A POESIA (MARGINAL) PERNAMBUCANA DOS ANOS 80*
Por Natanael
Lima Jr.*
Lara, Valmir, Erickson,
Espinhara e Samuca
Foi um movimento sociocultural brasileiro
que ocorreu após a Tropicália, durante a década de 1970, em função da censura
imposta pela ditadura militar, que levou intelectuais, professores
universitários, escritores, poetas e artistas em geral, em todo o país, a buscarem
meios alternativos de difusão cultural.
Sua produção literária não foi aceita
por grandes editoras, pelo menos até 1975, quando a editora Brasiliense
publicou o livro "26 Poetas Hoje". Por estar à margem do circuito
editorial estabelecido, sua poesia foi denominada poesia marginal. A produção
artística desta geração igualmente não circulava em tradicionais galerias e
livrarias. A geração mimeógrafo como era também conhecida, se expressou através
da música, do cinema, das artes plásticas, da dramaturgia, sendo a sua produção
poética a mais difundida.
No Recife, no início da década de 80, o
movimento ganhou fôlego com “os escritores independentes”. Encabeçado por poetas
e escritores que fugiam aos padrões da época, lançavam seus livros em praças
públicas, faziam recitais na rua, editavam jornais alternativos e publicavam
fanzines para serem vendidos de “mão em mão”, em bares, universidades, praças e
becos da cidade.
Cinco poetas marcaram a cena alternativa/marginal
do Recife: Zé de LARA e Valmir Jordão,
em plena FORMA pulsante; e os já falecidos: Erickson Luna, Francisco Espinhara e Samuca Santos.
“Marginal é
quem escreve à margem,
deixando
branca a página
para que a
paisagem passe
e deixe tudo
claro à sua passagem.
Marginal,
escrever na entrelinha,
sem nunca
saber direito
quem veio
primeiro,
o ovo ou a
galinha”.
(Paulo
Leminski)
*Natanael
Lima Jr.
é poeta, editor do DCP e da Imagética Edições
(Edição, pesquisa e seleção dos poemas)
POEMAS DE ZÉ DE LARA, VALMIR JORDÃO, ERICKSON
LUNA, FRANCISCO ESPINHARA E SAMUCA SANTOS
VÃ GOGA
Zé de LARA
e eu assim
tão inflado
tão
egônico
epigônico
agônico...
e o meio assim
tão rizômico
tão
randômico
atômico
prodrômico
babilônico
MUNDO
Valmir Jordão
Novo mundo
Mundo
Sub mundo
Mundo
In mundo!
MARIPOSA
Erickson Luna
Pra eu poder
e só
andar nas ruas
fez-se em
volta uma cidade
Para se dar
mais colorido
à noite
pôs-se acima
um luminoso
E pra que eu
me sinta bem
enfim
nesta cidade
há-se em mim um
cidadão
Portanto livre
como o que é
em noite
e que enche as
ruas
perseguindo
luzes
acordando
ainda que em
sonhos
íntegro
ainda que
meio-homem
plenamente
meio
mariposa
PERISPIRITUAL
Francisco
Espinhara
A gente muda
Se transmuda
ao além.
Pega de um bonde
Sem lá nem
onde
Sem proust nem
pound
Sem nenhum
vintém.
A gente muda
Dizendo muito
bem
Nenhuma
bagagem
Nenhuma
linguagem
Na treva do
trem.
RE.VISÃO
Samuca Santos
Nada de pena
De sísifo
E sua pedra
Ladeira acima
Do alto
.Vê-la rolando
Ladeira abaixo
É seu
aprendizado
: todo dia
nasce
Um novo dia
E a vida
Não é só
mitologia
A POESIA (MARGINAL) PERNAMBUCANA DOS ANOS 80*
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01:29
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Sinceramente agradecido.
ResponderExcluirVc é inesquecível 😍
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