V SARAU VIRTUAL
(Homenagem
aos poetas Catulo da Paixão Cearense, Mário de Andrade, Antonino Oliveira
Júnior, Vinícius de Moraes, Mário Faustino, Luiz Carlos Monteiro, Edwiges de Sá
Pereira, Humberto de Campos, Raul de Leoni e Carlos Drummond de Andrade)
Nesta V edição
do “Sarau Virtual”, o DCP reuni cinco poetas contemporâneos que se destacam no
cenário literário pernambucano:
Auzeh Freitas,
Cláudio Noah, Dantas Jade, José Luiz Mélo e Margarete Cavalcanti
AUZEH FREITAS*
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“A poesia é importante, porque nos
agiganta nas palavras e perdemos a dimensão do verbo. Nada é pequeno, tudo se
faz imenso. É o alimento da minha alma. E se há mel em mim, abelha rainha
poliniza versos.”
PESQUEIRA,
UM POEMA DE AMOR
Dos caminhos que a carruagem da vida
fez
na sala do meu coração ficou a poeira
que deixo se unir à neblina do tempo,
Para eternizar meu doce Pesqueira.
Uma estação e um cruzeiro
brilho de incontáveis estrelas,
braços abertos igual Cristo Redentor.
Faz de Pesqueira um poema de amor.
O palácio do Bispo e Dom Mariano,
a Rosa das minhas festas, o Cristo Rei
bailes nobres no 50. Simples nos
Radicais.
Lembranças que não esquecerei
A Peixe, seus doces e aquela chaminé
que na minha memória ainda sopra
a fumaça da PAZ, do Trabalho e da Fé.
Sou poetisa, guerreira sem medo.
Dentro de mim, Santa Águeda
a
força das pedras e do lajedo.
*Auzeh é pseudônimo
de Maria Auzerina de Freitas, pernambucana de Pesqueira. Professora, poeta
declamadora, atriz e guerrilheira cultural. Têm trabalhos divulgados na net,
livros e Antologias no Brasil e em Portugal. Participação em comerciais e
curtas-metragem. Membro da SOPOESPES, Soc.dos Poetas e Escritores de Pesqueira,
SPVO - Soc. dos Poetas Vivos de Olinda, SPVA - Soc. dos Poetas Vivos e Afins do
RN, Grupo Corujão da Poesia, Universo da Leitura do RJ. Embaixadora em PE.
CLÁUDIO
NOAH*
“Considero que a
poesia é uma constante digestão interior das impressões que nos rodeiam e se
acumulam em algum lugar lá por dentro da gente. Trazê-las ao mundo
tridimensional, esse em que vivemos e interagimos, através de palavras ou notas
musicais é um excelente exercício de autodescobrimento e veneração à vida e às
pessoas.”
A BOLA DA VEZ
Chego
na bruma da noite
Sou
quem estava por vir
Trago-te
corte e açoite
Sulfa,
veneno, elixir
Meu
olho de vidro é quebrado
Salivo
da cor do açafrão
O
cadarço do meu sapato
Rabisca
estrelas no chão
Sou
boto, sou cobra de fogo
Fazendo
teu ventre tremer
A
bola da vez no teu jogo
E
o drible que falta a você
Tenho
na mão bem riscado
O
eme dos maracatus
Na
goela meu nó é dobrado
Meu
sangue é de pó, vento e luz
Na
ponta da lança a cabeça
Do
teu mais antigo ancestral
Não
me negues acaso amanheça
Meu
rastro deixei no quintal
E
pra terminar dou por dito
O
que te permito ouvir
No
teu abajur deixo escrito
Apaguei
à luz ao sair
ROMÃ
Trago
em mim do tempo na estrada
A
brisa leve e solta da manhã
No
beijo de partida ou de chegada
O
doce azedume da romã
Por
dentro em mim há muito e quase nada
Fincado
em minha pele pelo afã
Nos
olhos uma noite estrelada
E
boca adentro um gosto de hortelã
Ventos,
velas, direção
Gentes,
vidas, coração
*Claudio Noah é pernambucano de
Recife, nascido em agosto de 1961, músico, cantor e compositor além de amante
das palavras, que segundo o mesmo, “parecem gostar mais de mim do que mereço”. É
parceiro de trabalhos musicais com Zeh Rocha, André Macambira, Lucas Crasto,
entre outros músicos e cantores pernambucanos, não tendo ainda lançado
publicação exclusivamente de poesias, o que espera fazer brevemente.
DANTAS JADE
“Diante da poesia sou apenas encantamento e avidez. Em alguns poemas,
me sinto livre para voar com as palavras. Com outros, mergulho em ondas grandes
demais para mim. Nestes, a poesia me absolve das minhas próprias loucuras e
imperfeições, esfinges no construir e demolir, tentando encontrar a outra face,
oculta no desafio das palavras, viciada que sou em intensidade.”
