Geração 65
“aquela
coisa toda”
“Aprendi que
só vale a pena
as palavras
que mudam
a cor do dia"
(Marco Polo Guimarães)
Foto: Reprodução
A Geração 65 foi um dos mais
importantes movimentos literários do país. Para o jornalista, poeta e crítico
literário César Leal, a Geração 65 é um marco irreversível na história da
cultura brasileira.
A Geração 65 foi um grupo literário
pernambucano formado originalmente na cidade de Jaboatão, por volta de 1964.
Inicialmente chamava-se Grupo de Jaboatão, passando a ser conhecido como
Geração 65 por sugestão do historiador Tadeu Rocha, que introduziu essa
denominação em um breve artigo no Diario
de Pernambuco, em Recife.
O grupo era formado, entre outros, por
Alberto da Cunha Melo (i.m.), Jaci Bezerra, José Luiz de Almeida Melo, Domingos
Alexandre, Esman Dias, Marcus Accioly, Tereza Tenório, Lucila Nogueira, Janice Japiassu,
Ângelo Monteiro, José Rodrigues de Paiva, José Carlos Targino, José Mário
Rodrigues, Sérgio Moacir de Albuquerque, Paulo Gustavo, Raimundo Carrero,
Maximiano Campos (i.m.), Cyl Gallindo (i.m.), César Leal (i.m.), Arnaldo Tobias (i.m.), Cláudio Aguiar,
Fernando Monteiro, Gladstone Vieira Belo, Lourdes Sarmento, Marco Polo Guimarães, Marcos
Cordeiro, Paulo Bruscky, Roberto Aguiar, Sebastião Vila Nova, Sérgio Bernardo,
Almir Castro Barros, Laércio Vasconcelos, Tarcísio Meira César, Severino Figueira.
A efervescência do movimento se dará
com as “Edições Pirata”, movimento liderado pelos poetas do grupo de Jaboatão,
Alberto da Cunha Melo e Jaci Bezerra, e a escritora Eugênia Menezes. Conforme
depoimento de Eugênia, registrado no “Livro
dos Trinta Anos” (1995), faziam
parte do grupo inicial: Maria do Carmo de Oliveira, Nilza Lisboa, Amarindo
Martins de Oliveira, Andréa Mota, Vernaide Wanderlei, Ednaldo Gomes, Myriam
Brindeiro e Celina de Holanda.
Depoimentos*
“A
Geração 65 é um marco irreversível na história da cultura brasileira”
César Leal
“[...]
enquanto trabalhadores intelectuais, éramos crentes, em primeiro lugar, em que
concepções ideológicas, religiosas, políticas eram bem vindas, eram respeitadas
e mesmo desejadas, mas eram secundárias à beleza e à verdade. [...] esse traço
é talvez a principal razão do pluralismo político ideológico ‘stricto sensu’ de
todos que integram a Geração”
Roberto
Aguiar
“A minha Geração foi meu 'ponto de inserção no mundo', para
usar uma expressão de Teilhard de Chardin [...] a troca de informações e experiência,
nem sempre compreendida em seu justo valor e em seu inevitável tumulto, fazia
parte de uma certa maneira de viver que não mais se repetiu. [...] Se há uma
característica que pode ser apontada como uma constante em nossa geração, esta
vem a ser antes a diversidade de pressupostos estéticos que a homogeneidade de
princípios que comumente costumam diferenciar um geração de outra”
Ângelo
Monteiro
“Não estávamos entre aqueles que ainda classificam os seres
humanos em nobres e plebeus, prática e modo de pensar tão persistente neste
Brasil tão oligárquico e pré-iluminista, principalmente entre os nordestinos
ciosos de nomes de família. [...] E é por isso, por sermos povo, que, na nossa
arte, o povo nunca foi visto nem tratado como algo exótico, pitoresco e
engraçado”
Sebastião Vila Nova
Sebastião Vila Nova
“O fenômeno de surgimento da Geração 65, (pelas mãos de César
Leal), foi um paradoxo histórico de caráter democrático. No momento em que as
oligarquias uniam-se aos militares para interromper todo um processo que visava
a uma maior distribuição de renda no País, não foram os filhos dessas
oligarquias os contemplados com espaço nos jornais e na UFPE. Mas o paradoxo é
aparente. 64 não foi 68, quando a ditadura tirou a máscara e botou o capuz. O
Brasil é muito grande e eles precisaram de quatro anos para sufocar, mesmo, o
que havia de melhor na cultura brasileira”
Alberto da Cunha Melo
Alberto da Cunha Melo
“Quando o Grupo de Jaboatão — Alberto da Cunha Melo, Domingos
Alexandre, Jaci Bezerra e José Luís de Almeida Melo — aportou nas páginas do
Diario de Pernambuco (1966), sob a entusiástica tutela do grande poeta e
crítico brasileiro César Leal, outros escritores já haviam merecido a acolhida
do Mestre. Como na formação de uma onda que precisa de dois fluxos para se
formar — o impulso de retorno e o de chegada — estes se somariam a um processo
aglutinador contínuo de convivência e produção literária que desaguava também
nas páginas mimeografadas das antologias de Elói Editor (1967). São essas
publicações recebidas com incomum euforia, pela crítica pernambucana e pelo
público em geral, que levariam o geógrafo e historiador Tadeu Rocha a registrar
o aparecimento da "[..] mais nova geração literária da metrópole do
Nordeste", e a nomeou de Geração 65. O IMC presta também, nestas páginas,
uma homenagem à sensibilidade desses intelectuais, somando a esse trio o
exemplo maior de convivência fraterna, com todos da Geração 65, que foi a
grande poetisa pernambucana Celina de Holanda”
Antônio Campos
Antônio Campos
*Fonte: IMC –
Instituto Maximiano Campos – Geração 65 da Literatura Pernambucana
Geração 65
Reviewed by Natanael Lima Jr
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21:51
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