O ESCRITOR DB FRATTINI COMENTA SOBRE O LIVRO "ENSAIO SOBRE A CANÇÃO ÁRIDA"
Postado por DCP em 28/01/2023
Por DB Frattini*
“Quando pego um livro de
poemas leio como quem reza, não procuro por influências ou 'ismos', não me
perco imaginando que este escreveu aquilo melhor do que aquele outro.
Considerações que não valem nada - estamos todos mais do que esfolados em todos
os sentidos; SAMUEL BECKETT gritou faz tempo: "Tudo já foi dito."
Tudo bem, então vamos atrás do
que se fez da poesia: sua forma; movimento e conteúdo.
"ENSAIO SOBRE A CANÇÃO
ÁRIDA" (Imagética Edições, 2019) de NATANAEL LIMA JR. celebra justamente
muitas (r)evoluções líricas, um feito para poucos artistas dedicados aos versos
- a poesia que é a maior célula de um idioma - não tenho espaço aqui para
escrever tudo que encontrei no livro de NATANAEL; faço apenas algumas
considerações para festejar a beleza desses poemas e a emoção desse imenso
artista.
O poeta consegue com a
simplicidade de suas canções despertar sentimentos, sensações e emoções das
mais variadas (quem escreve sabe o quanto é difícil amadurecer até a doçura e
limpeza do essencial). "ENSAIO SOBRE A CANÇÃO ÁRIDA" tomou muita
chuva na viagem de Pernambuco até minhas mãos, o envelope chegou todo ensopado
rivalizando com o próprio título do conteúdo. Chovia demais por aqui e os
carteiros a gente sabe como são. Posso dizer que bebi os versos com encantamento.
O poeta é apaixonante; arrisca e atinge a mosca: "...Chove as estações
/ e todas as eras." Ah, a "Face oculta das tempestades".
Poemas secos, caudalosos,
melancólicos, radiantes, felizes, danados, febris, ensolarados, versos sobre o
sentido dos próprios versos explodindo no interior do leitor. Nos encontramos
de uma maneira ou de outra em "ENSAIO SOBRE A CANÇÃO ÁRIDA". NATANAEL
decifra com rigor e leveza as mutações, lança luzes e sombras na criação de
imagens extraordinariamente palpáveis. Gosto de náufragos e o poeta entende o
desespero na calmaria de um condenado esquecido na 'secura' de um oceano dúbio
e revelador. De repente, descubro que o concreto está ali simplesmente pelo
fato de ser concreto, e NATANAEL LIMA JR. é poeta inteiro, maduro, dono de uma adaga
cinza cortante e que também acaricia, um mestre. Faça um favor para o seu
coração: leia "ENSAIO SOBRE A CANÇÃO ÁRIDA".
*DB Frattini é
artista plástico, diretor teatral e escritor paulista. É licenciado pela FEBASP;
professor de FECA (Fundamentos Estéticos da Composição Artística) e colunista da Tamarina - Revista Literária/SP, https://medium.com/tamarina-literaria
Instagram: dbfrattini
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