UM “REI” SEM REGALIAS
por
Ivan Marinho*
Ivan
Marinho / Foto: reprodução
Até por seus milagres, Jesus Cristo
despojou-se de poder, atribuindo aos que alcançavam as graças, o mérito da fé.
Numa sociedade de castas extremamente segregacionistas, lavou os pés de homens
simples que o seguiam e declarou abertamente que viera em função dos pecadores.
Rejeitou fronteiras, abraçando filhos do império romano e rechaçou símbolos do
poder, como as moedas de César. Mas ao negar a matéria manufaturada, fez
questão de afirmar que tudo além das invenções do imperador era de todos, pois
de Deus, Nosso Pai.
Jesus é o maior símbolo antipoder de
toda humanidade. Profetizado e anunciado como filho de Deus e de um povo
“escravizado”, depois de ser transportado no ventre da mãe, sobre o lombo de um
jumento conduzido por um pai adotivo em fuga, nasceu numa estrebaria.
Cresceu no anonimato, como ajudante
numa carpintaria e tornou-se público após trinta anos de idade, vivendo e
falando com simplicidade suas boas-novas, que resumiam todas as leis absolutas
a duas: Amar o Amor sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Sofreu todas as angústias dos mortais,
foi traído, negado, humilhado, desprezado, abandonado... Assassinado nu, numa
cruz, entre dois ladrões...
Mas, quando a cortina negra da noite
se fechava sobre a humanidade, fez-se luz!
DA
CRUZ
A carne provada na essência,
O cheiro, o sabor, o olhar,
As falas, como os sons e os toques,
Além de intenções e desejos.
O mundo tão fácil à frente,
Com seus frutos, o sol e o mar.
Castelos, tesouros e terras
E o cio a serviço do poder.
Profundo é o olhar no deserto,
Na luz que cega de cortante,
Sem poder voltar quando sabe
Do tanto que já caminhou.
E quando com as luzes se apaga
A fé que desfaz delirante
Na vida que foge com o ar,
Cai do ninho o amor desprezado
Mas
na queda, aprende a voar.
*Ivan
Marinho é economista da cultura, artista plástico, escritor, membro da Academia Cabense de Letras
UM “REI” SEM REGALIAS
Reviewed by Natanael Lima Jr
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