POETA DO DOMINGO
A
poesia de Ivan Marinho*
Foto: Divulgação
A BARCA DA
JUVENTUDE
Num
barco, sem direção,
Navegando
a juventude,
Tendo
a terra na sua mão,
Com
toda razão se ilude.
Resiste
à correnteza,
Iça
as velas contra o mar,
Pra
cada dia uma certeza,
Mas
nenhuma onde ancorar.
O
mar impõe a presença,
O
norte é para onde olhar,
Não
existe o que é ausência
E
o futuro é só mais mar.
Por
ser a tripulação,
São
todos, não é nenhum,
O
porto é seu coração
Por
isso que é tão comum
Não
querer pisar no chão.
SERENA IDADE
Costurar
longos caminhos
Com
linhas da paciência,
Desvendar
nos pergaminhos
Segredos
da inconsciência.
Navegar
pelas estrelas
Mares
antes nunca vistos
E
no mapa do céu lê-las,
Revelando
seus escritos.
Aportar
nas cachoeiras
Do
fim do mundo e seguir,
Sem
enxergar nos abismos
O
início de qualquer fim.
Se
há menos força, mais forte,
Os
vinhos têm mais sabor,
A
dor cicatriza o corte
E
reencontra o calor,
Tal
quem regressa da morte.
BARROQUILHAS
Nas
madrugadas insones
Sinto
o tropel de chegada,
Sem
ordem, desarrumadas,
De
palavras, letras, nomes.
Balançam,
saltam, deslocam
Sem
ritmo ou direção
E
de tanta inquietação
Algo
parece que evocam.
Todas
de tanto maduras
Encontram-se
a se encaixar,
Assim
como a despertar
Do
sonho que se inaugura.
Conjuminado-se
o ensejo
Com
nosso anseio ancestral,
Nivelando
ao animal
Nosso
instintivo desejo.
E
preterindo o futuro,
Faz
da noite a luz do dia
Gira
a esfera, por magia,
E
amolece o papel duro.
Pois
o papel do poeta
É
deixar claro o escuro.
Ivan
Marinho
de Barros Filho nasceu em Maceió, Alagoas, e teve sua formação na
Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como educador e economista respectivamente. Ainda adolescente, subiu em
palanques, com recitais de poesia, na luta por eleições diretas e pela anistia
política nos tempos da ditadura militar, militância cultural que lhe custou uma
suspensão na UFPE. Quando diretor do departamento de cultura da cidade do Cabo
de Stº Agostinho, em meados da década de 1990, criou os Encontro Celina de
Holanda de Poetas Recitadores e o Encontro Pernambucano de Coco de Roda.
Norteado pelo desejo de participação ativa da sociedade sobre seus destinos
políticos, criou o primeiro Conselho de Cultura do interior do estado de
Pernambuco. Elaborou e coordenou, com a poeta Cida Pedrosa, o RECITATA
(Concurso de Poesia Oral do Recife) e foi selecionado para várias coletâneas
promovidas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco – SINTEPE
-, pela Editora Scortecci. Foi um dos vencedores do Prêmio Bandepe: Valor
Pernambucano, venceu o Festival Jaci Bezerra de Poesia, do Centro de Estudos
Superiores de Maceió e o Prêmio Patativa do Assaré do Ministério da Cultura.
Sua pintura percorreu escolas públicas, igrejas, restaurantes, feiras,
Assembléia Legislativa, Câmaras municipais, CEASA... e até praças públicas,
como a promovida Prefeitura do Cabo na Praça Marcos Freire e pela Prefeitura do
Recife, no Largo do Livramento, com participação de ícones da música
pernambucana, como Maciel Melo, Mestre Salustiano, Fernando Filizola, Alan
Sales e Ronaldo Aboiador. Em 2009 recebeu o título de cidadão cabense e em 2010
se tornou o primeiro presidente da Federação dos Bacamarteiros de Pernambuco -
FEBAPE. Publicou, no ano 2000, o livro Anti-horário e participou como convidado
das antologias Poesias e Crônicas de uma Terra de 500 anos, da Prefeitura do
Cabo, da coleção Marginal Recife, da Prefeitura do Recife e da Pernambuco:
Terra da Poesia, da Editora Carpe Diem. É membro da Galeria dos Mortais e da
Academia Cabense de Letras.
POETA DO DOMINGO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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18:12
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Sublimes poesias em rimas e versos de um grande porta. Parabéns! Justa homenagem do DCP.
ResponderExcluirSublimes poesias em rimas e versos de um grande porta. Parabéns! Justa homenagem do DCP.
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