QUATRO POETAS DA GERAÇÃO MIMEÓGRÁFO OU MARGINAL
Por
Natanael Lima Jr.
O DCP
traz nesta edição quatro poetas significativos da Poesia Marginal ou Geração
Mimeógrafo, movimento literário brasileiro que ocorreu nas décadas de 70 e 80,
em função da censura imposta pela ditadura civil-militar. A principal
característica do gênero foi a substituição dos meios tradicionais de
circulação e venda dos livros (editoras e livrarias), por meios alternativos - pequenas tiragens com cópias mimeografadas comercializadas e vendidas de mão em
mão.
RÁPIDO E RASTEIRO
Chacal
vai
ter uma festa
que eu
vou dançar
até o
sapato pedir pra parar.
aí eu
paro, tiro o sapato
e
danço o resto da vida
JOGOS FLORAIS
Cacaso
Minha
terra tem palmeiras
onde
canta o tico-tico.
Enquanto
isso o sabiá
vive
comendo o meu fubá.
Ficou
moderno o Brasil
ficou
moderno o milagre:
a água
já não vira vinho,
vira
direto vinagre.
Minha
terra tem Palmares
memória
cala-te já.
Peço
licença poética
Belém
capital Pará.
Bem,
meus prezados senhores
dado o
avançado da hora
errata
e efeitos do vinho
o
poeta sai de fininho.
(será
mesmo com dois esses
que se
escreve paçarinho?)
COGITO
Torquato
neto
eu sou
como eu sou
pronome
pessoal
intransferível
do
homem que iniciei
na
medida do impossível
eu sou
como eu sou
agora
sem
grandes segredos dantes
sem
novos secretos dentes
nesta
hora
eu sou
como eu sou
presente
desferrolhado
indecente
feito
um pedaço de mim
eu sou
como eu sou
vidente
e vivo
tranquilamente
todas
as horas do fim.
AMOR BASTANTE
Paulo
Leminski
quando
eu vi você
tive
uma ideia brilhante
foi
como se eu olhasse
de
dentro de um diamante
e meu
olho ganhasse
mil
faces num só instante
basta
um instante
e você
tem amor bastante
QUATRO POETAS DA GERAÇÃO MIMEÓGRÁFO OU MARGINAL
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