O Conto da Semana
Descoberta (conto) de Ducabellaflor
Ducabellaflor/Foto:
Divulgação
Golpeando o
cordão umbilical que lhe mantinha nas curvas da estrada, andava trôpega de
sentidos concretos. Não havia parto de nada, mas sentia-se nascer. O desabrochar
dos instintos seus ocorriam simultaneamente ao respirar descompassado do
envoltório que lhe acompanhava. Sua alma sentia uma carícia e parecia estar
algures, fora da carne morta. Isso tudo lhe cheirava poesia, e poema nenhum
descreveria tal estado de ânimo. Um singularismo tão profético que já não sabia
mais se ansiava todo aquele estado, ou vivenciava-o verossimilmente. O quente
da azia, ocasionada pela ansiedade, subia-lhe até os lábios e sentia emanar
deste processo o fragrante intrínseco alheio. Encontrava-se mais alta que as
palavras e nada conseguira descrever tal sentimento. Atinou; só tinha-lhe,
verdadeiramente, na ausência do outro. Só se percebia quando estava sem a
companhia do outro. Só era sentida, quando o próximo lhe tocara. Só era canção,
quando o desconhecido cantava-a. Só era poetisa, quando sentia os versos
destilados do corpo do estranho. E como num impulso reflexivo retrógrado do que
antes sentia, percebeu a bela jovem que estava a sofrer a doença crônica do
amor falido; a saudade.
O Conto da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
08:01
Rating:
Perfeito.
ResponderExcluirMuito legal seu conto. Parabéns Laís!
ResponderExcluirBelo conto. Parabéns!
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