T.I. e Fonoaudiologia); na FACOL
(Pós-Graduações); na UBE (Coordenador de Eventos). Membro da Câmara Brasileira
do Desenvolvimento Cultural. Poeta, Escritor. Publicações: Antologias: Mutirão
de Poesia, RS (1997), Nova Geração da Poesia Brasileira, RJ (2002); Staccato, PE
(2005); Áfricas de África, PE (2005), Revista Café com Letras, PE (2006), Em
Pessoa PE (2007), Revista Scientia Una, PE (2009; 2010; 2014; 2015; 2016), Falo
com Flauta & Poesia, Selma Ratis PE (2012), Poesia Pernambucana Hoje. Vol.
1. Vital Corrêa de Araújo PE (2013); Um Jeito Diferente de Filosofar, Martinho
Queiroz, PE (2014); Dicionário Escolar da Diversidade Cultural Pernambucana, Adriano
Marcena, PE (2014). Dossiê de Gustaff, Alexandre Santos, PE (2015); Raspando o
tacho, Adriano Marcena, PE (2015). Além de poemas e estudos ainda inéditos.
PAULO
CALDAS*
“A poesia é a síntese dos sentimentos
humanos, "a soma do sumo", como ensinou Alberto da Cunha Melo.”
O
SOL ALÉM DA MINHA RUA*
O sol além da minha rua
Espia entre folhas inibido
Conduz com luz de olhos claros
O amor pelas sombras escondido
Ilumina inquieta incita
Se espalha pelo mundo refletido
Nave de voo incandescente
Nos leva ao céu de amor tingido
Quando noite envolto em mistérios
Tristonho sonha sonhos mal dormidos
Na agonia das horas, insone espera
Se entregar ao amor amanhecido
*do
livro “Cículo amoroso”, Bagaço, 2016.
*Paulo
Caldas
é um dos mais importantes escritores pernambucanos. Nasceu em Recife e iniciou
a carreira em 1980, com a primeira versão de “No tempo do nosso tempo”, reunião
de crônicas sobre a juventude recifense nos inesquecíveis anos de 1960, em
parceria com o cronista Evaldo Donato, com o selo das Edições Pirata. Graduado
em economia e jornalismo. Caldas publicou dezenas de livros, alguns deles
adotados em escolas. Publicou em 2016, pela Bagaço, “Círculo Amoroso &
outros poemas”. Atualmente ministra várias oficinas literárias.
S.
R. TUPPAN*
“A Poesia vem da Vida, com tudo o que
nela há. A Arte Poética se concretiza no poema. As Artes, desde sempre, são
multimediais (a Comunicação delas pega emprestada essa multimedialidade).”
A Canção dos Meninos Mortos
Sete meninos
mortos
Nas calçadas
do Brasil
Sete zil
anônimos assassinados
Filhos da
Pátria puta que os pariu
Sete zilhões
de consciências
Entregues ao
vício verde-amarelo-branco-azul anil
Sete zilhões
de corações
Vezes setenta
triviolações
Setecentas
tantas outras
Formas de
alienação
Sedentos
vermes da morte
Cumprindo sua
função
Sete vezes me
alucino
Vezes sete
digo não
* * *
Ser tão comum
Igualmente
amoroso
Vê o vento da
noite
Levar sua vida
embora
Embora uma
vida de cão
Flores
setembra a Primavera
[Do livro ATINGUASSU, inédito]
*S. R. Tuppan - Poeta,
Educador, Produtor, Editor, Comunicólogo. Criou e publicou o 'demo book'
"ATINGUAÇU" (Poesia, Recife, 1995). Tem poemas publicados em jornais,
revistas, fanzines, cartazes, antologias, coletâneas, blogues e sites na
Internet. Aparece em programas de rádio e TV, vídeos e documentários
audiovisuais. Editor-Fundador da Revista e Portal de Literatura e Artes POÉTICA
XXI. Ministra a "Oficina da Poesia" (história, recital e preparação
corporal). Ativo participante de movimentos artísticos e
sociais, desde 1990 tem recitado em diversos eventos e ocasiões, em várias
cidades e Estados do Brasil. Criador e Coordenador Geral do Alt Fest ! – evento
de Literatura e Artes Integradas, paralelo à Fliporto, em Olinda (PE);
atualmente, em reformulação.
WILSON
FREIRE*
“Poesia pra mim. É o voo pássaro de um homem que
não tem cachê pela vida.”
PREDADOR
-
A Vida é macho ou fêmea?
PRESA
-
É fême(r)a.
Das
feridas de Frida,
A
não pintada
É
a mais dolorida.
*Wilson
Freire nasceu
em São José do Egito, Sertão de Pernambuco, em 1959, vive em Recife, é médico, escritor,
compositor, cineasta, participou das
coletâneas “Novo Conto Português Brasileiro” PUTAS. Quasi Edições - Vila Nova
de Famalicão/Portugal 2002, “Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século”.
Coleção Cinco Minutinhos Ateliê Editorial – São Paulo 2004. Autor do Romance:
“A Mulher que queria ser Micheliny Verunschk”. Edith - 2011. E do livro de
haicais – “Haikaiando” – Candiero Produções – 2012. A Última Voz, Novela- Mariposa Cartonera – 2015. Parceiro
de ANTÔNIO NÓBREGA nos CDS: "Na Pancada do Ganzá" - Prêmio Sharp de
Música 1997 (Melhor música e melhor CD); "Madeira que Cupim não Rói"
1998; "Pernambuco Falando para o Mundo" 1999; "O Marco do Meio
Dia" 2000; "Lunário Perpétuo" 2002; “09 de Frevereiro” 2006 e
2007. Autor do conto "Conceição" adaptado para o cinema. Curta
metragem com direção de Heitor Dhalia. Co-roteirista, com Heitor Dhalia, do
longa-metragem "As Três Marias" (roteiro premiado pela Fundação Hubert Bals - Roterdã - Holanda/2000).
Roteirista e diretor do filme “Uma Cruz, uma História e uma Estrada”. Vencedor
do concurso do DOCTV III – PE. Vencedor do festival de vídeo Eco - Amazônia –
2008 (melhor fotografia) Roteirista e diretor do filme “Miró: Preto, Pobre,
Poeta e Periférico” 2008 – Documentário. Vencedor da Amostra Pernambucana de
Vídeos Cine PE/2008. Vencedor do Festival de Vídeos de PE/2008. Vencedor do
prêmio Melhor Documentário do 1º Festival de Cascavel PR/2008. Vencedor do
Festival de Vídeo de João Pessoa/2008 (melhor documentário). Roteirista e
diretor documentário do curta metragem “Zé Monteiro, O Homem que venceu as
Cinco Mortes” – 2012 - Melhor filme :
Júri popular e oficial – Amostra Os Sertões festival de Triunfo – PE.
# Roteirista e diretor documentário do longa metragem “Nelson Barbalho, o imortal
do País de caruaru.” – 2014.
VII SARAU VIRTUAL
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