ARMADURA, ESCUDO, ESPADA
Publicado em 16/12/2019 por Revista algomais
Por
Paulo Caldas*
Em
“Poemas Recifenses” Valmir Jordão celebra a liturgia da cidade. E o Recife não
é qualquer cidade e nem Valmir Jordão é qualquer poeta. O Recife é sim roubada
das águas, solo de sal e lama. Jordão, um cavaleiro quixotesco, armadura de
versos, montado em cavalos marinhos, impondo o escudo do olhar crítico,
empunhando o lápis, a viril espada da sua verve.
Por
entre ruas e becos, templos e bares desses santos bairros ilhados, Valmir
cavalga sobre pedras pisadas por passistas, diante das palafitas de um povo
caranguejo, entre os lamentos sonoros das alfaias, saídos das paredes que,
olhos abertos, ocultam os mortos, assombram os vivos. E por este burgo o poeta
tem passe livre: Saudade, Amizade, União, Imperatriz e Imperador; observa,
verseja e posta: “pedintes pobres e pretos”, no sabor do realismo ácido.
Ele
vai ao lírico “deslumbrado entre beijos e no deleite de corpos que se buscam,
após a ponte giratória” e volta ao épico em críticas ao social sob a ótica de
Bashô: “sem massa nem tapioca, o que rola são picadas de muriçoca”. Em vários
trechos o poeta paga tributo ao Capibaribe, rio tatuado em poesia gravada na
pele, no peito e na alma recifense.
O livro tem o selo da editora Escalafobética,
diagramação e edição de Eduardo Nascimento Júnior, imagens de contracapa de
Elimar Pereira, ilustrações Tony Braga e impressão gráfica da Editora Babeco.
*Paulo Caldas é
escritor
ARMADURA, ESCUDO, ESPADA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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