Um Brinde à Poesia!
Os bons ventos de outubro trouxeram muitas alegrias. Alcançamos a marca de mais de 20 mil acessos, em pouco mais de 12 meses de postagem do blog Domingo com Poesia, um espaço criado exclusivamente para a literatura e a poesia. Partilhamos esta conquista com os nossos colaboradores, parceiros, seguidores e leitores espalhados pelo estado de Pernambuco, em diversas cidades brasileiras e agora em alguns países da América do Sul e da Europa.
Outra
importante marca foi a indicação do nosso blog como finalista da maior eleição
de Blogs do Brasil (Top Blog 2012), na categoria literatura. A escolha dos três
finalistas de cada categoria (Top3) será realizada através de Júri Popular
(votos dos internautas) e avaliação por Júri Acadêmico, formado por
profissionais atuantes nos segmentos relacionados às categorias e grupos. O
período de votação, bem como a avaliação pelo Júri Acadêmico, começou no dia
10/10/2012 e encerra em 10/11/2012, às 14h, horário de Brasília. Vote e
participe!
Esperamos
que novos ventos cheguem e tragam muitas oportunidades, realizações e alegrias.
E que a poesia continue iluminando e perfumando nossa caminhada.
Natanael
Lima Jr
Editor
DE BREGA A “CULT”
Douglas Menezes*
Recentemente a Rede Globo incluiu na
trilha sonora da novela Gabriela a música do cantor Fernando Mendes “Você não
me Ensinou a te Esquecer”, canção que já fora trilha musical do filme Lisbela e o Prisioneiro, baseado na obra
do grande escritor Osman Lins. Música classificada como brega romântico há
trinta anos, desprezada pela intelectualidade brasileira que curte MPB de
qualidade, foi sucesso à época na voz do seu autor Fernando Mendes. É
interessante notar como o conceito do brasileiro médio muda de acordo não só
com o passar do tempo, mas pela presença de quem “apadrinhou” o novo elemento
cultural.
Pois bem, O “monstro Sagrado”, com
inteira justiça, da música brasileira Caetano Veloso resolveu dar uma roupagem
nova à música. Deu um tom mais dramático à canção, incluindo uma instrumentação
de nível inquestionável. O resultado foi novo sucesso da música, com algo que
impressiona: sua inclusão no repertório da MPB de bares e emissoras de rádio,
junto a Djavan, Chico, Gal, Betânia, o
próprio Caetano, entre outros,
incluindo aí, o público jovem, com menos de trinta anos. Quer dizer, o que não
possuía valor antes, passou a ser “nata” da música romântica brasileira de
qualidade. Mostrando que os mitos
realmente são intocáveis, gerando verdades nunca questionáveis, pois já se
disse demais versos como estes: “ Não vejo mais você faz tanto tempo/ Que
saudade que sinto ; De olhar nos seus olhos sentir seu abraço/ É verdade eu não
minto...”. No entanto, “Você não me Ensinou a te Esquecer”, retornou ao pódio
do sucesso, inclusive por parte do público mais exigente, a ponto de a TV
colocá-la na trilha de bom gosto da nova versão do romance de Jorge Amado,
junto a obras consagradas de Djavan, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Moraes
Moreira e Dorival Caymmi.
Aliás, Caetano Veloso é pródigo, ao
longo de carreira, em despreconceitizar aquilo que é visto quase como tabu em
nossa sociedade conservadora. Na música, fez isto, também, com Coração Materno,
de Vicente Celestino e Sonhos, de Peninha, mostrando que, às vezes, é tênue a fronteira entre o culto, de sentido
elitizante, e o popular, naquilo que o povo assimila como sua cultura.
*Douglas Menezes é escritor, professor
de Língua Portuguesa, pós-graduado em Literatura Brasileira e em Leitura,
Compreensão e Produção Textual pela UFPE, membro da Academia Cabense de Letras.
A MORAL É A FRAQUEZA
DO CÉREBRO
Paulo Azevedo Chaves*
O poeta Arthur Rimbaud,
“um místico
em estado selvagem”,
segundo o escritor
Paul Claudel
“Satisfações, eu vos procuro. Sois belas como as auroras de verão”.
Les
Nourritures Terrestres, André Gide
A sexualidade nasce com o homem, nele
está entranhada desde o berço. É uma força vital que, quando reprimida, pode
gerar sérios danos à saúde mental, ao comportamento social das pessoas. A moral, ao contrário, é algo imposto
aos indivíduos pela família, educadores, pela religião e meio social em que
vivem. Por isso, ela varia muito de país a país. E entre os povos latinos, mais
sujeitos à influência repressora e castradora do cristianismo, ela serve para
conter o livre desenvolvimento sexual dos indivíduos, cerceando-os em sua
liberdade de escolha e manifestação. A frase famosa do genial Rimbaud ilustra
perfeitamente isso: “A moral é a fraqueza do cérebro” – escreve ele em Uma Temporada no Inferno, sua obra mais
famosa.
“E
se você não pode ser você mesmo, que importância tem ser qualquer outra coisa?”
