Poemas da Semana
Poemas de
Manoel Bandeira, Carlos Pena Filho, Ascenso Ferreira, Helena Kolody, Antonino
Oliveira JĂșnior, Natanael Lima Jr, Frederico Spencer, Jade Dantas e
Ducabellaflor
Ă Carnaval!
a poesia rola livre, leve e solta
Foto:
Reprodução
Bacanal*
Manoel Bandeira
Quero
beber! Cantar asneiras
No
esto brutal das bebedeiras
Que
tudo emborca e faz em caco…
Evoé
Baco!
LĂĄ
se me parte a alma levada
No
torvelim da mascarada,
A
gargalhar em douro assomo…
Evoé
Momo!
Lacem-na
toda, multicores,
As
serpentinas dos amores,
Cobras
de lĂvidos venenos…
Evoé
VĂȘnus!
Se
perguntarem: Que mais queres,
além
de versos e mulheres?
-
Vinhos!… o vinho que Ă© o meu fraco!…
Evoé
Baco!
O
alfange rĂștilo da lua,
Por
degolar a nuca nua
Que
me alucina e que nĂŁo domo!…
Evoé
Momo!
A
Lira etĂ©rea, a grande Lira!…
Por
que eu extĂĄtico desfira
Em
seu louvor versos obscenos,
Evoé
VĂȘnus!
*Transcrito do livro Estrela da Vida
Inteira, 1979. 7ÂȘ edição, p. 45
Soneto principalmente do carnaval*
Carlos Pena Filho
Do
fogo Ă cinza fui por trĂȘs escadas
e
chegando aos limites dos desertos,
entre
furna e leÔes marquei incertos
encontros
com mulheres mascaradas.
De
pirata da Espanha disfarçado
adormeci
panteras e medusas.
Mas,
quando me lembrei das andaluzas,
pulei
do azul, sentei-me no encarnado.
Respirei
as ciganas inconstantes
e
as profundas ausĂȘncias do passado,
porém,
retido fui pelos infantes
que
me trouxeram vidros do estrangeiro
e
me deixaram sĂł, dependurado
nos
cabelos azuis de fevereiro.
*Disponivel em:
http://renascimentolusitano.blogspot.com.br/2009/02/2-poemas-de-carnaval-de-carlos-pena.html
Carnaval do Recife*
Ascenso Ferreira
Meteram
uma peixeira no bucho de Colombina
que
a pobre, coitada, a canela esticou!
Deram
um rabo-de-arraia em Arlequim,
um
clister de sebo quente em PierrĂŽ!
E
somente ficaram os mĂĄscaras da terra:
Parafusos,
Mateus e Papangus...
e
as Bestas-Feras impertinentes,
os
CabeçÔes e as Burras-Calus...
realizando,
contentes, o carnaval do Recife,
o
carnaval mulato do Recife,
o
carnaval melhor do mundo!
-
Mulata danada, lĂĄ vem Quitandeira,
lĂĄ
vem Quitandeira que tĂĄ de matĂĄ!
-
Olha o passso do siricongado!
-
Olha o passo da siriema!
-
Olha o passo do jaburu!
E
a Nação-de-Cambinda-Velha!
E
a Nação-de-Cambinda Nova!
E
a Nação-de-Leão-Coroado!
-
Danou-se, mulata, que o queima Ă© danado!
-
Eu quero virĂĄ arcanfĂŽ!
Que
imensa poesia nos blocos cantando:
"Todo
mundo emprega
grande
catatau,
pra
ver se me pega
o
teu olho mal!"
-
Viva o Bloco das Flores! Os Batutas!
Apois-fum!
(Como
Ă© brasileira a verve desse nome: Apois-fum!)
E
o Clube do PĂŁo Duro!
(Ă
mesmo duro de roer o pĂŁo do pobre!)
-
LĂĄ vem o homem dos trĂȘs cabaços na vara!
"Quem
tirar a polĂcia prende!"
-
Eh, garajuba!
CarnavĂĄ,
meu carnavĂĄ,
tua
alegria me consome...
ChegĂŽ
o tempo das muié largå os home!
