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ROMERO FALCÃO: ASAS DAS HORAS (ENTREVISTA)

 Postado por DCP em 24/02/2023

 

Entrevista concedida a Natanael Lima Jr, editor do site DCP





A leitura é fundamental para tudo na vida, mas para quem quer se aventurar na escrita, é preciso ler com amplidão, atenção redobrada, sem pressa, apreendendo as sutilezas psicológicas do autor. 





Imag.: Reprodução I Arte: DCP











Romero Coutinho de Arruda Falcão nasceu no Recife, em 15 de julho de 1964. Estudou em escolas públicas, Pintor Manoel Bandeira e Ginásio Pernambucano. É graduado em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Iniciou a publicação dos seus textos na internet. Asas das Horas é o seu primeiro livro de crônicas. 





DOMINGO COM POESIA - Um grande prazer realizar essa entrevista e conhecê-lo mais de perto. Quem é Romero Falcão?

 

ROMERO FALCÃO - Sou um ser atento ao mundo por vários ângulos que a vida oferece. Tudo que é uniforme me aborrece. Os contrários, a dualidade, a dialética eclética faz meu pensamento dar cambalhota numa roda de capoeira que se levanta num giro de balé clássico. Bebo em águas límpidas, turvas, mansas e violentas que banham o homem de versos, vertigens e infinitas correntezas. Não sou religioso no sentido dogmático, mas sinto o sagrado nas diversas formas que se manifesta diante dos meus olhos, dentro do meu coração. Busco o humano, o essencialmente humano, nessa rede que nos prende, fisga com anzol virtual. "Peixe" dentro de aquários, grupos de Zap, que se debatem e se abatem em combates felizes e vaidades supremas.

 

DCP - Quais as suas referências literárias?

 

RF - Na infância li Gibi. “Contos da Carochinha”, de Figueiredo Pimentel. Monteiro Lobato. Na adolescência, li com muita dificuldade Dom Casmurro, o Alienista, de Machado de Assis. Depois me encantei por Graciliano Ramos, Jorge Amado e Lima Barreto Já na fase adulta meus olhos encontraram alguns clássicos da literatura russa: Dostoiévski, Turguêniev e Tchekhow. Albert Camus, Kafka, Clarice Lispector, Saramago, Carolina de Jesus vieram depois

 

DCP - O seu livro "Asas das horas" é uma coletânea de crônicas. Fale um pouco sobre ele.

 

RF - Ganhei um pouco de vivência nesse gênero crônica, lendo os mestres Antônio Maria e Rubem Braga. Asas das Horas é um voo sobre o cotidiano da cidade, das pessoas, dos instantes aparentemente insignificantes, que aos olhos do cronista criam asas, levantam voo. É também um livro que trata das belezas e das mazelas da cidade do Recife. O descaso com o patrimônio histórico. O Recife esquecido pela geração shopping center. Há também no livro questões sociais, humanas, de convívio urbano, o precário transporte público. A nostalgia, o Recife que eu via na infância e não vejo mais e pousa nas páginas do meu livro.

 

DCP - Onde você começou a divulgar suas crônicas? E como foi a receptividade dos leitores?

 

RF - Comei a escrever diretamente na linha do tempo da rede social Facebook. Daí as curtidas e os comentários positivos foram aumentando a cada texto. A ponto de me cobrarem para publicar um livro. A receptividade foi ótima. 

 

DCP - Por que só agora você resolveu lançar este livro? Quem ou o que te motivou?

 

RF - Nunca tive pretensão de publicar minhas crônicas. Resolvi lançar agora o livro, porque senti que era o momento, já que havia uma grande produção, mais de quatrocentas crônicas no arquivo do computador. Então chegou a hora de fazer uma triagem. O que me motivou foi o número de leitores virtuais, através das redes sociais, que liam meus textos e me cobravam a publicação um livro. Percebi que era o momento de minhas crônicas irem além das redes, ganharem outros mares e o mundo, nas páginas de um livro.

 

DCP - O que o levou a produzir textos para a internet?

 

RF - Minha escrita se inicia na infância, minha mãe notou que eu tinha jeito pra escrever, então me estimulou a narrar meus passeios, brincadeiras. Com a morte abrupta da matriarca nos meus 11 anos, o abalo foi tão grande que o menino escritor também morreu. E só veio ressuscitar quando este cavalo velho completou 51 anos. Nessa época tive um problema sério na coluna que me deixou no estaleiro por três meses. Durante a licença médica, sem trabalhar, ocioso em casa, passei a escrever e publicar no Facebook

 

DCP - Qual a importância da leitura na formação de um escritor?

 

RF - A leitura é fundamental para tudo na vida, mas para quem quer se aventurar na escrita, é preciso ler com amplidão, atenção redobrada, sem pressa, apreendendo as sutilezas psicológicas do autor. Ler como se estivesse escrevendo um texto paralelo. Testando, tentando criar de alguma forma um estilo.

 

DCP - Como foi a experiência em publicar o seu livro na Imagética Edições, uma editora independente?

 

RF - Para um marinheiro de primeira viagem, foi uma experiência extraordinária. O editor Natanael Lima manteve o meu barco navegável, apesar dos mares revoltos que toda publicação há de enfrentar. Esta metáfora me ajuda a explicar o quanto a Imagética construiu meu livro com atenção, cuidado e esmero.

 

DCP - Suas crônicas convidam-nos a um passeio pelo Recife, as cenas urbanas da cidade, passado e presente estão no centro da sua produção. O que o Recife representa para o escritor Romero Falcão?

 

RF - O Recife para mim é um estado de poesia, de divagação. Tudo vem de um sentimento, uma emoção incrível que senti na minha infância quando vi pela primeira vez aquelas pontes se lançarem sobre o rio. Daí surgiu o meu amor pela cidade.

 

DCP - Agradecemos a sua entrevista e deixamos o espaço para você fazer as suas considerações finais e convidar os seus amigos e leitores para o lançamento do seu livro.

 

RF - Aproveito a ocasião para agradecer ao DCP esta oportunidade de divulgar o meu trabalho neste respeitado site literário. Quero também convidar amigos e leitores para o lançamento do meu livro, que ocorrerá no próximo dia 02 de março, a partir das 18h, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, no bairro de Santo Amaro, em frente ao Parque 13 de Maio, no centro do Recife.  Saibam que cada um de vocês tem uma pedra, um tijolo, uma viga na construção das minhas crônicas. Então, chegou o momento de experimentar o voo nas Asas das Horas.

 

 

 

Serviço

 

Livro: Asas das Horas

Autor: Romero Falcão

Editora: Imagética Edições

Ano: 2023

Gênero: Crônica

Nº de páginas: 143

Preço: R$ 40,00

Local do Lançamento: Biblioteca Pública do Estado de PE. Rua João Lira, s/n, Bairro de Santo Amaro, Recife-PE., em frente ao Parque 13 de Maio. Fone p/ contato: 3181-2642.

Dia: 02/03/2023

Hora: 18h. 















ROMERO FALCÃO: ASAS DAS HORAS (ENTREVISTA) ROMERO FALCÃO: ASAS DAS HORAS (ENTREVISTA) Reviewed by Natanael Lima Jr on 21:11 Rating: 5

3 comentários

  1. Parabéns caríssimo Romero FAlcão, por sua iniciativa em escrever um livro, conte com a gente. Sucesso!

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