DOIS POEMAS PARA CELEBRAR O NATAL
SONETO DE NATAL
José Luiz Mélo*
Não sei o por quê?...
Talvez, por ser Natal,
eu presumo um sussurro
sobre a Terra,
um vento que do mar chega
na serra,
nas folhagens soprando um
madrigal...
Talvez, por ser Natal, a
cabra berra,
neste ermo escaveirado um
musical,
que se junta aos mugidos
da bezerra,
em uma orquestração
Universal.
Então, por ser Natal, um
mundo novo,
de vestes esponsais se
mostra ao povo,
− portas abertas de uma
catedral!
Assim, porque é Natal,
nova esperança,
nascerá do vagido da
criança,
seu trono,− a manjedoura
de um curral.
22/12/2016
*O poeta José Luiz Mélo integrou a Geração 65 pernambucana. Ganhou recentemente
o Prêmio Literário da Academia Pernambucana de Letras, com Livro dos sonetos, dos
primeiros aos penúltimos.
PAPAI
FANTASIA E PAPAI BOIA FRIA
Paulo
Alexandre da Silva* (1953 – 2009)
É
Natal!
Sou
criança pobre e favelada
Não
preciso dizer que passo fome,
Sou
suja, desnutrida, barriguda e maltratada.
Esta
noite que passou eu tive um sonho,
Sonhei
com um velho de longas barbas brancas
Que
carregava um grande saco sobre as costas
Talvez
cheio de bonitos presentes.
Então,
perguntei a mim mesmo; será Papai Noel?
E
gritei, ei Papai Noel, dê-me um presente!
E
ele respondeu:
-
Não!
-
Crianças pobres não ganham presentes,
só
se um dia, seu pai tornar-se rico e ‘decente’.
Mas
acordei, foi apenas um sonho; voltei à realidade,
E
tentei esquecer o velho Papai Fantasia.
Porque
naquele instante, sentado ao meu lado, na cama,
Estava
o meu jovem papai boia-fria.
*O
poeta Paulo Alexandre da Silva nasceu em Alagoas e faleceu em 2009, no Cabo de Santo Agostinho (PE), publicou um único livro “Ainda
batem nossos corações”.
DOIS POEMAS PARA CELEBRAR O NATAL
Reviewed by Natanael Lima Jr
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21:59
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