A HISTÓRIA DE TARCÍSIO PEREIRA, O LIVREIRO QUE CONQUISTOU O RECIFE
Postado por DCP em 31|07|2022
Por Assessoria de Imprensa da Cepe*
Tarcísio Pereira, o homem que na década de 1990 conduziu a maior
livraria do Brasil, tem o seu perfil publicado pela Companhia Editora de
Pernambuco (Cepe). O livro foi escrito pelo jornalista Homero Fonseca e
apresenta a trajetória do livreiro e da icônica Livro 7, inaugurada no Recife
em 27 de julho de 1970 e fechada em 2000.
“Mesmo sem ter sido um criador de conteúdo, Tarcísio teve a maior
importância na vida cultural de Pernambuco”, destaca Homero Fonseca, ao falar sobre a publicação Tarcísio
Pereira – Todos os livros do mundo, da Cepe Editora. Ele nasceu em Natal
(RN), migrou para o Recife com a família, ainda adolescente, e morreu em 25 de
janeiro de 2021, aos 73 anos, por complicações da covid-19. Na capital
pernambucana, também foi editor e atuou como superintendente de Marketing e
Vendas da Cepe.
A publicação, com 308
páginas, traz relatos de parentes, amigos, ex-funcionários e admiradores do
livreiro, que se vestia de azul da cabeça aos pés. “O homem de azul se
tornou a persona de Tarcísio, isto é, sua imagem pública. Uma imagem que
começou espontaneamente, mas logo seria consolidada numa construção
milimétrica. Um conjunto formado por vários elementos: gosto, comodidade, moda,
superstição, marketing”, escreve Homero Fonseca num trecho do livro.
O trabalho é o
resultado de um ano de pesquisa e estudo, informa o autor, que optou por fazer
um perfil biográfico, “com os rigores possíveis de uma biografia e toques de
ensaio jornalístico.” No livro, ele resgata as origens da família de
Tarcísio no interior do Rio Grande do Norte, os efeitos de ter sido criado numa
casa com predominância feminina, o espírito agregador presente em toda a sua
vida, a história da Livro 7, a vocação de mecenas do movimento cultural do
Recife e a troça Nóis Sofre, Mas Nóis Goza, agremiação carnavalesca da
livraria.
“Antes de focar na
trajetória pessoal de Tarcísio Pereira, havia a necessidade incontornável de
mostrar o contexto da época. Contar a trajetória de Tarcísio é contar a
história da Geração 68, da juventude que saiu às ruas no mundo para se
expressar”, afirma Homero Fonseca. A livraria fundada no dia
27 do mês 7 de 1970 por Tarcísio Pereira – integrante dessa geração e
supersticioso com o numeral 7 -, em plena ditadura militar no Brasil, logo se
tornou “um canal de manifestação dessa juventude estudantil pela cultura”,
diz ele.
Ao traçar o perfil do
livreiro, ele compartilha com os leitores histórias curiosas sobre a vida do
menino e do jovem Tarcísio. Também aborda problemas que levaram à falência da
livraria: planos econômicos implantados nos anos 1990, a decadência do Centro e
a inadimplência de consumidores. “Era uma relação comercial de bodega a que
estabeleci com os clientes”, reconhece Tarcísio Pereira, em entrevista
concedida dois anos após o fim da Livro 7. Ele pretendia abrir uma livraria no
Mercado da Torre, na Zona Oeste do Recife, mas morreu antes, diz Homero
Fonseca.
Sobre o autor
Homero Fonseca
é pernambucano. Escritor e jornalista, foi editor da revista Continente,
diretor de redação da Folha de Pernambuco, editor-chefe do Diario de
Pernambuco e repórter do Jornal do Commercio. Foi professor de
Teoria da Comunicação. Recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de
Direitos Humanos do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Publicou, pela
Cepe, os livros Pernambucânia: o que há nos nomes das nossas cidades,
Tapacurá: uma viagem ao planeta dos boatos, O computador que queria ser gente,
Carlos Garcia: um mestre no meio do redemoinho e 1968 – abaixo as ditaduras.
Poema Saga do
semeador, de Marcelo Mário de Melo, publicado no livro
(A
Tarcísio Pereira, escrito logo após o fechamento da Livraria Livro 7)
Ele
juntou sete sonhos
e
plantou dentro de um livro
numa
manhã de setembro.
Depois
de sete semanas
brotaram
sete mil frutos.
E
continuou plantando.
Sua
vida virou livros
em
ciranda e carnaval
com
sete orquestras tocando.
Mas
num tempo acinzentado
a
feroz praga-$ifrão
começou
a sua ceifa.
Livros
de folhas ressecas.
Um
mar de capas caídas.
Flores
morrendo em botão.
No
pó das letras extintas
ele
parou pensativo
sentindo
a dor nas raízes.
Sete
estrelas se acenderam
e
um coro de sete vozes
cantou
cantigas serenas.
Na
rua setestrelada
dois
arlequins sorridentes
o
puxaram pela mão.
Despido
de toda roupa
colocaram-no
diante
de
um grande espelho-lente.
E
eram somente páginas:
impressas
na sua pele
forrando-lhe
o coração.
Ele
se viu livro vivo
com
capítulos escritos
e
outros em construção.
A
noite desencantou-se
e
o semeador solene
bateu
o pó da estrada.
E
seguiu junto ao peito
apertando
o livro fino
das
amizades leais.
Sua
saga continua
pois
ninguém foge ao que tem
na
pele e no coração.
E
quem é semeador
só
quer semente e amizade
para
viver e plantar.
*Assessoria de
Imprensa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe): (81) 3183-2770
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