GONÇALVES CRESPO
(Rio
de Janeiro/RJ, 11/03/1846 – Lisboa, 11/06/1883)
Jurista
e poeta. De tendência parnasiana. Foi membro das tertúlias intelectuais
portuguesas da última fase do século XX. Filho de mãe escrava, aos dez anos
fixou residência em Lisboa e estudou direito na Universidade de Coimbra.
Dedicou-se essencialmente à poesia e ao jornalismo. Influenciado pela escola
parnasiana, nas suas obras poéticas abandonou a estética romântica,
afirmando-se como poeta de grande qualidade em sua época. A sua poesia
enquadra-se na linha realista, por retratar aspectos marcantes da vida
cotidiana. Foi o introdutor do Parnasianismo em Portugal. O seu reconhecimento
foi alcançado em 1887, quando foram publicadas suas “Obras Completas”, com prefácio de Teixeira Queirós e Maria Amália
Vaz de Carvalho, sua esposa. Faleceu em 1883, vítima da tuberculose com apenas
37 anos de idade.
Principais
Obras: Miniaturas (1870); Nocturnos
(1882).
Mater dolorosa
Quando se fez ao largo a nave escura,
na praia essa mulher ficou chorando,
no doloroso aspecto figurando
a lacrimosa estátua da amargura.
Dos céus a curva era tranquila e pura;
das gementes alcíones o bando
via-se ao longe, em círculos, voando
dos mares sobre a cérula planura.
Nas ondas se atufara o Sol radioso,
e a Lua sucedera, astro mavioso,
de alvor banhando os alcantis das fragas...
E aquela pobre mãe, não dando conta
que o Sol morrera, e que o luar desponta,
a vista embebe na amplidão das vagas...
GONÇALVES CRESPO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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20:24
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