POEMAS DO DOMINGO
Três poemas de
Tereza Soares*
Tereza Soares é da Academia
Cabense de Letras
Tereza Soares é da Academia
Cabense de Letras
Enquanto o silêncio...
Enquanto
o silêncio,
Eu
quero o grito
Que
diz ao mundo do amor que mim resiste
Enquanto
o paralelo, eu, horizonte
Onde
tudo é caminho e a chegada chama
O
tempo é engano de quem se estabelece
Vencendo
o eterno, voando em sonho
Enquanto
sombra, eu, sóbria mente
Sorrindo
alegrias de verdade e cores
Graças,
não ao que me entorpece
Mas
a divindade que em mim responde
E
enquanto o sono
Acordo
em águas calmas
No
rio de travessia lenta
Que
me leva ao amor maior.
Im(perfeição)
O
Universo é im(perfeito)
Nisso
repousa a divindade
Quem
nunca se dividiu para tornar-se inteiro?
A
dualidade é ponto de partida
Mas
se no meio não houver saída,
estaremos
no redemoinho que nos joga e devolve circular
No
furação, o olho, sem nada, tem tudo,
pois
acolhe a verdade dos olhos fechados
Só
a música tem ondas que fazem flutuar corpo e alma e uma metafísica quase
chegando lá...
Lá
onde o vento também canta e o pássaro acompanha até as oitavas
Seja
lá como for, quero ir...
Ir
e vir sonoramente dançando em degraus as escadas do tempo
Quem
parafraseou algum dia, disse, sem querer dizer ao certo, mas tentou...
Se queres saber
Se
queres saber o que sinto
Desprende-te
de qualquer olhar mundano
Chega
perto com humildade
Pra
encontrar o ângulo certo de me ver
Se
queres saber o que sinto
Observa
o estremecimento que tua voz me provoca
Atenta
para o desejo meu da tua boa
Acalma-te
para o prazer do nosso encontro
Se
queres saber o que sinto
Dispõe-te
a me escutar com todos os sentidos
Aprende
a saborear a fruta inteira
Vomita
logo essas palavras desesperadas
Se
queres saber o que sinto
Encontra-te
comigo em pensamento
Atravessa-me
com teus olhos ciganos
Ouve
a minha música de sereia.
Tereza Soares é poeta,
jornalista e da Academia Cabense de Letras. Esboçou suas primeiras tendências
poéticas aos nove anos de idade. Ganhou prêmios em concursos de poesias no
Colégio Salesiano, no Recife. Sua poesia galgou espaços na música com
composições inscritas em festivais dos anos 80. Publicou poemas em folhetos do
Cabo de Santo Agostinho e do Recife. A trajetória como recitadora levou-a a
participar de atos públicos em defesa da mulher, da cultura afro, de causas
educacionais e a favor da paz. É integrante do movimento literário do município
do Cabo de Santo Agostinho desde 1977, participou ativamente do encontro
“Celina de Holanda de Poetas Recitadores” realizado por quatro anos no Teatro
Barreto Júnior do Cabo de Santo Agostinho. Participou de recitais poéticos do
Recife e região metropolitana, em atos públicos e em programas de cultura.
Participou no Movimento dos Poetas Independentes de Pernambuco e publicações
nos Fanzines Só(l) de Versos, Boca do Lixo, Balaio de Gato, Poesia & Cia,
Esquina. Publicou poemas em Jornais sindicais – Jornal do Sinpro - e em
coletâneas como ‘O Poeteiro’ e ‘Poesias e Crônicas de Uma Terra de 500 Anos’.
POEMAS DO DOMINGO
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
08:27
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