Poemas da Semana
Poemas de Natanael Lima Jr, Frederico Spencer, Juareiz
Correya, José Terra e José Inácio Vieira de Melo
Existirmos
Natanael Lima Jr
Acabo de traduzir o acaso,
existirmos o que se destina ser.
O acaso me serve
no gozo de sê-lo
tão infinito, eterno.
Minha crença, o universo
qualquer outra não me acrescenta
exceto a voz
e a palavra que nomeia.
Existirmos,
o que se destina ser?
*Do
livro À espera do último girasso, &
outros poemas, 2011
Intervias
Frederico
Spencer
“Ora
(direis) ouvir estrelas!”
Por
certo! De onde se aninha o poema
deita
nas noites suas sementes
distantes
e quentes, amanhecem
taciturnos
em minhas mãos.
“E
eu vos direi, no entanto”
que
na pauta do dia
escondidos,
dialogamos
neste
espaço de aço e gente
no
caderno, ou da mais distante galáxia
vais
nascer, quebrando a ordem do dia.
E
quando nasceres
talvez
menos estrelas haverá no universo
nos
meus ouvidos
mais
uma canção.
Só os poetas
têm língua*
Juareiz
Correya
"Minha Pátria é a minha
Língua."
(Fernando Pessoa)
(Fernando Pessoa)
Tua
Pátria é a Língua Portuguesa,
Fernando Álvaro Alberto Ricardo Pessoa.
A minha é a Língua Brasileira
com tudo de português e índio e negro que nela há.
Só os poetas têm Língua,
tu sempre soubeste disto.
A maioria dos homens não sabe nem quer saber
o que é uma Língua
(nem o valor que a Pátria tem).
Os doutores têm as suas Ciências
- o que não é uma Língua.
Os analfabetos não têm nem credo nem nada
- o que não é uma Pátria.
Só os poetas têm Língua
e os homens que só escrevem
- mas não escrevem versos -,
escrevem em qualquer língua
mas não escrevem a sua pátria.
Outra língua identifica qualquer homem
mas não identifica um poeta:
só a sua própria Língua
revela o poeta e a sua Pátria inteira.
Fernando Álvaro Alberto Ricardo Pessoa.
A minha é a Língua Brasileira
com tudo de português e índio e negro que nela há.
Só os poetas têm Língua,
tu sempre soubeste disto.
A maioria dos homens não sabe nem quer saber
o que é uma Língua
(nem o valor que a Pátria tem).
Os doutores têm as suas Ciências
- o que não é uma Língua.
Os analfabetos não têm nem credo nem nada
- o que não é uma Pátria.
Só os poetas têm Língua
e os homens que só escrevem
- mas não escrevem versos -,
escrevem em qualquer língua
mas não escrevem a sua pátria.
Outra língua identifica qualquer homem
mas não identifica um poeta:
só a sua própria Língua
revela o poeta e a sua Pátria inteira.
*Do
livro inédito Poemas do novo século
A amiga do
amor
José Terra
para Leokádia Loyal, minha amiga
Quando
ela me ofereceu uma rosa
Seus cachorrinhos se cruzaram num ato maior de ternura
Os amantes errantes viraram alma,maça,lirismo
A dançarina de tango
Tatuou no estado febril de seu corpo:
Um trovador,dois amantes,três cronistas,quatro malandros e cinco políticos
A cidade inteira se vestiu de branco e prada
Sendo assim a vida, Deus voltou a beber o vinho perfeito!!!
Tudo isso só aconteceu
Porque a dançarina de tango ganhou os presentes maiores:
Os cachinhos do cabelo, o suave rosto e o sorriso de fogo
Da mulher que me ofereceu uma rosa
Seus cachorrinhos se cruzaram num ato maior de ternura
Os amantes errantes viraram alma,maça,lirismo
A dançarina de tango
Tatuou no estado febril de seu corpo:
Um trovador,dois amantes,três cronistas,quatro malandros e cinco políticos
A cidade inteira se vestiu de branco e prada
Sendo assim a vida, Deus voltou a beber o vinho perfeito!!!
Tudo isso só aconteceu
Porque a dançarina de tango ganhou os presentes maiores:
Os cachinhos do cabelo, o suave rosto e o sorriso de fogo
Da mulher que me ofereceu uma rosa
Ave
José Inácio Vieira de Melo
Uma prece desponta na poeira:
neste defumador, bruma das almas,
nessa cruz da paixão. É sexta-feira –
falam no vinho em consoante flama.
Num cântico, tanger toda essa gente,
adentrar as cancelas dos currais,
e a prece, assimilada na tangente,
erguendo templos, constrói capitais.
O chocalho dos deuses chama a ave:
hora das trancas, bulício de chaves,
e o menino deseja o leite santo.
Reconhece-se nessa procissão
denso crivar da fome em profusão:
longa é a fila aos peitos dessa santa.
nessa cruz da paixão. É sexta-feira –
falam no vinho em consoante flama.
Num cântico, tanger toda essa gente,
adentrar as cancelas dos currais,
e a prece, assimilada na tangente,
erguendo templos, constrói capitais.
O chocalho dos deuses chama a ave:
hora das trancas, bulício de chaves,
e o menino deseja o leite santo.
Reconhece-se nessa procissão
denso crivar da fome em profusão:
longa é a fila aos peitos dessa santa.
Poemas da Semana
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Belos poemas "Existirmos, o que se destina ser?" é uma pergunta extraordinária. Parabéns!!
ResponderExcluirAgradecemos sua visita e comentário. Abç poeta
Excluirobrigado mais uma vez NATANAEL e FREDERICO por publicarem mais um poema meu!!!
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