DE CARA COM A POESIA DE MALUNGO
Três poemas de Malungo
Malungo / Foto: reprodução
O POVO DAS PONTES*
viadutos, arcos escuros
lama, rios fedorentos
lama, rios fedorentos
mães de família invisíveis
barcos famintos
bolsões de miséria
barcos famintos
bolsões de miséria
sorrisos-crinças
aratus nos sinais
aratus nos sinais
pratos de fome
gosto de maré
meninos sambudos
gosto de maré
meninos sambudos
cidadãos-esperança
velhos pescadores do nada
velhos pescadores do nada
embaixo das pontes
moradias suspensas
distantes dos nossos olhos
moradias suspensas
distantes dos nossos olhos
*Do livro
‘DIGITAIS’, primeiro livro 100% digital de Pernambuco
PRAIAS ACESAS*
estátuas
de fogo,
altares
flamejantes
fé
táctil como rocha:
a
cada onda fraturada
vejo
Iemanjá
na
pele da praia
igrejas
ao coco
santificando
o
peixe pescado
no
andor,
santos
cansados
do
arrepio
do
dia a dia
crianças
profanas
invadem
o templo
dos
pássaros de sal
bolas
de festa
colorindo
as cruzes
e
a alma do Cristo (...)
*Do livro
‘DIGITAIS’, primeiro livro 100% digital de Pernambuco
CARROCEIRO
TRANSCENDENTAL
Lá
em Peixinhos,
a arte mora na favela.
As bandas, o lixo no Beberibe:
é o Groove suburbano!
Goiamuns plugados
se esbarram nas vielas.
Todas as orelhas do mundo
viradas pra Recife.
Só aqui, não se ouve
o novo som pernambucano.
a arte mora na favela.
As bandas, o lixo no Beberibe:
é o Groove suburbano!
Goiamuns plugados
se esbarram nas vielas.
Todas as orelhas do mundo
viradas pra Recife.
Só aqui, não se ouve
o novo som pernambucano.
A
luz do sol se reflete
nas águas sujas do rio
(nos zincos dos barracões).
Urubus dão rasantes
nas montanhas de lixo.
Nas carroças, ferro velho,
tralhas e papelões.
Carne de rato,
pés sujos nos telhados
da consciência.
Mocambos, almas encardidas
e balas perdidas sem clemência.
nas águas sujas do rio
(nos zincos dos barracões).
Urubus dão rasantes
nas montanhas de lixo.
Nas carroças, ferro velho,
tralhas e papelões.
Carne de rato,
pés sujos nos telhados
da consciência.
Mocambos, almas encardidas
e balas perdidas sem clemência.
Geladeiras
incandescentes
iluminam a tua cozinha.
Paredes transparentes
revelam as terceiras intenções.
Coloque o plugue e peça linha.
Viaje chutado; num burro sem rabo
rumo a outras dimensões.
iluminam a tua cozinha.
Paredes transparentes
revelam as terceiras intenções.
Coloque o plugue e peça linha.
Viaje chutado; num burro sem rabo
rumo a outras dimensões.
DE CARA COM A POESIA DE MALUNGO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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07:00
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