Arte e Educação II: Pedagogia do Oprimido e a Poesia Libertadora
Frederico Spencer*
Paulo
Freire, filósofo e pedagogo pernambucano é considerado como um dos pensadores
mais importantes da recente história mundial. Foi o brasileiro mais homenageado
de todos os tempos: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades
como Harvard, Cambridge e Oxford. Fundamentava sua prática didática na crença
de que só a partir da interação do aprendente com sua realidade microcosmica,
através de uma dialética entre objeto e sua cultura, poderia constituir um
aprendizado real, fugindo desta maneira das fórmulas prontas de aprendizado que
engessam o pensamento, impostas pelas elites dominantes, determinados pelos
mercados de capital.
O
que Paulo Freire propunha era uma nova fórmula de pensar através de um método
que reconduzisse o homem ao seu próprio meio e que só através deste poderia
formular uma ideia de mundo, fincado em sua cultura para a construção do
pensamento crítico. Sua proposta era, portanto, de um repensar, uma
reconfiguração de um modelo que abstraia o homem de sua realidade, afastando-o
de sua cultura, para recolocá-lo no mundo através de sua história particular, a
história de seu tempo e de seu meio.
Na
realidade a proposta de Paulo Freire era de uma mudança, mudança esta
assessorada por um novo modelo de pensamento e quando falamos em mudança no
modo de pensar, estamos falando em linguagem. A criação humana é advinda da
postulação dos desejos, transformados em fantasias, formulando deste modo os
pensamentos e estes são lançados ao mundo exterior através da linguagem.
A
linguagem nas sociedades são veículos do discurso ideológico, produto das
vontades das elites que se apropriam da arrumação dos signos para dar-lhe
significado, conforme a situação dos mercados; as significações das palavras de
acordo com a ordem social vigente dão-lhe a estrutura precisa para o processo
de dominação.
O
novo método propunha fazer o homem pensar diferente, através de um novo tipo de
linguagem, de reconfiguração dos significados advindos de seu tempo histórico,
de sua cultura. Fazendo-o pensar o mundo através de seu meio, através de uma
dialética imanente, ligada ao seu cotidiano, mediatizadas por suas relações com
o mundo exterior.
A
linguagem simbólica, recurso usado principalmente pela poesia, faz essa
transição; da significação do mundo fático para um mundo interior, onde repousa
o self do indivíduo, enriquecendo a existência humana através da resignificação
dos sentidos que a palavra transporta em seu núcleo.
Desta
forma, quando a palavra eclode no texto poético, libertando-se do prosaico, liberta-se
das amarras do sentido rígido, dando sentido a poesia, enriquecendo o poema em
seus múltiplos sentidos, redesenhando assim um novo olhar para o velho mundo,
transformando este, quem a lê e quem a escreve.
Deste
modo o que Paulo Freire traz em seu livro: A Pedagogia do Oprimido é nada mais
nada menos que uma releitura do mundo através de um olhar interior do homem que
enxerga o objeto (mundo) a partir do seu conhecimento, através daquilo que ele
realmente conhece, fazendo um desdobramento para fora de suas fronteiras
através de sua linguagem própria, coloquial. Longe dos casarios e das casernas
onde repousam o poder.
*Frederico
Spencer é poeta, sociólogo e psicopedagogo
Arte e Educação II: Pedagogia do Oprimido e a Poesia Libertadora
Reviewed by Natanael Lima Jr
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18:51
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Gostei muito do seu blog, temas bastante interessantes, Obrigado!
ResponderExcluirObrigado Diego. Esta é a proposta do blog. Nos visite sempre!
ResponderExcluirNatanael Lima Jr
Editor