Poemas da Semana
Poemas de
Alberto da Cunha Melo, Juareiz Correya, Antonio de Campos, Flávia Suassuna e
Doralice Santana
César Leal*
Alberto da Cunha Melo
Img: Reprodução
Pelo
irmão Dante acompanhado,
em
céus de escombros, céus antigos,
onde
os enxames das estrelas
extraíam
luz dos abismos,
o
poeta das terras mortas,
aos
novos anjos abriu portas
enferrujadas
pela sombra,
tocando
alto seu “tambor cósmico”
contra
a luz rastejante, contra
aqueles
tempos tão mesquinhos,
que
cortavam rios e caminhos.
*Em Meditação sob os Lajedos, 2002
Aos poetas que não vivem o Recife
Juareiz Correya
Foto: Reprodução
Recife,
os que nascem aqui
vivem
em ti
descobrem
a mágica palavra
da
luminosa poesia
dentro
de ti
e
não escrevem sequer um verso
uma
rima pobre ou rica
ou
um verso branco índio negro invento libertário
em
tua homenagem
identificado
com a lírica cidade
-mãe
da poesia brasileira
e
amante de todo poeta -
que
tu és, Recife:
é
um poeta que em qualquer cidade viveria
mas
não é um poeta do Recife.
(Boa Vista, Recife / março 2014)
Ao Big Bang
Antonio de Campos
à descoberta de vestígios do Big Bang
Img: Reprodução
Deus
disse: Faça-se a Explosão!
Há
somente fogo
e
a Matéria, sem retorno,
voando espaço afora
Deus
disse: Faça-se o Estampido!
Nunca
houve Jardim qualquer
nem
Adão, nem Eva
nem
Serpente pregando na Árvore
nem
nada do que alegam ter vindo em seguida
O
pecado original
foi
tudo ter ido pelos ares, ter explodido
Do
Céu não se tem notícia
mas
o Inferno
começou
há 14 bilhões de anos!
março 18, 2014
Outras esperas – 1*
Flávia Suassuna
Img: Reprodução
Outra
pergunta
Perdi
o sonho
e
vivi o deserto.
Em
que posso
acreditar
depois
disso?
Medo
Temo
desacertar
o
desejo
depois
de tanto
guardá-lo.
Última
solidão
Estou
cansada
de
minha própria
solidão.
Nossas
palavras
não
se reconhecem
como
os olhos
no
espelho?
E
agora?
Penso
que
abandonaria
todas
as cautelas...
E
sinto medo
se
te vejo...
Enfrentamento
O
medo
é
um preconceito
do
tempo.
Desfazê-lo
é
o imperativo
da
vida.
*Disponível em:
http://fsuassuna.blogspot.com.br/
Frida Kahlo
Doralice Santana
Foto: Reprodução
Tanto
tempo, tudo certo
A
mente aberta e a morte, certa.
Para
que pés se já sei voar
Para
que corpo. A alma me basta já.
E
todas as dores e os senões,
Tua
indiferença e minhas sensações
Chilli,
sal, doce de coco.
O
pranto e a fé num santo de ferro
Nesta
vida limitada me enterro
Uma
dose de tequila
e
uma viola miriachi por companhia.
Sobre
um xale como meus sonhos
Flores
coloridas, perdidas em seu bordado repousam
Estrelas
boiando num céu noturno
“Y
vivo la vida”
Teu
amor uma mentira
Meu
corpo despedaçado
Uma
cama que anda por mim
Pinceladas
de terror
“Unos
tantos piquetitos”.
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
14:37
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