AGOSTO DE LITERATURA
5 de agosto de 2018 by Frederico Spencer*
Agosto é o mês de nascimento de dois
grandes poetas pernambucanos: Joaquim Cardozo, nascido em Recife em 26/08/1897
e Mauro Mota que nasceu em Nazaré da Mata na data de 16/08/1911.
Joaquim Maria Moreira Cardozo
Poeta Joaquim Cardozo/Foto: Divulgação
Joaquim Cardozo teve como profissão a
engenharia civil, dedicou-se também à poesia, foi contista, tradutor, crítico
de arte, desenhista, professor universitário e também editor de revistas
especializadas em arte e arquitetura.
Incentivado pelo poeta João Cabral de
Melo Neto seu livro “Poemas” foi editado em 1947, o qual alcançou grande
destaque na época, além deste, publicou mais 10 livros. Ocupou a cadeira 39 da
Academia Pernambucana de Letras. Sua poética está encharcada pelas paisagens do
Recife e do nordeste brasileiro, temas que se fixaram como natureza complexa
que se mesclaram entre a beleza natural
destas regiões e a contradição da miséria social, encravada na alma do poeta.
Menina
Os teus olhos
de água,
Olhos frios e
longos,
Esta noite
penetraram.
Esta noite me
envolveram.
Bem querida
madrugada...
Olhos de
sombra, olhos de tarde
Trazem
miragens de meninas...
Bundas que
parecem rosas.
Sob o caminho
de muitas luas
O teu corpo
floresceu.
Poema
Eu
não quero o teu corpo
Eu
não quero a tua alma,
Eu
deixarei intato o teu ser a tua pessoa inviolável
Eu
quero apenas uma parte neste prazer
A
parte que não te pertence.
Mauro Ramos da Mota e Albuquerque
Poeta Joaquim Cardozo/Foto: Divulgação
Mauro Mota foi poeta, jornalista,
cronista e professor. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando
a Cadeira nº 26. Dedicou-se sobretudo ao ensino, à literatura e ao jornalismo.
Foi professor de história e geografia em vários colégios pernambucanos, entre
eles a Escola Normal, na qual conquistou a cátedra com a tese “O Cajueiro
Nordestino”.
Sua contribuição literária foi das
mais importantes, tanto para a prosa como para o verso. Publicou "A
Tecelã", "Os Epitáfios" e "O Galo e o Catavento". Em
prosa destacam-se "Geografia Literária" e "Paisagem das
Secas".
Recebeu vários prêmios literários: o
Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. Prêmio da Academia
Pernambucana de Letras por seu poema Elegias, o Prêmio Jabuti da Câmara
Brasileira do Livro e o Prêmio Pen Clube do Brasil pelo livro “Itinerário”.
Mauro Mota passou grande parte de sua
infância na cidade de Nazaré da Mata, esta passagem de sua vida carregou sua
poética de valores – as contradições de uma cultura canavieira, prestes à
mudanças severas, estas questões enriqueceram sua visão de homem preocupado com
as condições social e econômica de sua gente.
O Guarda-Chuva
Meses
e meses recolhida e murcha,
sai
de casa, liberta-se da estufa,
a
flor guardada (o guarda-chuva). Agora,
cresce
na mão pluvial, cresce. Na rua,
sustento
o caule de uma grande rosa
negra,
que se abre sobre mim na chuva.
Mudança
Não
ficaram na mudança nem o pé de sabugueiro e o cheiro dos cajás,
os
passos da mãe no corredor, a noite,
o
medo do papa-figo, as sombras na parede.
A
casa inverte a missão domiciliar, sai da rua.
A
casa agora mora no antigo habitante.
AGOSTO DE LITERATURA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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