SOPHIA FAZ 100 ANOS
Por
José Rodrigues de Paiva*
Sophia de Mello I
Foto: Reprodução
Principalmente poeta, mas não só, SOPHIA
DE MELLO BREYNER ANDRESEN figura entre os mais importantes nomes da poesia
de língua portuguesa do século XX. Nasceu no Porto, em 6 de novembro de 1919,
e, aos 84 anos, faleceu em Lisboa em 2 de julho de 2004.
O seu nome parece indicar uma certa predestinação - em grego, Sophia
significa sabedoria – além de identificar as origens numa velha aristocracia
portuguesa e europeia, sendo Mello o patronímico de família cujas origens
remontam ao tempo da fundação do reino, e Breyner oriundo de antiga nobreza
austríaca. Quanto ao Andresen, veio de um avô dinamarquês, navegador que,
segundo consta, certo dia atracou o seu navio no Porto e nunca mais deixou a
cidade invicta, ali constituindo família, fazendo fortuna, construindo casas e
palacetes. Viria a dar origem a uma certa lenda familiar, quase uma
“mitologia”.
Sophia viveu a infância na Quinta da Boa Vista, no Porto (hoje jardim
botânico), propriedade que veio desse avô lendário. Na juventude transferiu-se
para Lisboa, onde estudou Filologia Clássica sem, contudo, concluir o curso.
Casou-se com o advogado, jornalista e político Francisco Sousa Tavares,
personalidade de alto destaque, e com ele teve cinco filhos.
A sua vasta obra é sobretudo poética (cerca de vinte livros de poemas),
mas também publicou livros de contos, escreveu para o teatro, produziu e
publicou ensaios (entre eles, O nu na antiguidade clássica) principalmente
voltados para autores e temas literários. Criou literatura infanto-juvenil e
fez traduções de obras de Dante (“O Purgatório”), de Shakespeare (“Hamlet” e
“Muito barulho por nada”), de Eurípedes (“Medéia”), de Paul Claudel (“A
anunciação de Maria”) e de várias outras obras de autores diversos.
Participou ativamente de associações culturais e de escritores com
intervenção na vida social e política portuguesa. Pertenceu à Academia das
Ciências de Lisboa. Recebeu várias homenagens, entre as quais, condecorações de
Estado e título de doutor honoris causa concedido pela Universidade de Aveiro,
e foi distinguida com vários prêmios literários nacionais e internacionais,
como o Prêmio Camões de Literatura (em 1999) e o Prêmio Rainha Sofia de Poesia
Ibero-americana (em 2003), entre muitos outros.
Em 1975 foi eleita para a Assembleia Constituinte. Tem a sua imagem
representada em estátuas de autoria de escultores famosos e o seu nome dado a
logradouros públicos. Em 2014 os seus restos mortais foram trasladados para o
Panteão Nacional.
* * *
“Meu coração busca as palavras do estio
Busca o estio prometido das palavras”
Busca o estio prometido das palavras”
*José Rodrigues de Paiva é escritor, ensaísta, poeta. Nasceu em Coimbra, Portugal, em 1945. Aos
cinco anos veio com a família para o Recife, onde vive até hoje. Bacharel em
Direito, pela Universidade Católica, fez mestrado e doutorado em Literatura
Portuguesa e, nessa disciplina, foi professor da UFPE. Fundou a revista Encontro do GPL. É presidente do
Instituto Jordão Emerenciano, onde coordena a revista Estudos Portugueses.
SOPHIA FAZ 100 ANOS
Reviewed by Natanael Lima Jr
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