O Conto da Semana
Trezentos e
sessenta (conto) de Ducabellaflor*
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Reprodução
Em alfa, gritou a mulher em cento e oitenta graus.
Um fluxo de elétrons expurgara-se de si como um líquido poroso desconhecido.
Não sabia a origem daquele sortilégio todo que sentia, contudo palpitava, batia
e pulsava liberdade. Delirava e tudo parecia muito geométrico. Desfrutava do
prazer incógnito daquele instante. Inalava a visão e acabara por ingerir a
exegese de si. Somara, agora, quarenta e cinco graus do quadrado que antes
habitara-lhe e percebera que transpirava a oitenta. O triângulo não lhe
enquadrara e tudo estava caótico demais. Desvairada, ora somava, ora subtraía e
tudo era divisão. Resolveu então multiplicar o que nela, ainda, encontrara-se
íntegro. O alento foi-se transformando em momento e começou a jovem mulher
falar Grego. Dizia, confusa, que se chamava Beta, e, a partir daí, foi,
ecumenicamente, transformando-se num helênico espetáculo matemático, cuja
plateia era sua própria figura. Tudo nesse momento era forma e ela representava
algebricamente seus impulsos. Exausta, do tangente espetáculo armorial,
resolveu calcular o cosseno fracionário da sanidade sua: somou cento e oitenta,
multiplicou-se por dois e resolveu tomar ao ponto de partida, pois tudo é
elíptico. Fecharam as cortinas. Palmas.
*Ducabellaflor é contista,
poeta, cantora e licenciada em Letras.
O Conto da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
07:02
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parabéns amiga da arte ,lais vc como sempre mostrando suas palavras como uma poeta brasileira adoro muito seus contos poemas estou apoiando sua generosa como poeta da literatura brasileira muita fé abraços fraterno do artista marcelo barbosa.
ResponderExcluirParabéns!! Belo conto, matematicamente correto.
ResponderExcluirBelo conto!
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