–pergunta Tennessee Williams, consagrado dramaturgo norte-americano em suas Memórias.Acrescentando noutro trecho:”Um homem deve viver por toda duração de sua
vida com seu pequeno conjunto de medos e raivas, suspeitas e vaidades,e seus
apetites espirituais e carnais”. Neste início de século, o ensinamento do
catolicismo de que o sexo deve ser meramente reprodutivo e se manifestar
unicamente no âmbito do casamento heterossexual parece piada e demonstra
claramente falência e caducidade da Igreja em relação aos avanços morais,
valores e necessidades do mundo contemporâneo. No livro Erotic Art of the Masters (A Arte Erótica dos Mestres), o autor
Bradley Smith escreve no Prefácio: “Sexo
-- por prazer ou dor, não reprodução – era fonte, o modelo de um modo ou outro,
de grande número de pinturas geradas pelo artista e fruídas pelo espectador”.
No mesmo livro, Henry Miller assinala na Introdução que “O artista sabe melhor que o padre onde reside o verdadeiro mal. Ele é
um devoto adorador e expositor das glórias da criação.Ele não prega: ele nos
convida a contemplar o que está escrito em nossos corações”.
“Beleza
é verdade, verdade beleza” – escreveu John Keats, um dos mais
importantes poetas românticos ingleses do século XIX.Em nossas vidas nada mais
verdadeiro e, portanto, mais belo que a sexualidade de cada um, com suas
fantasias e expressões próprias, com seus medos e obsessões singulares,
complementaria eu o verso do autor de Endymion
e das Odes. E também nada mais avassalador
e imperioso do que o instinto sexual, pois, como nos versos de Fernando
Alegria, “Nada podem verdugos nem
espadas/contra um povo de fogosos amantes”.
AINDA BEM!
·
Texto
introdutório no livro autobiográfico À Sombra da Casa Azul, a ser lançado digitalmente
no site ISSUU em outubro próximo.
*Paulo
Azevedo Chaves é advogado, jornalista e poeta,
assinou no Diário de Pernambuco, nos anos 70/80, a coluna cultural Poliedro, e de meados dos anos 80 até
1993, a coluna Artes e Artistas,
especializada em artes plásticas. Livros publicados: Versos Escolhidos,Ed. Pirata,1982, traduções);Trinta Poemas e Dez Desenhos de Amor Viril
(Pool Editorial Ltda,1984, traduções); Nu
Cotidiano (Grupo X,1988, poesias); Os
Ritos da Perversão (Ed. Comunicarte,
poesias, 1991); Nus (Ed. Comunicarte,
1991, poesias). Em 2003, participou de uma coletânea de artigos publicados na
seção Opinião do Jornal do Commercio,
com o título de Escritas Atemporais
(Ed. Bagaço). Em 2011, lançou um livro de prosa, poesias e traduções de poemas
com o título de Réquiem para Rodrigo N
(Ed.do Autor). Poemas Homoeróticos
Escolhidos (em parceria com Raimundo de Moraes) e Os Ritos da Perversão e Outros Poemas foram lançados, em 2012, em
edição digital, no site ISSUU.Todos os livros de Paulo Azevedo Chaves tiveram
seus projetos gráficos assinados pelo designer pernambucano Roberto Portella.
POEMAS DE
CÍCERO MELO
Agorafobia
-
Eu tenho agorafobia.
-
O que é isto?
-
Medo da Ágora.
-
Quem é Ágora?
-
Uma mulher da rua.
Poeminha
difícil
Morrer
Morrer
é o verbo mais difícil de ser conjugado
Este poema o li num recente artigo do Dr. João Humberto Martorelli,
denominado de “Testamento Vital”, publicado na página de opinião do JC.
Não pude deixar de transcrevê-lo, pois responde com
indagações às perguntas que nos fazemos todos os dias.
Reproduzo palavras do autor do artigo: “Afinal,
ensina o Cancioneiro de Fernando Pessoa:
Quando despertos, deste sono, a vida,
Soubermos o que somos e o que foi
Essa queda até o Corpo, essa descida
Até à noite que nos a alma obstrui,
Conheceremos pois toda a escondida
Verdade do que é que há ou flui?
Não: nem na Alma livre é conhecida....
Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui,”
*Transcrevo email de
José Luiz Melo
Apostas*
Frederico
Spencer
Soldados
escavam a paz
sobre
uma mesa de botões multicores,
apostados:
em
jogos de noite a dentro. Há um ás
na
manga do patrão das guerras. Há um rei
inerte
deposto. Em xeque
a mágoa
dos peões
sob a
luz de néon, damas
blefam os
parlamentos nas roletas russas
sem
bispos, cavalos, nem ás, nem peões
só, um
valete mudo assexuado
na
manga. Mágoa
do
patrão das guerras.
*do Livro
“Quadrantes Urbanos”
Premonição*
Natanael Lima
Jr
A
cidade aflita deixa existir:
o
caos, o medo, o pânico
em
mim.
O
medo prometeu
embora
(ainda) acorrentado
transgredir
o fim.
*do Livro “À
espera do último girassol & outros poemas”
Um Brinde à Poesia!
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
11:59
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Prezado Natan!!!
ResponderExcluirÉ no silêncio do eu que encontramos a resposta do outro.
Foi no Domingo com Poesia que encontrei-me com o Último Girassol.
Abraços.