RIBEIRO COUTO
(Santos/SP,
12/03/1898 - Paris em 30/05/1963)
Poeta,
contista, romancista, jornalista, magistrado e diplomata. Considerado neossimbolista,
participou da Semana de Arte de 1922, sua poética era triste e terna, ficou
conhecido como um “penunbrista”. Foi
redator do Jornal do Brasil e logo depois seguiu para Marselha (França), onde
assumiria o posto de Vice-Cônsul Honorário e depois ocupou o cargo de Adido
Cultural do Consulado Geral. Em 1958, conquistou em Paris, o Prêmio
Internacional de Poesia, outorgado a estrangeiros, pelo livro “Le jour est long” que escreveu em
francês. Sua obra mais famosa é “Cabocla”,
adaptada duas vezes para a televisão. Muitas de suas obras foram traduzidas
para o francês, italiano, húngaro, servo-croata e o sueco. Foi o quarto
acadêmico da Cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Letras (1934/1963),
sucedido por Gilberto Amado. Tornou-se amigo e confidente de Manuel Bandeira.
Principais
Obras: O jardim das confidências (1921);
Poemetos de ternura e de melancolia (1924); Um homem na multidão (1926);
Canções de amor (1930); Noroeste e outros poemas do Brasil (1932); Província
(1934); Cancioneiro de Dom Afonso (1939); Cancioneiro do ausente (1943); Entre
mar e rio (1952); Poesias reunidas (1960); Longe (1961).
Chuva
A chuva fina molha a paisagem lá fora.
O dia está cinzento e longo... Um longo dia!
Tem-se a vaga impressão de que o dia demora...
E a chuva fina continua, fina e fria,
Continua a cair pela tarde, lá fora.
Da saleta fechada em que estamos os dois,
Vê-se, pela vidraça, a paisagem cinzenta:
A chuva fina continua, fina e lenta...
E nós dois em silêncio, um silêncio que aumenta
se um de nós vai falar e recua depois.
Dentro de nós existe uma tarde mais fria...
Ah! Para que falar? Como é suave, branda,
O tormento de adivinhar — quem o faria? —
A chuva fina molha a paisagem lá fora.
O dia está cinzento e longo... Um longo dia!
Tem-se a vaga impressão de que o dia demora...
E a chuva fina continua, fina e fria,
Continua a cair pela tarde, lá fora.
Da saleta fechada em que estamos os dois,
Vê-se, pela vidraça, a paisagem cinzenta:
A chuva fina continua, fina e lenta...
E nós dois em silêncio, um silêncio que aumenta
se um de nós vai falar e recua depois.
Dentro de nós existe uma tarde mais fria...
Ah! Para que falar? Como é suave, branda,
O tormento de adivinhar — quem o faria? —
As palavras que estão
dentro de nós chorando...
Somos como os rosais que, sob a chuva fria,
Estão lá fora no jardim se desfolhando.
Chove dentro de nós... Chove melancolia...
Somos como os rosais que, sob a chuva fria,
Estão lá fora no jardim se desfolhando.
Chove dentro de nós... Chove melancolia...
RIBEIRO COUTO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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11:11
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