PANORAMA LITERÁRIO
4º PRÊMIO PERNAMBUCO DE LITERATURA
São 40 mil em prêmios e a publicação dos
livros pela Cepe Editora. Este ano as inscrições são exclusivamente
online. Mais simples, impossível. Mas não deixem de ler o edital em www.cultura.pe.gov.br/literatura
GRÁMÁTICA DO CHOVER NO SERTÃO, NOVO
LIVRO DO POETA EUGENIO JERÔNIMO
Escritor
pega as veredas da tradição popular e valoriza artesanato poético
No livro Gramática
do chover no sertão, o poeta Eugenio Jerônimo utiliza as formas consagradas
pela lírica sertaneja, mas não abre mão de refinados recursos de
linguagem.
Mourão, decassílabo, sextilha, sete-linhas, oitava-rima,
galope, quadra, quadrão. Esses são os modelos poéticos com que o pernambucano
Eugenio Jerônimo escreveu o seu Gramática do chover no sertão. Quanto à
temática, o autor também se serve de assuntos centrais da lírica sertaneja,
como a antítese seca, que simboliza o martírio do sertanejo, versus inverno,
que representa a redenção do povo do interior nordestino. Na lista temática
aborda também o passado como paraíso da felicidade perdida e a desestabilização
produzida pelas rápidas mudanças tecnológicas e sociais. Sem esquecer de
criticar a ganância desmedida da indústria de cultura de massa, que surge como
ameaça à sedimentada e rica cultura local.
O poeta adverte que “fazer poesia popular não é
enfileirar uma sequência de rimas em ‘ão’, apenas para satisfazer a exigências
de métrica e rima”. Assim, o autor persegue o artesanato poético. “Existe a
equivocada visão de que a arte popular é espontânea. Ora, isso é uma
ignorância. Espontaneidade é do plano da realidade, não do plano da literatura,
e menos ainda da poesia. Como toda expressão artística, a poética popular é
invenção, trabalho artesanal”, completa Jerônimo.
Exemplos desse artesanato poético são os versos de
Gramática do chover no Sertão: “Em tenor o trovão toca trombeta”, em que é
evidente o efeito da aliteração do fonema /t/ para imitar a voz do trovão; ou
“Vê-se o homem uma gaita assoprando/Numa espiga de milho do monturo”, metonímia
na qual o movimento de comer milho é transposto para o de tocar uma gaita.
Ainda outro exemplo, este do poema Quando o tempo era menino: “Hábeis mãos
solteironas de uma tia/De fazenda poupavam certa sobra,/De boneca faziam prima
obra./Um botão de ser olho se fingia”, quando mais uma vez Eugenio Jerônimo
recorre à metonímia.
O livro está dividido em três seções: Poemas a granel,
onde se agrupam textos de maior fôlego; Versos de sete polegadas, que se compõe
de poemas curtos; e Paiol de pilhérias, que reúne os textos marcados pela
natureza humorística e picaresca.
Natural de Iguaracy, Sertão do Pajeú, Eugenio Jerônimo
lembra que viveu até a adolescência – o autor trocou o semiárido pelo litoral
aos 16 anos – dentro da influência da cultura poética oral da região. “Nunca
deixei de versejar em nossa tradição poética. Mas fazia isso apenas como
exercício, para manter afiadas as palavras e a estética. Agora resolvi publicar
um livro dentro dessa escola.”, revela.
Mestre em linguística pela UFPE e professor do ensino
superior, o escritor lançou em 2009 o livro Aluga-se janela para
suicidas(contos), em que aborda a violência urbana pelo viés do fantástico.
Edição Sustentável – O livro é editado pela Nordeste Cartonero. Tem projeto gráfico de
Bárbara Dannielli e Adilson Jardim (criadores da editora) e capa assinada pelo
último, que usa papelão reaproveitado de caixas de embalagens. Assim, cada
exemplar – as capas são pintadas, finalizadas e costuradas a mão – é de fato
uma peça única. O editor/artista chama a atenção para o fato de que a
alternativa editorial não pode ser vista como solução barata e tosca, de acordo
com o pensamento equivocado de alguns. “Vendemos livros, o trabalho intelectual
de autores”, destaca Jardim.
Serviço:
Lançamento do
livro Gramática do chover no sertão, com recital
Dia: 05 de
março
Hora: meio-dia
Local: Mercado
da Madalena – Canto Sertanejo, Box 15
Editora:
Nordeste Cartonero
Valor: R$
15,00
PANORAMA LITERÁRIO
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
07:00
Rating:
Muito felizes de poder participar deste espaço, Natanael Lima, e poder divulgar a cultura poética de nosso estado, de nosso país e do movimento cartonero, que vem crescendo em todo o planeta.
ResponderExcluirAbraços de papelão.
Bárbara Bárbara e Adilson Jardim.