A POESIA DE MIRÓ*
Miró
/ Foto: divulgação
ALGUNS
DESERTOS
alguns
desertos
não
precisam de camelos
alguns
desertos
não
precisam de um copo d’água
precisam
de abraços
e
a saliva de um beijo
alguns
desertos
não
ter força
nem
de abrir a porta
mesmo
com a chave na mão
alguns
desertos
nem
portas têm
NOITE
noite
os
vagalumes acordam
na
escuridão dos desertos
os
que bebem sentam nos bares
escondem
suas dores
e
se alegram descobrindo
que
um dia não é suficiente
para
ser feliz
O DIA DE ONTEM
DORME
o
dia de ontem dorme
para
nunca mais voltar
volto
para a casa
a
chave denuncia a minha presença
no
sofá jogo meus problemas
bem
que dava pra comprar
uma
máquina de lavar
e
ficar limpo no Serasa
*Poemas do
livro aDeus, edições Mariposa Cartoneira, 3ª edição, 2015.
*João Flávio Cordeiro da Silva, Miró,
é poeta e nasceu em 1960 no Recife. Morou por muitos anos no bairro da
Muribeca, Jaboatão dos Guararapes, PE. Publicou diversos livros de forma
independente com a colaboração dos amigos, entre eles, Quem descobriu o azul anil?
(1985), Ilusão de ética (1987), Para não dizer que não falei de flúor (2004) e
DizCriação (Andararte 2012) e Miró até agora (Interpoética/Fundarpe, 2013), uma
coletânea de todos os seus livros.
A POESIA DE MIRÓ*
Reviewed by Natanael Lima Jr
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07:01
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E o poeta eternizou-se!
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