ChegĂŽ
o tempo das muié largå os home!
Chegou
lĂĄ nada...
Chegou
foi o tempo delas pegarem os homens,
porque
chegou o carnaval do Recife,
o
carnaval mulato do Recife,
o
carnaval melhor do mundo!
-
Pega o pirĂŁo, esmorecido!
*Transcrito do livro CatimbĂł, 1927.
MĂĄscaras*
Helena Kolody
No
perpétuo carnaval
deste
mundo desvairado,
usam
disfarces
fingem-se
outros.
Adivinha
quem Ă© quem,
no
baile de mĂĄscaras.
*DisponĂvel em:
https://www.facebook.com/pages/Artes-Poesias/282054545145829
Amor de carnaval*
Antonino Oliveira JĂșnior
Cada
acorde do frevo
Executava
uma emoção nova;
Os
passos e o suor
Levavam
minha esperança
Ao
encontro de ti, colombina,
Um
amor de mĂĄscaras,
Um
sonho de trĂȘs dias
Como
tantos que pensam ser eternos...
Os
prazeres da noite que tivemos
Conduziam
meus passos no teu encalço.
Ver-te
nos braços de um PierrÎ
Machucou
o sonho deste Arlequim
E
o carnaval que mal começara
TĂŁo
rĂĄpido se fez cinzas
E
fechou-me o sorriso,
Puxou-me
as lĂĄgrimas
E
nesta sofrida ilusĂŁo
Vi
meus sonhos fatiados em serpentinas
E
meu coração dividido em partĂculas,
Confetes
espalhados aos teus pés.
*Transcrito do livro Sentimentos
Poemados, 2013, p. 32
Poema para uma quarta-feira em cinzas*
Natanael Lima Jr
nada
além de uma noite vazia
sem
gozo
sem
brilho
sem
fantasia
des
c
o
l
o
r
i
d
a
nossos
corpos envolvidos
numa
cinza paixĂŁo
de
uma quarta-feira
sem
vida
*Transcrito do livro Ă espera do
Ășltimo girassol & outros poemas, 2011, p. 77
Poemeto de carnaval
Frederico Spencer
Trocamos
o Block pelo bloco
o
Black pela fantasia
fomos
Ă s ruas
tomar
as praças aos gritos
a
ordem do dia
saudar
o novo rei:
gordo
anunciava
que
sĂł a alegria
tomarĂĄ
conta
de
nossas vidas.
Ă frevo meu bem
Jade Dantas
entra
no clima, em Recife Ă© carnaval
acende
o estopim, vem cå, vamos dançar
Ă©
o frevo chegando, escuta este som
Ă©
o frevo tocando e eu quero me soltar
me
leva contigo aqui na ladeira
dança
meus passos, gangorra, tesoura
o
frevo é rei, ninguém me segura
Ă©
carnaval em Recife e Olinda
vamos
dançar até o sol raiar. vem cå
Carnavalizar
Ducabellaflor
Bailes,
blocos e saudades
Desfilam
nas ruas de Fevereiro
Embelezando
todos os canteiros
Florindo
o Recife com cantigas viagens
Mesclando ritmos, cantai Toureiros
O
foliĂŁo que traz no passo
A
poesia dos antigos amassos
Que
outrora caia nos braços
Das
marchinhas em descompasso
Hoje,
pulam, tesouram e gritam
O
frevo que vem de Capiba
Jogando
confetes suados replicam
A
melodia que o galo cantou
Cedo
ou de madrugada
Ă
carnaval, moçada
Sombrinhas
resplandecendo sĂłis
Que
embalam os girassĂłis
Estampados
nos estandartes
Carregados
pelos passistas
Que
de alegria, gritam
Ă
carnaval também em Olinda
O
cidadĂŁo, agora, foliĂŁo
Perde
as contas na contradança
Das
ladeiras que aprontam
Sombrinhas
e serpentinas
Jogadas
na esquina
Da
quarta em contramĂŁo
Viva
o carnaval.
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
09:13
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Bela relação de poemas e grandes mestres poetas que com tantas majestades relatam nosso carnaval.
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