PARA OS 11 ANOS DO ENCONTRO DE ESCRITORES NO DOMINGO COM POESIA
Postado por DCP em 07/08|2022
Por Urariano Mota*
Os
autores pernambucano possuem em um só passo muita sorte e azar. A sorte vem do
nascimento na mesma terra de Manuel Bandeira, Joaquim Cardozo, Ascenso
Ferreira, Mauro Mota, Carlos Pena Filho, João Cabral de Melo Neto, Alberto da
Cunha Melo, Hermilo Borba Filho, Antônio Maria, Clarice Lispector, César
Leal.... Mas o azar vem de pertencerem à mesma terra desses nomes.
Imaginem
o que é dizer e dizer-se “estou ao lado de Manuel Bandeira, João Cabral...”. É
falar e dizer, sair e correr rápido, antes que comecem as vaias por haver
cometido tamanha e despudorada pretensão. Mas, por outro lado, hoje podemos
dizer que temos a sorte de poder publicar no Domingo com Poesia, esse lugar
criado por Natanael Lima, que abriga a todos, grandes e pequenos, mortais e
imortais que não têm onde cair mortos.
Coisa
rara faz Natanael: um professor e poeta que criou um lugar que não é exclusivo
das próprias criações. Isso é raro, difícil ou impossível, creiam, porque todos
escritores sofremos do imenso mal da vaidade, da ridícula vaidade, e até parece
que estamos em briga permanente para conquistar a glória, a glória, que não é
marca de leite em pó. É a glória de
aparecer sozinho numa luta maluca do eu contra o resto do mundo. “Eu, o supremo
idiota”, deveria ser dito.
Mas
o mais importante vem agora. O que escrevi uma vez para o aniversário da página
Domingo com Poesia, repito:
Este
é o lugar onde a literatura é tratada com todo o respeito que as letras
merecem. Num rápido passeio por suas edições, encontramos o melhor da poesia
pernambucana e brasileira: João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Paulo
Leminski, Jaci Bezerra, Alberto da Cunha Melo, Cida Pedrosa, Jorge Lopes, José
Luiz Melo, Maria de Lourdes Hortas, Ângelo Monteiro, José Terra, José Rodrigues
de Paiva, Virginia Leal, Thiago de Mello, Diego Mendes Sousa, Tereza Tenório,
Marco Polo, Valmir Jordão, Vernaide Vanderlei, Natanael Lima Jr. ...
E
não só poesia, prosadores também: João Almino, Everaldo Moreira Véras, Raimundo
Carrero, Paulo Caldas, Gerusa Leal, Marcelino Freire, Cícero Belmar, Moacyr Scliar,
e, entre outros, este escritor que lhes fala.
Mas
a esta altura, cabem algumas palavras mais. Para o professor que fui despertar
o interesse, o amor pela literatura em aulas, era raro ou impossível. Lembro
que ouvi muito a pergunta:
–
O que eu ganho com isso, professor?
E
com isso, o jovem, quando de classe média, queria me dizer, que carro irei
comprar com a leitura de Baudelaire? Que roupas, que tênis, que gatas irei
conquistar com essa conversa mole de Machado de Assis? Então eu sorria, para não
lhes morder. A riqueza do mundo das páginas dos escritores, gratidão que eu
tinha a quem me fizera homem eu sabia. Mas não achava o que dizer nessas horas
quando o petardo de uma frase de Joaquim Nabuco ganhava a zombaria de toda a
gente. Eu sorria e me punha a gaguejar coisas estapafúrdias do gênero os poetas
são os poetas, Cervantes era Cervantes. E me calava, e calava a lembrança dos
sofrimentos e humilhações em vida do homem Cervantes que dignificou a espécie.
–
O que eu ganho com isso, professor?
Se
jamais pude responder a pergunta com uma eloquência que movesse montanhas,
posso pelo menos agora dizer: publicar no Domingo com Poesia é bom. As leituras
que recebemos, as almas semelhantes que encontramos são um conforto. Leitores
ilustres, qualificados, famosos e anônimos. Ou como bem fala o editor Natanael
Lima Jr.:
“Que
coisa maravilhosa, o povo lendo literatura”.
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*Urariano
Mota é escritor e
jornalista, autor do Dicionário Amoroso do Recife, Soledad no Recife,
O filho renegado de Deus e A mais longa duração da juventude
Parabéns!!⭐👏👏👏
ResponderExcluirGrato
ExcluirParabéns pelo belo texto, Urariano! Muito obrigado pela referência ao meu nome.
ResponderExcluirGrato, José Rodrigues Paiva.
ExcluirMuito obrigado, José Rodrigues Paiva. Abraço!
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