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Texto e Textualidade I

por Natanael Lima Jr*










 Imagem: Reprodução
Habilidades e Competências: eis os requisitos para a construção textual



O uso da linguagem é um desafio permanente e preocupação constante de profissionais e usuários, principalmente quando se trata da linguagem escrita.

Escrever um texto é para muitos um exercício que requer habilidade. Inúmeros desafios começam a surgir, e um deles é a insuficiência de conteúdo. As ideias não fluem e, mesmo quando surgem, há uma grande dificuldade de organizá-las.

A realidade é que a escrita é um exercício que requer habilidade, determinação, paciência e prática constante. Habilidades essas que progressivamente vão sendo conquistadas com o hábito da leitura e com a visão crítica de sociedade que o indivíduo interage.

A escritora Maria Costa Val (2004), em seu livro Redação e Textualidade, aborda que para se melhor compreender o fenômeno da produção de textos escritos é necessário entender previamente o que caracteriza o texto, escrito ou oral.

Pode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. Um texto entende-se como uma organização interna específica, construída pela sequência de suas partes e pela articulação lógica entre ideias e palavras. Essas relações é que fazem um texto apresentar textualidade, isto é, ser um todo significativo, e não um aglomerado de palavras e frases sem nenhuma conexão.

De acordo com a escritora, entendemos por textualidade o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases.

Beaugrande e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer; a coerência e a coesão, que se relacionam com o material conceitual linguístico do texto, e a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade, que tem relação com os fatores pragmáticos.


*Natanael Lima Jr é poeta, pedagogo e editor do blog Domingo com Poesia









Poemas de Frederico Spencer, Jaci Bezerra, Deborah Brennand e César Leal



Poema empreendedor
Frederico Spencer


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Durante os anos
contemplei a poesia, seus versos
construi da argamassa dos dias maus
ou bem vividos.
Dessa história me fiz poeta
hoje, para transformá-la
em realidade, fugindo dos sonhos
nos escritórios dos homens protocolares
pena a poesia nesses dias
de ofício regimental
com os carimbos cartoriais
espera grávida
sua linha grafada ser libertada
com o apoio governamental
de paletó e gravata se abrirá
para a verba do dia
seu tempo gestacional.





Lapiseira com paisagem*
Jaci Bezerra

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Tua vida cabe no teu lápis: cartucho
de lembranças que se negam a morrer:
os azuis em flor da infância
aninhados na penumbra antiga:
tuas paisagens de mar e vento,
poças de verão, manchas de pássaros.
Teu lápis te condena a brunir
o que na vida é verbo e imagem:
inclusive a chave de ouro dos sonetos
onde as palavras fremem de amor.
No teu lápis cabem os teus livros
o corpo de água e luz da tua namorada:
as palavras que sonham e amanhecem
respirando em tuas mãos como casas abertas.
Teu lápis é a tua casa, os teus medos,
o teu silêncio e os teus remorsos:
o rumor dos vivos e dos mortos
que diariamente invade os teus cadernos.

*In Linha D’água, 2007, p. 19





De amarelo
Deborah Brennand*


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Hoje devo me vestir de amarelo:
espantar os olhos negros da solidão,
tal a luz do girassol de ouro dourado
que abre pétalas iluminando nuvens.
Quem saberá (nem ela mesma) o artifício
usado para enganá-la? Sonhos? Jardins?
Não digo. Hoje me visto de amarelo
e vou, nos ramos, entoar da ave o canto.
Quero espantar olhos de solidão
que vem das grutas e abandona montes
para comer a relva rubra do meu coração.
Mas hoje, de amarelo, espantarei a fera
Fugindo, à procura de outra vítima:
Quem sabe, a mata?

*Déborah Brennand é poeta e da Academia Pernambucana de Letras





Poema da noite menor
César Leal*

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Desça a noite suavemente
ao encontro das auroras
movendo remos de sono.
Venha a linguagem das pedras
sangre o peito dos rochedos
à lança dos furacões.
Bandeiras de vento ondulem
na terra oculta dos sonhos
as trevas sepultem luas.
Nuvens caídas repuxem
meu corpo de luz suspenso
pelas cordas do arco-íris.
Nos labirintos da morte
— a espessura do silêncio
e a rota desconhecida.

*César Leal é poeta, jornalista, professor universitário e crítico literário








“Educação para a Independência do Pensamento” de Albert Einstein*

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Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A nãoser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade. Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contactos vivos com os professores, de forma alguma se encontram escritas nos manuais. É assim que se expressa e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor “As Humanidades”, quero recomendar esta cultura viva, e não um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto de eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. Ora, a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura. O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa.


*In Como vejo o mundo



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