II SARAU VIRTUAL
PARTICIPAÇÕES
JOSÉ
TERRA, LÁZARA PAPANDREA, IVAN MARINHO, FLÁVIA SUASSUNA E TACIANA VALENÇA
JOSÉ
TERRA
“Escrever é saber ver
Poesia em todo lugar e trabalhar em cima dos detalhes. Sou perfeccionista e
Poesia é alimento para mim. Ser Poeta é um desafio em qualquer parte do mundo. É
contribuir com participação e respeito na existência de outras pessoas.”
O PRINCÍPIO É
A MULHER
Tudo
que é lírico
Tem
a sensibilidade em forma de mulher
É
quando a pétala feminina
Anuncia
a nossa humanidade
Em
qualquer hora do dia
Na
língua do fogo
Para
além do Poema
A HUMILDADE DE
JESUS
Quando
lancei minha Poesia no ar
Com
a mão direita do vinho e a mão esquerda da rosa
Todos
(sem exceção!) pegaram meus poemas :
Loucos,
Lúcidos, Poetas, artistas em geral...
Rainhas
Camponesas, Princesas Urbanas,
Mães
de todas as épocas...
Putas,
Gays, Alcoólatras, Drogados, Todos os marginalizados...
Lobos,
Porcos, Cachorros, Gatos...
Só
restou um Poema!
Jesus
veio à Terra e pegou o meu Poema
Para
proclamá-lo no Novo Sermão da Montanha
E
no Recital de Poesia do Céu
LÁZARA
PAPANDREA (MG)*
“A poesia para mim é caminho e
descaminho, ponto de chegada e partida, lugar de não estar, do qual recolho
abismos e rosas.”
UM TEMPO DE:
Quisera
um tempo sem chuvas
onde
as luvas do dia caíssem feito sol
nas
abóbadas do ar sem precisar
desse
intento de nãos nas faces da tarde
Sem
precisar esses disfarces sombrios
abraçando
as montanhas
Quisera
um tempo
onde
as entranhas da terra gemessem
um
estranho vento de luz
E
um fogaréu de azuis se estendesse
pelo
céu como um manto de virgem louca
costurado
à boca das eras
Um
tempo onde as megeras do sol
montassem
os esplêndidos cabelos do vento
e
afugentassem as sombras cavernosas da noite que chove
Um
tempo onde as dores do mundo
estivessem
de luto perpétuo e que o luto fosse luz e desapego
Um
tempo.
Um
tempo de.
Senão
o que esperar do céu?
*Lázara
Papandrea, natural de Pouso Alegre, MG. Publicou o livro de poemas " Tudo
é Beija-Flor", Editora Penalux. Escreve regularmente no blog www.vestesdepalavras.blogspot.com
IVAN MARINHO
“Vejo
a poesia mais como voo, do que asa”.
GUERRA E PAZ
Forjar
o ferro e fazer o fuzil
Que
apontará na sua direção.
Obedecendo
a lei tão cegamente
Que
as flores cruzarão sua janela.
As
velas continuarão acesas
E,
abertos, olhos permanecerão
Vidrados
na esquife que emoldura
Toda
imobilidade do silêncio.
Ou
rasgará com uma faca de fogo
E
as velas com o vento apagarão,
O
sangue fertilizará o solo
Que
se dará ao corte do arado.
Entre
o que grita e o que se cala
Vagando
pela mão e a contramão,
Semeada
a poesia sobre a terra,
Sem
saber se o fruto é um dom da paz
Ou
se ela, a paz, fruto da guerra.
FLÁVIA
SUASSUNA
“Escrevo para entender e para
explicar. Quando a clareza é boa, uso a prosa; quando as coisas estão confusas
e apenas intuo compreensões, escrevo poemas, que são a tecnologia de ponta de
uma língua. Ou seja: quando a gente não sabe, escrevendo poemas, a gente vai
devagar descobrindo. A poesia é isto: uma ferramenta de elaboração das novas
compreensões.”
DAMASCO
Também
já
houve em mim
usança
de silêncio:
fui
tarântula vã
que
tecia o nada
no
extravio da seda.
Concebia
fendas
tecia
grotas
arrenegava
o fio
que
me urdiria o ser.
Tarântula
ou ostra:
engendrava
a pérola
que
se perdia
de
guardada.
Mas
me cansei de morrer.
Preciso
ser tarântula
para
compor
o
tecido que me faz;
careço
lavrar, na seda,
o
desenho
que
me cria.
Minha
voz agora
me
faz
me
descortina
me
lança
me
mata
de
ventura.
Porque
nasci tarântula
nasci
para tecer:
segrego
a seda
e
com ela
teias
são tecidas.
Não
importa
o
indizível:
tanto
urdirei
contra
ele
que
se estiolará.
Minha
palavra
ou
minha teia:
seda
e vazio
que
concebo
que
me concebem
para
além
de
meu destino
de
inseto.
TACIANA
VALENÇA
“A poesia está em mim
por toda uma vida. Eu amo poesia, é um carinho para minha alma, uma terapia, um
ato de expurgo do que entala, move, mexe e explode em linhas que, de alguma
forma, me deixam mais leve e feliz.”
MAR MANSO
Salvaguardar
a tranquilidade
no
vazio do esquecimento.
Mar
manso nas mãos,
dominadas
pela ilusão.
Não
se anseia no perene,
arco-íris
além mar,
distante
tão distante
sabe-se
lá onde vai dá.
Cinzas
jogadas sobre as águas,
delicadamente
descansam,
quem
sabe sobre estrelas
que
às sereias encantam.
E
que se ouça seu canto
no
baile triste do desencanto,
ecoando
aos ouvidos aturdidos,
verdadeiro
motivo do mar manso.
II SARAU VIRTUAL
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
05:00
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quero parabenizar aos poetas que contribuíram com seus poemas para abrilhantar o nosso sarau. Meu muito obrigado.
ResponderExcluirGostaria de Parabenizar os amigos Poetas Natanael , Frederico e José Luiz por terem me publicado no segundo sarau virtual do Domingo com Poesia!Fico feliz de estar ao lado do Poeta Ivan Marinho e das brilhantes Poetisas Taciana Valença, Flávia Suassuna e Lázara Papandrea
ResponderExcluirExcelente a qualidade dos poemas. A poesia mais próxima da gente!
ResponderExcluirPoemas de altura e beleza... Parabéns aos poetas participantes do Sarau! Feliz por estar entre gente de alta vocação, como os editores!
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