POEMAS DA SEMANA
Poemas
de Cláudio Aguiar, Domingos Alexandre, Frederico Spencer, Juareiz Correya e Natanael
Lima Jr.
Sonho
Solar
Cláudio Aguiar
A
Miguel Elías Sánchez Sánchez
Eu não conheço o sol,
clarão que humilha e me faz manso.
Só o conheço na sombra
que também mata e inocenta.
No lago interior, alma afogada,
afundei a matéria abismal do choro,
facho imenso entre o dia e a noite.
Oh, escuridão eterna,
quando serei raio
partindo do útero da terra?
Eu não conheço a luz temporal
que anda por sendeiros,
buscando as pisadas das estrelas,
gerando um som que me emudece.
Ainda que o meu tamanho se agigante,
não vejo nada além do infinito.
Talvez me ensine mais o sonho
que me alimenta e logo me destrói:
rotor preciso da imensidão,
refrão nefasto da pequenez humana.
Eu não conheço o sol,
clarão que humilha e me faz manso.
Só o conheço na sombra
que também mata e inocenta.
No lago interior, alma afogada,
afundei a matéria abismal do choro,
facho imenso entre o dia e a noite.
Oh, escuridão eterna,
quando serei raio
partindo do útero da terra?
Eu não conheço a luz temporal
que anda por sendeiros,
buscando as pisadas das estrelas,
gerando um som que me emudece.
Ainda que o meu tamanho se agigante,
não vejo nada além do infinito.
Talvez me ensine mais o sonho
que me alimenta e logo me destrói:
rotor preciso da imensidão,
refrão nefasto da pequenez humana.
Um lado da vida
Domingos
Alexandre
Meus passos se perderam num tempo
Em que os muros não eram tão altos,
e de qualquer janela
podíamos ver a manhã
se abrindo sobre a cidade.
Um tempo em que as ruas
Eram tão longas e macias
que, nelas, podíamos correr,
sem tocar no chão,
até a fronteira dos ventos.
Um tempo em que a voz de minha mãe
chamando para o jantar
me alcançava, sem medo,
no mais fundo do meio
de qualquer floresta.
A amargura
Frederico
Spencer
Encontrei
a amargura
no
homem liso, no letrado
o
seu ranço triste
devorando
suas vísceras
na
mesa de jantar, corações
ofertados,
numa bandeja
músculos
trêmulos
morrendo
de medo
enquanto
avança o dia
bebericam
a última gota
de
sangue.
Encontrei
a amargura e ela
nos
encontrou, rondando
os
jazigos de nossa urbanização.
Cantiga ao
redor do teu seio*
Juareiz
Correya
teu
seio cheio
assim
tocá-lo
nuvem
de dedos
a
anestesiá-lo
teu
seio rubro
hábil,
manoplá-lo:
anseias
de gestos
a
amamentá-lo
teu
seio amplo
em
dádiva tê-lo
-cálice
do corpo
Na
boca inteiro
teu
seio doce
-erógeno
fruto
pulsátil,
bebê-lo
com
milhões de zelo
*poema
transcrito do livro Americanto Amar
América e Outros Poemas do Século 20
Criação
Natanael
Lima Jr
A
palavra cria mais
que
crera, não creria
um
simples gesto, faria
sangue
e fogo.
A
linguagem não
diria,
tudo
mudaria
a
ramagem do dia
colheria
sal e fuligem
terra
e pó.
POEMAS DA SEMANA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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08:01
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