CONTO DO DOMINGO

Os óculos (conto) de Frederico Spencer


 Img: Reprodução


Junto com o fim da tarde cruzou a porta da sala, assim, mais um dia se encerrava em sua casa. Jogou-se no sofá. Dali só se moveria quando se acumulasse alguma energia no seu corpo. Enfim mais um dia havia acabado. Primeira coisa a fazer naquele instante era livrar-se dos óculos, naquela hora lhe pesavam mais que todo o cansaço que retalhava seu corpo. Precisava se esquecer daquele dia e de tudo que estava impregnado em suas lentes.

Fazia força, queria enxergar o mundo como todos enxergavam, por mais que tentasse não conseguia entender esse mal estar - essa indignação. Queria que a cegueira o torna-se débil de seu tempo – malditos óculos que aumentavam o tamanho do mundo.

Todos os dias pensava em deixá-los em casa, sair pelas ruas e se perder no meio da multidão, levado como todos naquela dança das horas e chegar leve em sua casa. Passar pela porta da sala e sentir-se como uma criança.

Com o nascer do dia – alheia, sua valise o espera deitada sobre a cadeira, aguardando ganhar as ruas e multiplicar os sonhos do seu patrão.
CONTO DO DOMINGO CONTO DO DOMINGO Reviewed by Natanael Lima Jr on 10:17 Rating: 5

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