ENTREVISTA EXCLUSIVA COM A ESCRITORA MARIA DE LOURDES HORTAS

Por Natanael Lima Jr – outubro 06, 2019

Foto: Arquivo DCP

Nesta entrevista, Maria de Lourdes Hortas fala com exclusividade sobre o seu novo livro, NOS BASTIDORES DA POESIA (Ensaios, Imagética Edições, 2019), que será lançado no próximo dia 10 de outubro, às 14h30, na XII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (Plataforma de Lançamentos), no Centro de Convenções, em Olinda.

Lourdes Hortas nasceu em São Vicente da Beira, Portugal, em 1940. Aos dez anos, acompanhando a família, veio para o Recife, onde vive até hoje. Começou a escrever muito cedo. Poetisa e ficcionista tem vários Prêmios, entre os quais o do Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, pelo livro “Aromas da Infância”, 1964, com que estreou. Fez parte do Conselho Editorial do Jornal Literário “Cultura & Tempo” (1981/1983), e da “Revista Pirata Edições” (1983/1984). Participou do Movimento das Edições Pirata, no Recife. Foi, durante várias gestões, diretora cultural do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, perfazendo 20 anos, onde também dirigiu a “Revista Encontro”. Atualmente faz parte do Conselho Consultivo da mesma instituição. Têm 11 livros de poesia publicados, entre os quais “Fio de lã”, “Outro corpo”, “Danças das heras”, “Fonte de pássaros”, “Rumor de vento” e a coletânea “Cantochão de Todavia”, reunidos recentemente no e-book “Poesia reunida”, Editora Panamerica, Recife, 2016. Organizou as antologias, “Palavra de mulher”, “Poesia feminina brasileira contemporânea” (1979); “A cor da onda por dentro” (poesia para crianças); e “Poetas portugueses contemporâneos”, 1985. Como ficcionista publicou os romances, “Adeus aldeia”, “Diário das chuvas” e “Caixa de retratos”, este último traduzido e publicado em Buenos Aires (2008).

DCP - De que trata o livro “Nos Bastidores da Poesia”?

MLH - Trata-se de uma reunião de textos, escritos ao longo da minha vida literária, sobre escritores brasileiros e portugueses. São apresentações de livros, algumas resenhas, artigos, comunicações em encontros e congressos literários, publicados esparsamente, em jornais, revistas, e alguns inéditos, que achei por bem reunir agora em livro, por me parecerem ter algum valor documental, sobretudo aqueles que escrevi sobre companheiros da minha geração. Há ainda um pequeno ensaio sobre Deolindo Tavares, poeta pernambucano que faleceu muito jovem, hoje esquecido por seus conterrâneos.

DCP - E os textos que se referem aos escritores portugueses?

MLH - Esses são, todos eles, sobre escritores e poetas da minha admiração. Destaco o que se refere a Sophia de Mello Breyner Andresen, que entrevistei quando eu era muito jovem, em Lisboa, num trabalho sobre a então poesia contemporânea, pesquisa que levei a cabo como Bolsista da Fundação Gulbenkian. No livro conto tudo, com detalhes.

DCP - E o título do livro? Por que “Bastidores da Poesia”?

MLH - Bem, como sou mais conhecida como poetisa, embora tenha escrito três livros de ficção, me parece que o título vai remeter para algo que faço por trás da poesia... DIGAMOS QUE, Nos bastidores da poesia, escrevo outras coisas, como essas páginas, por exemplo.

DCP - Dos textos deste livro, qual achou mais significativo? Se tivesse que escolher, qual destacaria?

MLH - Difícil dizer. Já destaquei o da Sophia Andresen. Também me referi ao do Deolindo Tavares... Acho que gostei de escrever o das Trovas de Fernando Pessoa, porque me exigiu maior intensidade, além da releitura cuidadosa da obra pessoana. Mas, na verdade, todos foram escritos, sobretudo com o sentimento de fraternidade e afinidade pelos autores, sem qualquer outro tipo de compromisso.

DCP - Com esse livro, você considera que está enveredando pelo caminho da crítica?

MLH - De modo algum. Jamais pensei nisso. São textos meramente impressionistas, anotações de leitura, sem qualquer pretensão maior. Aliás, deixei isso bem claro no prefácio.