A CONTEMPORANEIDADE E A POESIA
Por
Natanael Lima Jr.*
Imagem: Divulgação
Mal informado aquele que se declara seu próprio
contemporâneo.
Mallarmé, apud Blanchot
Antes
de tecer comentários sobre a contemporaneidade
e a poesia se faz necessário, a meu ver, estabelecer preliminarmente o
conceito de “contemporaneidade”. Não me limitarei aqui ao seu simples significado que define ser “característica, particularidade ou estado de ser contemporâneo;
qualidade de existir ao mesmo tempo, o que acontece na época presente.” Mas
sim, no tocante à literatura contemporânea, especificamente direcionada para a
poesia.
A
literatura contemporânea brasileira abrange toda a produção do final do século
XX e da primeira metade do século XXI, marcada fortemente por uma
multiplicidade de tendências e estilos. Reúne um conjunto de características
oriundas de diversas escolas literárias anteriores, uma grande mistura de
tendências que irão transformar a prosa e a poesia.
A
poesia contemporânea foi àquela produzida a partir da Semana de Arte Moderna,
ocorrida em São Paulo, em fevereiro de 1922. Para o pesquisador André Dick “A
poesia contemporânea brasileira recorre ao conceito de tradição para
estabelecer a comunicação entre tempos e autores diferentes. Ao mesmo tempo,
está inserida na busca pela criação e pela experiência – aliada à tradição e à
linguagem – que seus autores emprestam às obras. De modo geral, ela está num
plano de diálogo e de busca que incluem o sujeito e a maneira como ele se
coloca diante do mundo”.
Algumas
características marcaram fortemente todo o contexto da literatura contemporânea
brasileira, bem como toda a produção artística, entre elas citamos: Intertextualidade e metalinguagem; União da
arte erudita e popular; Prosa histórica, social e urbana; Temas cotidianos e
regionalistas; Poesia intimista, visual e marginal; Experimentalismo formal;
Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.); Formas
reduzidas (minicontos, minicrônicas, etc.).
Na
minha modestíssima opinião, o poeta curitibano Paulo Leminski é um dos nomes
mais representativos de nossa era contemporânea, que segundo muitos críticos
promove com inteligência e sensibilidade, o encontro de muitos contrários:
rigor e a emoção, a erudição e a leveza, a vanguarda e o pop. Leminski é um dos
poetas que, mesmo tento iniciado sua trajetória na década de 70, continua
influenciando fortemente a nova e a novíssima geração de poetas e escritores
brasileiros.
Acaso é este encontro
entre o tempo e o espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que eu faço?
(Paulo
Leminski)
*Natanael
Lima Jr. é poeta, editor do DCP e da Imagética Edições
A CONTEMPORANEIDADE E A POESIA
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