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POEMAS RECIFENSES, DE VALMIR JORDÃO*



Por Natanael Lima Jr.*





“Poemas Recifenses” I Capa: Divulgação


Poemas Recifenses, Ed. Escalafobética, poemas, 2019. É o mais recente livro do poeta recifense, Valmir Jordão. Tive o prazer de reencontrá-lo na Bienal do Livro de Pernambuco/2019, sempre cordial e fraterno comigo e com todos. Seu livro é um convite à reflexão, sob o olhar de um poeta irreverente, crítico e sintonizado com seu tempo. Aqui, não se trata de um ensaio crítico da sua obra, mas, um simples registro do que li, vi e senti dos poemas contidos neste seu novo trabalho. Seus poemas dialogam com outras vozes recifenses, entre elas, Carlos Pena Filho, João Cabral de Melo Neto, Erickson Luna, Francisco Espinhara, entre outros.

Na apresentação do seu livro, escrita pelo poeta, escritor e professor Eduardo Martins, relata que “Ao se referir ao poeta Valmir Jordão, o jornalista e escritor Urariano Mota, o posiciona entre os chamados poetas marginais do Recife ao mesmo tempo em que situa em um grupo de poetas que iniciou sua jornada mais próxima do Movimento dos Escritores Independentes de Pernambuco, entre eles Erickson Luna e Francisco Espinhara, poetas que se tornaram parceiros e se permaneceram muito próximos ao longo dos anos por uma identificação literária e pessoal, uma identificação de espaço e de forma de ver e encarar o mundo, um grupo baudelairiano, que perambulou pelas ruas do Recife por quase trinta anos e que fez da cidade a sua maior identidade”.

Ler Valmir é sentir a cidade, os becos, as ruas, as praças, as pontes, os rios, os bares, todos os (ar)Recifes, a beleza indizível da cidade, a grandeza dos seus versos. 


QUATRO POEMAS DE VALMIR JORDÃO*



ah, Recife

dizem os bardos que uma
cidade é feita de homens,
com várias mãos  e o
sentimento do mundo.

assim, o Recife nasceu no cais
de um azul marinho e celestial.
onde suas artérias evocam:

aurora, saudade, concórdia,
soledade, união, alegria,
sol, prazeres e glória.

mas nos deixa no chão.
atolados na lama
da sua indiferença aluviônica.

a ver navios
com suas hordas invasoras,
e o Atlântico
como possibilidade
de saída...


capiberibando
a João Cabral de Melo Neto

rio Capibaribe, que o Recife arrodeia
um cão sem plumas, Severino
onde nos mangues caranguejeia.


cosmopolita

sinto algo de podre
e muito ruim, entre
Recife e Berlim.


insurreição pernambucana

um invasor, o outro expulsa
onde índios, negros e mestiços
aos canhões servem de bucha.


*poemas extraídos do livro “Poemas Recifenses”, Ed. Escalafobética, 2019. 




*NATANAEL LIMA JR.

É poeta, editor do site Domingo com Poesia e da Imagética Edições




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