CONTO DE FERNANDO FARIAS (CUECAS COLORIDAS)
Fernando Farias/Foto:divulgação
Comprei uma cueca amarela para a virada do ano novo. O
gerente do banco me disse que o amarelo atrai dinheiro o ano todo. Minha esposa
não gostou e me presenteou com cuecas azuis, azul do amor.
Minha filha diz que seria melhor usar uma branca, assim
teria um ano de paz. A sogra fala do violeta, uma cor mÃstica e alta influencia
cósmica. Minha empregada diz que vermelha é a cor do sangue e de Marte, o deus
da guerra.
Não sou supersticioso. Não acredito em cromoterapias,
duendes, fadas e nem em Obama. Terminei ganhando de presente de amigo secreto
um conjunto de 12 cuecas ecologicamente verdes, cor de Oxóssi, o meu santo de
cabeça.
Faltando meia hora para meia noite, lá estava eu,
enrolado numa toalha marrom, sentado no vaso sanitário e com dúvida se ficaria
sem cuecas ou usaria todas as sete cores do arco Ãris, uma cima da outra, como
forma de agradar a todos os santos, profetas e influências planetárias.
Faltando cinco minutos, meti a mão na gaveta e peguei uma
das cuecas aleatoriamente. Nem olhei a cor. Nada de errado aconteceria comigo por
causa de uma cor de cuecas.
Meia noite, vendo os fogos na televisão, ouvindo as
musiquinhas chata do pisca-pisca chinês da árvore de natal, fui abrir a garrafa
de Cidra que estourou e a tampa acertou a cabeça de minha esposa.
Fiquei viúvo. Estou de luto. A superstição atrai mesmo o
azar. Nunca mais uso cuecas pretas na virada do ano.
CONTO DE FERNANDO FARIAS (CUECAS COLORIDAS)
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
07:02
Rating:

Nenhum comentário