MAIAKÓVSKI, O POETA OPERÁRIO
Por Natanael Lima Jr.*
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski
Foto: Reprodução
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski
nasceu em julho de 1893, em Bagdádi, na Georgia. Em abril de 1930, aos 36 anos,
em Moscou, URSS, deu um ponto final a sua vida com uma bala no peito. Ficou
conhecido mundialmente como o “poeta da revolução”, mas foi, sem dúvida, um
exímio “poeta operário”, considerado um dos mais influentes do século XX, ao
lado de Ezra Pound e T.S. Eliot.
Maiakóvski foi o mais ousado renovador
da poesia russa de todos os tempos, um dos primeiros poetas a utilizar um
vocabulário urbano, cotidiano e destituído de recursos estéticos, contudo soube
utilizar brilhantemente ricas metáforas em seus poemas. Foi o poeta que
libertou o verso da rigidez estética e alargou a esfera do lirismo.
Em 1918, Maiakóvski escreve o poema O poeta-operário, “talvez ninguém como
nós ponha tanto coração no trabalho”. O poeta é um verdadeiro operário, é
aquele que trabalha a palavra, que retorci e a transforma. O poeta é um
trabalha/dor, que se entrega totalmente à sua produção, que trabalha com
dedicação e afinco a palavra. Por isso, ele tinha como opinião de que o artista
revolucionário deve encarar-se como um trabalhador, um operário das artes, “a
esculpir a tora da cabeça humana e a pescar gente viva”.
*Natanael Lima Jr. é poeta, pedagogo e editor do DCP
*Natanael Lima Jr. é poeta, pedagogo e editor do DCP
O
poeta-operário*
Grita-se ao poeta:
“Queria te ver numa fábrica!
O quê? versos? Pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem”.
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou numa fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos recomeçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras.
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!
*Coleção a Obra – Prima de Cada Autor
Maiakóvski – Vida e Poesia
Tradução dos poemas – Emílio C. Guerra
e Daniel Fresnot
Editora Martin Claret, 2006
MAIAKÓVSKI, O POETA OPERÁRIO
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Não é difícil morrer nesta vida: Viver é muito mais difícil.
ResponderExcluir(Vladimir Maiakóvski)
Verdade. Viver é muito mais difícil.
Excluir"Viver é muito perigoso"
ResponderExcluirÉ PRECISO TER MAIS CORAGEM PARA VIVER DO QUE PARA MORRER
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