ITINERÁRIO
meu poema é um continente de emoções
intactas
porque o tempo da leveza deixa rastros
meu poema guarda uma espécie de
loucura
alimentando o ardor das chamas
resguardadas
meu poema reflete o mistério das
noites
adormecido além da eternidade
sublimada
com a mesma luz que adoça o ritmo dos
amores
e o itinerário ilimitado das miragens
e no silêncio do ardor apaziguado
inesgotável como toda insensatez
com as metáforas das palavras me
ultrapasso
sou uma nave viajando em miragens
JOSÉ
LUIZ MÉLO
“Pergunto-me, é possível poesia no
sórdido, no escabroso? Qual o toque na alma para despertar o sentimento da
poesia nestas circunstâncias? E a sua beleza, seria uma beleza com outras
circunferências e reentrâncias? Pergunto-me, o ser (pessoa, gente) sórdido
(como julgar quem o é sem mostrar-se severo ou complacente?), qual encanto
acharia num poema de nuvens e de estrelas, de pássaros canoros e peixinhos
azuis. E um outro ser, (assim, como nos vemos), de que maneira sentiria o
fluido transeunte do poema em um (verso) sórdido e nauseabundo? Alguém já leu
algum poema sórdido? Eu li, e desentranhei o sórdido do seu novelo para tocar
no humano, um outro modo de ser verdadeiro.”
VENEZIANAS
25/04/2018
Tenho vontade de lançar-me aos ares
como um pássaro livre e enlouquecido;
abrir as asas planas, pendulares,
me ver voando no desconhecido.
Exceder! Imergir dentro dos mares
em caverna abissal; submergido
na cratera mais funda; em lupanares
onde nenhum pecado é proibido.
Depois me dessangrar; deixar meu
sangue
fluir aos borbotões; num bangue-bangue
ser o índio que ataca a caravana
nas planícies sem fim; salvar a moça
que é refém do bandido; e na palhoça
dos seus braços fechar as persianas.
MARGARETE
CAVALCANTI
“A poesia para mim, é uma adição de
conhecimentos que me faz atribuir a maneira de conviver, criar e viajar nas
minhas emoções e meus sentimentos. São palavras extraídas de uma lavra com um
universo amplo. A poesia me protagoniza, enfatiza e ama, sempre em sã
consciência. Materializa e idealiza-me. Faz-me conviver em um mundo de
fantasias, expectativas e magia. A poesia me irradia.”
SINTA-SE
VIVO
Às vezes é difícil perceber que se
está vivo.
Passam-se segundos, minutos, dias,
anos... O que aconteceu?
Por que você deixou de viver uma vida
que muitos gostariam de ter?
Viver não é tão fácil. É preciso
compreender a sua missão.
Não adianta ouvir sermões do tipo
“levanta!”, “seja forte!” ou “faça alguma coisa!”.
Nada disso. É preciso motivos!
Quando você parar de medir forças
contra si próprio e contra as pessoas que em nada te acrescentam,
talvez você esteja preparado.
Deixe fluir suas ideias, pensamentos e
sonhos.
Não se permita criticar por pessoas
vazias. Critique a si próprio, faça perguntas a você mesmo.
Aceite as respostas que vêm de dentro
de você, assim, poderá enfim começar a viver.
*Maria Margarete de Oliveira
Cavalcanti é natural de Limoeiro. Veio residir ainda criança no Recife, onde
estudou, casou e teve quatro filhos. Atualmente dedica-se à literatura. O
lançamento de sua primeira obra, o paradidático intitulado “O jabuti”, se deu
no ano de 2018. Recebeu medalhas por incentivo à literatura, revelação da
poesia no ano de 2017 e o troféu de revelação literária filantrópica. Foi
homenageada no livro “Mulheres que mudaram a história de Pernambuco” edição
2017 e na revista “Perto de Casa”, como exemplo de mulher empreendedora.
Participou do concurso de poesias do almanaque artístico e lusófono “Revoada
das Artes” com o poema “Natureza”, estando entre as dez melhores. Tomou posse
na Academia Internacional de Letras e Artes. Participou das seguintes
antologias: antologia de Raimundo Carreiro, Antologias “Essência Poética” e
“Sonhos de Todos Vol. II” da escritora Cema Lins, Antologia “Universo da
Poetisa e poetas seguidores” da escritora Alessandra Brander e Antologia “Os 10
Mandamentos” do escritor e jornalista Cássio Cavalcante. Teve, ainda,
participação especial na obra “Contos Rimados – Frases & Pensamentos”, do
escritor Xavier de Barros.
V SARAU VIRTUAL
Reviewed by Natanael Lima Jr
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